MELHORIAS NA QUALIDADE DO SONO ENTRE ACADÊMICOS DO CURSO DE MEDICINA

  • Autor
  • Fabio Luiz Fully Teixeira
  • Co-autores
  • ALMEIDA, Amanda Batista de , VALLADÃO, Caroline Smarzaro Pacheco , FERREIRA, Raphaela Henriques
  • Resumo
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    INTRODUÇÃO

     

                A graduação em Medicina possui uma carga horária extenuante, a qual engloba atividades e uma grade curricular extensas. Atualmente, a qualidade do sono é um fator que tem sido abordado com maior preocupação, uma vez que os distúrbios envolvidos e outros males do sono, mostram-se mais recorrentes em nosso cotidiano. Tal fato está intimamente relacionado aos fatores estressantes aos quais esses grupos são submetidos. Ademais, o uso exagerado de aparelhos eletrônicos, dieta inadequada, pratica de exercícios demasiada, entre outros fatores, também são contribuintes na piora da manutenção do sono. Visto isso, com o objetivo elucidar melhorias que impactam no sono, a presente obra pauta-se em explorar o seguinte tema: “Melhorias na qualidade do sono entre acadêmicos do curso de Medicina”. 

     

     

    MATERIAL E MÉTODOS

     

    Para a confecção desse trabalho foi utilizado o método dedutivo no viés revisional qualitativo. Foram analisados os artigos encontrados nos canais “Pubmed” e “Scielo” que se encontraram como base para a realização de uma obra de revisão de literatura. Os artigos utilizados como fonte foram encontrados com a busca dos seguintes termos: “qualidade do sono; privação do sono; estudantes/acadêmicos de medicina e qualidade de vida. ” A intenção dessa obra é evidenciar os métodos utilizados para conseguir adequar um ciclo de sono e burlar os males que a restrição deste pode causar no indivíduo.

     

     

    DESENVOLVIMENTO

               

                O ritmo circadiano do ciclo sono-vigília, sincroniza fatores ambientais e oscilações no período de 24 horas. As regulações endógenas são comandadas por estrutura neural localizada no hipotálamo, o núcleo supraquiasmático, considerado o relógio biológico. O ciclo claro-escuro e os fatores endógenos tendem a harmonizar o ciclo sono-vigília em um ritmo regular, durante um período de 24 horas. Entretanto, as demandas de atividades diárias podem agir antagonicamente, gerando uma tendência de redução do sono e conciliação do ciclo sono-vigília em um padrão diferente do ciclo claro-escuro. (CARDOSO et al, 2009)

                Uma noite normal de sono possui, em média, 8 horas, englobando 4 a 5 ciclos, alternando 2 estágios: sono NREM (“No Rapid Eye Moviments”) e sono REM (“Rapid Eye Moviments” ou movimento rápido dos olhos). O sono NREM é subdivido em três estágios, os quais representam progressivamente a profundidade do sono, com maior limiar para despertar, variando entre o cochilo leve ao sono profundo e compreende ¾ do tempo que dormimos: sono leve etapa 1 é uma fase transitória e curta; sono leve etapa 2 compreende ondas cerebrais de maior amplitude e menor frequência, na qual o corpo está relaxado; etapa 3 ou sono profundo, possui ondas cerebrais lentas de grande amplitude, permanecemos menos sensíveis aos barulhos externos e os músculos estão relaxados, a mente se desliga e possui sonho, porém não conseguimos lembrar e são mais simples que os do sono REM. O sono REM constitui a última fase, a qual aumenta a cada ciclo, promove os sonhos, relaxamento muscular com atonia, a ativação cerebral retorna à mesma intensidade do estado de vigília. Apesar de curta duração, o sono REM promove a consolidação da memória ao ativar a plasticidade neural. (NETO; TAKAYANAGUI, 2013)

                Estudos comprovam a importante relação entre a privação do sono e déficits neurocognitivos, como lapsos de memória, restrições cognitivas e irritabilidade, além do impacto negativo sobre o sistema endócrino e metabólico, diminuindo, de forma geral, a qualidade de vida do indivíduo. A privação provoca queda da produtividade, aprendizagem e concentração, além de desmotivação, sonolência diurna excessiva, prejuízo da saúde geral e equilíbrio pessoal. (COUTO; SARDINHA; LEMOS, 2018)

                Dentre os distúrbios do sono, a sonolência excessiva diurna e a insônia foram identificadas como os problemas mais comuns relatados pelos acadêmicos do curso de Medicina. Essas alterações são provocadas ao não se alcançar o quantitativo de horas de sono essenciais à restauração das atividades. Na privação do sono, mesmo que parcial, os déficits neurocognitivos são atribuídos a redução do fluxo sanguíneo cerebral e metabolismo no tálamo e córtices pré-frontal e parietal. (FRASSON, 2014)

                Visando a promoção de sua qualidade, a higiene do sono tem como objetivo evitar comportamentos e/ou aliviar condições incompatíveis com o sono reparador, além de estabelecer um hábito regular de sono. Sendo assim, a higiene do sono pode ser descrita como medidas auxiliadoras para que o indivíduo tenha uma boa noite de sono e evite episódios de insônia recorrentes. Dentre os fatores envolvidos, pode-se citar o estabelecimento de um horário regular para adormecer e despertar, evitando permanecer horas a mais na cama até mesmo quando convém como em finais de semana e feriados. Sendo assim, é importante que a cama seja utilizada somente para prática sexual e para a hora de dormir, evitando seu uso persistente e consequente “acomodação” do corpo com aquele ambiente. (JULIANO, 2013)

                Para evitar que o sono seja perdido, é fundamental que não haja a exposição do indivíduo à altos ruídos pois estes podem quebrar o ciclo de sono ou dificultar o adormecimento. A temperatura ideal do quarto auxilia na promoção do sono, pois calor ou o frio excessivo ocasionam estresse, portanto é importante que a temperatura do cômodo esteja regulada em aproximadamente entre 17 e 27 graus celsius, sendo abaixo ou acima disso prejudicial para o ciclo do sono. A exposição solar natural pode ser um fator excelente para estabilizar um ciclo biológico adequado, porém, durante a noite, as luzes artificiais podem prejudicar, sendo recomendado o uso de cortinas nas janelas para evitar que, durante a noite, as luzes da cidade deixem o quarto menos escuro do que o necessário. Adicionalmente, é desaconselhada a ingestão de bebidas e substâncias estimulantes, tais como cafeína, nicotina, refrigerantes, chimarrão, alguns tipos de chás e bebidas com teor alcóolico durante as 4-6 horas que sucedem o sono, é importante ressaltar que não se deve exagerar no uso destes também durante o decorrer do dia. (CARDOSO, 2009)

                Praticar atividades físicas em horário e intensidade adequada podem ajudar na regulação do sono, no entanto devem ser evitadas próximas ao horário estipulado para dormir. A ingestão de comidas gordurosas ou com alto nível proteico podem causar insônia, com isso, é importante criar um horário para o jantar que seja horas antes do de adormecer para que a digestão possa ocorrer plenamente e dar preferência a alimentos leves, pois ficar sem se alimentar também pode causar episódios de insônia. Ainda assim, após o jantar, a pessoa pode optar por praticar alguma prática relaxante como ouvir músicas calmas, relaxamento respiratório, ler livros ou meditação. (FERREIRA; KLUTHCOVSKY; CORDEIRO, 2016)

                Afastar práticas que possam limitar a sonolência como o estresse, uso de dispositivos eletrônicos, esforço mental e físico excessivos próximos ao horário de dormir. Em relação aos aparelhos eletrônicos, é importante que durante a noite evite seu uso para filmes/jogos de ação ou terror. Tomar banhos quentes para o relaxamento do corpo pode ser uma medida eficaz para o auxílio do relaxamento muscular e da manutenção da sonolência. Se a pessoa deitar na cama para dormir e dentro de 20 minutos não conseguir, recomenda-se que ela levante, vá para outro cômodo e pratique uma atividade relaxante para somente depois retornar para a cama e tentar adormecer novamente. (CARDOSO, 2009)

                No entanto, quando a prática da higiene do sono não é eficaz na melhora da qualidade do sono, é indicado o uso de outros meios não farmacológicos, dentre elas estão a terapia de controle de estímulos, terapia de restrição de sono e terapia de relaxamento e de biofeedback. A Terapia de Controle de Estímulos (TCE), propõe duas regras, a primeira indica que o paciente deve ir para a cama apenas quando estiver sonolento, enquanto a segunda instrui o paciente a não ficar frustrado com o fato de ter dificuldades para dormir e, caso haja insucesso após vinte minutos, deve levantar-se, ir para outro aposento da casa e realizar atividades tranquilizadoras até que a sonolência retorne. (BRASIL, 2016)

                Pessoas com insônia frequentemente buscam recuperar o sono perdido se deitando para dormir mais cedo ou mantendo-se acordados na cama após despertarem pela manhã. No entanto, esse tempo excedente no leito aumenta o estado de alerta que, por sua vez, intensifica sua frustração. A terapia de restrição de sono propõe que o indivíduo fique somente na cama durante o tempo em que esteja, efetivamente, dormindo. (BRASIL, 2016)

                Terapias de relaxamento e de biofeedback possuem como objetivo promover o relaxamento, visando diminuir o estimulo cognitivo e fisiológico que atrapalha dormir. Já a fototerapia visa aumentar o estado de alerta através de estímulo luminoso, pelo posicionamento de uma caixa de luz com potência de 2.500 a 10.000 lux a 90 cm de distância, ao nível dos olhos, o tempo de exposição a essa luz pode variar de 30 minutos a 2 horas dependendo da potência da luz. O horário em que deve ser realizada depende da intenção da terapia. (BRASIL, 2016)

                A emissão de radiação com baixo comprimento de onda, no caso a radiação azul-violeta da luz LED emitida por dispositivos digitais, como tablets, computadores e smartphones podem influenciar o ritmo circadiano ao afetar a liberação natural de melatonina, hormônio envolvido no ciclo sono-vigília. A exposição a esta luminosidade suprime os níveis de melatonina, gerando, assim, uma redução da sonolência, aumento do estado de alerta e interferência no sono, que culminam com uma piora na qualidade de sono. (SILVA; ROMÃO, 2018)  

     

     

    DISCUSSÃO

     

                O indivíduo passa cerca de um terço da vida dormindo, além disso, a qualidade do sono influencia em seu estado de saúde geral, longevidade, qualidade de vida e aprendizagem. Nesse sentido, torna-se imprescindível uma melhor organização do ciclo sono-vigília, além da promoção de hábitos saudáveis que contribuam para uma melhor qualidade do sono. Nesta obra foram abordadas diversas medidas e terapias disponíveis para esse objetivo.           

                O sono, também, pode interferir na vida acadêmica dos alunos, uma vez que sua privação compromete a aprendizagem e, consequentemente, o desempenho durante a graduação. O assunto acerca da qualidade do sono possui extrema relevância, visto que a aprendizagem é uma ação cognitiva e provém da consolidação da memória. Além disso, a qualidade do sono afeta a capacidade física e influencia diretamente a saúde dos indivíduos.

               

     

    CONSIDERAÇÕES FINAIS

     

                É possível compreender que diversos fatores podem ser responsáveis pela mudança do ciclo biológico do sono, mantendo o indivíduo em estado de vigília em horas não convencionais e em estado de sonolência durante o dia, prejudicando assim as suas tarefas diárias. Para isso, o presente estudo demonstra medidas que auxiliam na retomada da qualidade do sono para que este não mais prejudique o cotidiano, apresentando métodos simples que podem ser eficazes em combater os distúrbios do sono, melhorando a qualidade de vida e rendimento das pessoas que sofrem com esse mal. Como a privação do sono está associada com a sobrecarga e extenuação advindas das atividades da graduação, mudanças didáticas e curriculares poderiam contribuir de forma significativa para melhora da qualidade do sono, além de impulsionar o processo pedagógico da graduação.

     

  • Palavras-chave
  • qualidade sono, medicina, sono
  • Modalidade
  • Vídeos
  • Área Temática
  • Ciências da Saúde
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Essa publicação reúne as produções científicas de discentes, docentes e pesquisadores dos cursos de graduação da Faculdade Metropolitana São Carlos – FAMESC, unidade de Bom Jesus do Itabapoana-RJ, participantes da V Expociência Universitária do Noroeste Fluminense, com a temática: Os impactos da pandemia nas relações sociais, jurídicas e de saúde, realizada entre 21 e 23 de outubro de 2020.

Em sua 5º edição, o evento se destina, fundamentalmente, o propósito de se criar, na Instituição, um lugar de intercâmbio científico e cultural entre os pares, privilegiando-se uma discussão sobre as teorias interdisciplinares que ganham expressão no debate acadêmico contemporâneo.

Nessa edição os trabalhos apresentados envolvem àreas das Ciências Humanas e Sociais, Ciências Biológicas e da Saúde, Ciências Exatas e Estudos Interdisciplinares. Tal fator resultou na apresentação de 204 (duzentos e quatro) trabalhos de pesquisa apresentados a seguir. Acreditamos que a discussão ampliada, que inclua os diversos atores envolvidos nas diversas áreas, e, entendendo que existe uma abordagem interdisciplinar, esperamos contribuir para o fomento do saber acadêmico científico, viabilizando um espaço à divulgação de resultados de pesquisas relevantes para a formação do licenciando, bacharel, e do pesquisador da área e de áreas afins.

Por outro lado, queremos destacar que foi imprescindível a atuação coletiva na organização deste evento, que contou com a participação do corpo diretivo, das coordenações de curso, docentes e discentes. Sem o interesse de todos, a dedicação e a responsabilidade principalmente dos funcionários técnicos administrativos envolvidos, não seriam atingidas a forma e a qualidade necessárias ao sucesso da atividade. 

A Expociência representa um espaço significativo e verdadeiro de troca de experiências e de oportunidade de conhecer a produção científica de forma interdisciplinar e coletiva.

Boa leitura a todos!

 

 

Profª. Mª. Neuza Maria da Siqueira Nunes

Coordenadora da Extensão Universitária da Faculdade Metropolitana São Carlos

COMISSÃO ORGANIZADORA E CIENTÍFICA 

Direção Geral
Dr. Carlos Oliveira Abreu

Direção Acadêmica
Dra. Fernanda Castro Manhães

Direção Administrativa
Sr. Carlos Luciano Bieli Henriques

Assessoria Acadêmica
Me. Edyala de Oliveira Brandão Veiga

Coordenação de Extensão Universitária
Ma. Neuza Maria de Siqueira Nunes

Coordenação de Monitoria, Pesquisa e TCC
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Coordenação do Curso de Direito
Ma. Geovana Santana da Silva

Coordenação do Curso de Enfermagem
Me. Roberta Silva Nascimento

Coordenação do Curso Medicina
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Dra. Bianca M. Mangiavacchi (Ciclo Básico)
Dra. Lígia C. Matos Faial (Ciclo Clínico)

Coordenação do Curso de Gestão em Recurso Humanos
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Coordenação do Curso de Gestão Hospitalar
Me. Sérgio Elias Istoé

Secretaria Acadêmica
Espa. Danila Ferreira Cardoso

Setor Financeiro
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