SÍFILIS CONGÊNITA
INTRODUÇÃO
Esse trabalho tem como objetivo falar da sífilis congênita, trazendo seus aspectos de forma sucinta. Inicialmente, deve ser trazido o que é a sífilis, sendo uma doença infecciosa causada pela bactéria Treponema pallidum e pode se manifestar por três fases. As duas primeiras apresentam maiores sintomas e alto risco de contágio, enquanto na terceira fase pode ser assintomática o que pode ser confundido com uma “cura” da doença, mas essa percepção não é verdadeira.
É importante que todas as pessoas que tenham vida sexual ativa, realizem o teste para constatação ou não da sífilis. A importância é ainda maior quando tratam-se de gestantes, pois a sífilis congênita pode ser abortiva, trazer má formação do feto ou até causar a morte do mesmo. Dessa forma, serão esclarecidos a conceituação de sífilis congênita, sinais e sintomas, diagnóstico e tratamento.
MATERIAL E MÉTODOS
Para o desenvolvimento do trabalho, foi feita a revisão de literatura usando materiais como sites, artigos científicos, cartilhas do Ministério da Saúde e livros. Com isso, foi desenvolvida uma pesquisa qualitativa em relação aos principais aspectos da sífilis e, principalmente da sífilis congênita, ressaltando quais as consequências para o feto.
DESENVOLVIMENTO
A Sífilis, de um modo geral, é transmitida pela relação sexual sem proteção com um indivíduo infectado. Outra forma é a transmissão placentária, onde a genitora passa a infecção para o bebê durante a gestação ou parto. Essa última modalidade é a sífilis congênita, objeto de pesquisa nesse resumo expandido (MINISTÉRIO DA SAÚDE, s.d., online).
A Sífilis Congênita é a infecção de vários sistemas transmitida ao feto via placentária, (CASSERTA, 2015, online). Assim, “A sífilis congênita é o resultado da disseminação hematogênica do Treponema pallidum, da gestante infectada não-tratada ou inadequadamente tratada para o seu concepto, por via transplacentária” (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2006, p. 09).
Essa transmissão é chamada de vertical, pois pode ocorrer da gestante ao concepto em qualquer fase, seja da gestação ou da doença. Todavia, a depender do estágio da doença e da exposição do feto a bactéria, a probabilidade pode ser aumentada. Assim, essa transmissão vertical pode aumentar sua chance quando a gestante não se trata, indo de 70-100% nas primeiras fases da doença, sífilis primária e secundária (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2006, p. 09). Enquanto na fase lactente ou terciária essas chances reduzem a 30%, conforme (SADEK, 2016, on line).
No entanto, não é só na gravidez que existe esse risco, no momento do parto pode haver a transmissão direta caso tenha lesões nas partes genitais da mãe. Durante a lactação também há chances de transmissão, desde que tenha lesões mamárias decorrente de sífilis, segundo o Ministério da Saúde (2006, p. 09).
O Grupo de Incentivo à Vida (GIV, s.d., online) ressalta a importância do pré natal na prevenção e tratamento da sífilis. Assim, deve ser feito o teste e em caso positivo, fazer o tratamento da gestante e do seu parceiro adequadamente a fim de evitar que a doença seja disseminada.
São fatores de risco à doença a ausência de pré-natal ou feito inadequadamente, uso de drogas não lícitas, gravidez na adolescência, vários parceiros sexuais, história de doença transmitida sexualmente na gestante ou parceiro sexual e baixo nível socioeconômico e cultural (SADECK, 2016, online).
Dessa forma, o ideal é realizar o teste logo na primeira consulta de pré-natal para proceder um acompanhamento adequado. Outros dois momentos são muito importantes para fazer o teste também, que é no terceiro trimestre da gravidez e no momento do parto, independente se foram realizados outros testes antes ou não (GIV, s.d., online).
O Ministério da Saúde (s.d., online) adverte que a sífilis congênita pode apresentar sinais na criança desde o nascimento até o segundo ano de vida ou após esse prazo. Assim, os neonatais infectados são considerados aqueles do nascimento até o segundo ano de vida, acometidos por sífilis congênita precoce. Já aqueles que manifestam a doença após os dois anos, estão acometidos de sífilis congênita tardia (CASERTA, 2016, online).
Alguns sinais podem aparecer logo após o nascimento ou até dois anos, são a pneumonia, lesões no corpo, cegueira, deformação nos dentes, problemas ósseos, surdez ou deficiência mental, podendo levar o feto a morte em determinados casos (SECRETARIA DE ESTADO DA SAÚDE, s.d., online).
Essa infecção pode apresentar sintomas ou não, nos casos das assintomáticas. Muitas das vezes, por não apresentarem sintomas, as gestantes só descobrem a doença a partir do exame de sangue (GIV, s.d., online). Devido seu caráter assintomático, 50% das crianças nascem sem apresentar sintomas e entre os 3 primeiros meses de vida, os sintomas aparecem. É muito importante fazer a triagem sorológica da mãe ainda na maternidade (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2006, p. 10).
Diante da infecção do feto, a sífilis congênita pode ser classificada em dois estágios, precoce e tardia, como já comentado anteriormente. Na sífilis congênita precoce, os sintomas apresentam-se até o segundo ano de vida, Caserta (2016, online) salienta os três primeiros meses para a apresentação de erupções vesiculobolhosas ou macular com coloração cúprica, normalmente acomete as palmas das mãos e as solas dos pés. Além disso, lesões papulares entorno da boca e nariz, podendo ser também na região da fralda e lesões petequias. Assim como salienta outros sintomas que podem ser verificados abaixo (CASERTA, 2016, online).
Linfadenopatia generalizada e hepatoesplenomegalia ocorrem com frequência. O lactente não ganha peso e apresenta secreção nasal mucopurulenta ou sanguinolenta causando fungação. Algumas crianças desenvolvem meningite, coroidite, hidrocefalia ou convulsões, e outras podem ainda ter retardo mental. Nos primeiros 8 meses de vida, surge osteocondrite (condroepifisite), especialmente em ossos longos e arcos costais, podendo provocar pseudoparalisia dos membros com alterações ósseas radiológicas características (CASERTA, 2016, online).
O diagnóstico dessa modalidade de sífilis congênita é por meio de avaliação epidemiológica criteriosa, laboratorial e estudos de imagem na criança. Mas o diagnóstico no bebê é algo complexo, uma vez que muitos são assintomáticos e os sinais são pouco expressivos, ou seja, não é algo específico da sífilis que possa indicar precisamente esse diagnóstico. Deve ser feita a combinação de critérios epidemiológicos, clínicos e laboratoriais para ser feito essa detecção (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2006, p. 11). Além essas formas, tem-se “avaliação clínica; microscopia em câmara escura das lesões e placenta ou cordão umbilical; testes séricos da mãe e neonato; possível análise do LCR” (CASERTA, 2016, on line).
Já a sífilis congênita tardia é aquela que apresenta os sintomas após os dois anos de idade, pois anteriormente encontrava-se silenciada. Ela causa úlcera gamosa e tende a envolver o nariz, septo e palato duro. Além de lesões periostais que provocam a tíbia em lâmina de sabre e bossa nos ossos parietais e frontal. Outra forma, que é geralmente assintomática, da sífilis é a neurosífilis que pode causar paresia juvenil e tabes (CASERTA, 2016, online).
A lesão ocular também e comum, em alguns casos pode ocorrer a cegueira, mas a ocorrência de queratite intersticial é mais comum. Tem a surdezsensorineural que é progressiva, que aparece em qualquer idade. Além de deformação nos dentes incisivos e desenvolvimento anormal do maxilar, deixando característico a “face de buldogue” que não é tão comum, mas pode apresentar-se em determinados casos (CASERTA, 2016, online). O Ministério da Saúde apresenta as seguintes caraterísticas da manifestação tardia da sífilis congênita: Tíbia em “Lâmina de Sabre”, articulações de Clutton, fronte “olímpica”, nariz “em sela”, dentes incisivos medianos superiores deformados (dentes de Hutchinson), molares em “amora”, rágades periorais, mandíbula curta, arco palatino elevado, ceratite intersticial, surdez neurológica e dificuldade no aprendizado (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2006, p. 12-13).
O diagnóstico da sífilis congênita tardia ocorre por meio da avaliação clínica e testes sorológicos, tanto da mãe, quanto do recém-nascido (CASETA, 2016, online). Outras situações que envolvem a sífilis congênita é o natimorto, em que a mãe portadora de sífilis não foi tratada adequadamente ou sequer foi tratada. Ocorre depois das 22 semanas de gestação em que o feto possui peso igual ou maior que 500 gramas. E, também, o aborto por sífilis que é a perda gestacional antes de 22 semanas ou peso inferior a 500 gramas, nos casos em que a gestante não foi tratada ou feito isso de forma inadequadamente (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2006, p. 14).
Quanto ao tratamento, tem-se um único medicamento capaz de tratar a gestante e o feto, chama-se penicilina. Caso o bebê tenha sífilis congênita, o recomendado é ficar internado por 10 dias para ser tratado (GIV, s.d., online). No início da sífilis a gestante deve receber uma dose de penicilina G benzatina, correspondente a 2,4 milhões de unidades IM numa única dose (CASERTA, 2016, online).
Quando tratam-se de fases tardias da sífilis ou da neurossífilis, quando não grávidas, existe uma estratégia própria de tratamento. É comum o aparecimento de “grave reação de Jarisch-Herxheimer, levando ao aborto espontâneo” (CASERTA, 2016, online). Tratamento com eritromicina não é adequada nem para a mãe, nem para o feto, por isso não é recomendada. Quanto ao uso de tetraciclina é contraindicada (CASERTA, 2016, online). Na tabela a seguir, mostra-se a maneira adequada de tratamento.
Quando diagnosticada com sífilis congênita tardia, a criança deve ser tratada com penicilina Gcristalina aquosa durante 10 dias. Muitas vezes, mesmo concluindo todo tratamento, a criança não regride para a soronegatividade e deve submeter-se ao acompanhamento para verificar se aconteceu a resposta sorológica apropriada à terapia, bem como que não há nenhum risco de recorrência (CASERTA, 2016, online).
A queratite intersticial é geralmente tratada com corticoide e gotas de atropina após consultar o oftalmologista. Pacientes com perda auditiva neurossensorial podem beneficiar-se do uso da penicilina mais corticoide, como prednisona 0,5 mg/kg VO 1 vez/dia durante 1 semana e, a seguir, 0,3 mg/kg 1 vez/dia durante 4 semanas, após o que a dose é diminuída gradualmente durante 2 a 3 meses. Não há avaliação criteriosa dos corticoides nessas condições (CASERTA, 2016, online).
A prevenção para a sífilis deve ser feita ainda no primeiro trimestre de gravidez de forma rotineira e repetidamente. O tratamento realizado durante a gestação reverte 99% dos casos, o que não ocorre no tratamento tardio, pois só elimina a infecção, mas não todos os sinais da doença. Em caso de soropositividade, após o tratamento adequado indica reinfecção e deve submeter-se a uma nova avaliação. Já a mãe soronegativa e sem lesões, mas colocou-se em situação de risco expondo-se a pessoa portadora da infecção, deve submeter-se ao tratamento, pois há 25-50% de chances de ter adquirido sífilis (CASERTA, 2016, online).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Portanto, verifica-se que a Sífilis é uma infecção sexualmente transmissível, todavia, sua transmissão pode ocorrer não só pelo ato sexual, mas também da gestante ao seu concepto. Essa última maneira é chamada de sífilis congênita, a qual se dá pela transmissão placentária dessa infecção.
A gestante com sífilis deve submeter-se ao tratamento desde a primeira consulta ao pré-natal para evitar consequências danosas ao feto, como natimorto e aborto espontâneo, todas as duas formas fatais. Além disso, a sífilis pode acarretar má-formação fetal, surdez, cegueira, entre outras sequelas. Por isso, o quanto antes for iniciado o tratamento, maiores são as chances de nascer uma criança saudável, todavia sempre tem que fazer o acompanhamento desta, porque a sífilis nem sempre apresentam sintomas.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CASERTA, Mary T. Sífilis congênita. Disponível em <https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/pediatria/infec%C3%A7%C3%B5es-em-rec%C3%A9m-nascidos/s%C3%ADfilis-cong%C3%AAnita>. Data de acesso 19 set. 2019.
GIV – GRUPO DE INCENTIVO À VIDA. DST – Sífilis e Sífilis Congênita. Disponível em <http://giv.org.br/DST/S%C3%ADfilis/index.html>. Data de acesso 19 set. 2019.
MINISTÉRIO DA SAÚDE. Diretrizes para o controle da Sífilis Congênita. Disponível em <https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/manual_sifilis_bolso.pdf>. Data de acesso 19 set. 2019.
MINISTÉRIO DA SAÚDE. Sífilis: o que é, causas, sintomas, tratamento, diagnóstico e prevenção. Disponível em <http://www.saude.gov.br/saude-de-a-z/sifilis>. Data de acesso 19 set. 2019.
SADECK, Lilian dos Santos Rodrigues. Sífilis congênita: prevenção, tratamento e seguimento. Disponível em <http://www.spsp.org.br/2016/09/22/sifilis-congenita-prevencao-tratamento-e-seguimento/>. Data de acesso 19 set. 2019.
SECRETARIA DE ESTADO DA SAÚDE. Sífilis congênita - sinais e sintomas. Disponível em <http://www.saude.sp.gov.br/ses/perfil/cidadao/temas-de-saude/dst/sifilis-congenita-sinais-e-sintomas>. Data de acesso 19 set. 2019.
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