CARDIOPATIAS EM INFECÇÕES POR TRYPANOSSOMA CRUZI
SOUZA , Zaqueu da Silva
Graduando em enfermagem
Faculdade metropolitana São Carlos–
Zsilvasouza14@gamil.com
SABÓIA, Matheus de Oliveira
Graduando em enfermagem
Faculdade Metropolitana São Carlos- FAMESC
Matheusoliveira123qwe@gamil.com
LORETE, Maurício do Carmo
Fisioterapeuta, Pós-graduando em gestão educacional e práticas pedagógicas, graduando em Gestão Hospitalar –
Faculdade Metropolitana São Carlos (FAMESC) - Unidade Bom Jesus do Itabapoana
mauriciobji@gmail.com
MARTINS, Livia Mattos
Doutora em Biociência e Biotecnologia
Liviammartins@gmail.com
INTRODUÇÃO
O Trypanosoma cruzi é o agente etiológico da Doença de Chagas, zoonose endêmica ocorrentes nas Américas do Sul e Central. O T.cruzi um parasito da ordem Kinetoplastidea, família Trypanosomatidae tendo como principal característica o DNA mitocondrial cinetoplasto (kDNA) (ARAÚJO, 2020).
Na América Latina, a doença de Chagas tem sido transmitida principalmente aos seres humanos pelo contato com as fezes ou a urina de espécies específicas de insetos triatomíneos infectados com o parasita T.cruzi (OPAS, 2020).
O ser humano se contamina quando o inseto elimina os tripomastigotas metacíclicos em suas fezes. Essas são as formas infectantes e podem penetrar pelas mucosas, ou seja, quando se leva as mãos contaminadas aos olhos ou nariz, e ainda pelo ato de coçar ou pelo próprio orifício da picada do inseto barbeiro. Assim que se faz a penetração, o tripomastigota metacíclico invade as células pertencentes do sistema fagocítico mononuclear (célula alvo) e perde o flagelo, passando a ser denominado amastigota (AOYAMA et.al, 2020).
A cardiomiopatia crônica da doença de Chagas (CCDC) é resultante de miocardite fibrosante focal de baixa intensidade, mas seu agravamento é devido a infecção persistente do T cruzi, associada à inflamação mediada por mecanismos imunes adversos (MARIN NETO et.al, 2018). A CCDC é caracterizada por uma resposta inflamatória intensa e destruição progressiva do tecido cardíaco, gerando hipertrofia ventricular e falha progressiva da fisiologia cardíaca (ABREU, 2019).
Considerando-se ainda que a evolução tardia da CCCD envolve o aparecimento de um quadro clínico de miocardiopatia dilatada, com disfunção ventricular esquerda global e de síndrome de insuficiência cardíaca. A Diretriz Latino-Americana para o Diagnóstico e Tratamento da Cardiopatia Chagásica adotou uma classificação para a disfunção ventricular esquerda da doença de Chagas, que espelha a gradação dos estágios evolutivos da insuficiência cardíaca adotada nas diretrizes internacionais para esta síndrome. Dessa forma, a fase crônica da CCDC pode ser classificada em 5 estágios evolutivos (A, B1, B2, C e D) de disfunção ventricular esquerda ((MARIN NETO, et.al, 2018).
Há uma exigência científica para revisar e questionar se estamos realmente usando as ferramentas e processos de tomada de decisão corretos para o progresso dos compostos para o tratamento desta doença. Novos desenvolvimentos no campo de Chagas, incluindo novas tecnologias e ferramentas agora disponíveis, serão discutidos e um redesenho da estratégia de triagem atual durante o processo de descoberta é proposto (CHATELAIN, 2015).
MATERIAIS E MÉTODOS
A questão norteadora para a elaboração deste estudo foi: “Como proceder ao diagnóstico precoce da CCDC e tratamento com eficácia, sendo a sua etiologia de natureza semelhante a uma infecção de branda atuação”?
A revisão sistemática foi realizada no site do Portal de Pesquisas do Google acadêmico a fim de identificar estudos relevantes no Brasil sobre a temática abordada.
Para tanto, no processo da busca utilizou-se as seguintes palavras chaves em português: (CARDIOPATIAS) AND (TRYPANOSSOMA) AND (CHAGAS), sem definição do de publicação. O total de artigos resultantes foi de 11.800 artigos. Foram selecionados somente os artigos que preenchessem aos seguintes critérios: (1) serem artigos desenvolvidos no Brasil, (2) serem em língua Portuguesa, (3) contendo informações sobre infecção, tratamento e, suas prevenções, (4) terem sido feitos a partir de 2018.
DESENVOLVIMENTO
A busca por métodos de diagnóstico precoce da CCC é de grande interesse, visto que seu diagnóstico tardio, quando o indivíduo já apresenta acometimento irreversível da funcionalidade cardíaca, impossibilita o tratamento com eficácia, e o indivíduo pode evoluir a óbito (ABREU, 2019).
A hipertrofia extrínseca, temporariamente, faz a restauração do volume sistólico comprometido, mas tal processo resulta na dilatação cardíaca de forma crescente, com perda progressiva da capacidade de ejeção ventricular tendo em vista a evolução da miocardite e a sobrecarga mecânica. Nos casos onde os estágios estão mais avançados, além do componente sistólico, também se intensifica um componente de restrição diastólica, por conta da grande dilatação e enrijecimento cardíacos pela fibrose. Para o agravamento da cardiopatia, pode ocorrer as arritmias ventriculares complexas, insuficiência das válvulas mitral e tricúspide e o tromboembolismo pulmonar repetido (AOYAMA, et.al, 2020).
As drogas indicadas são as mesmas que se utilizam no tratamento de outras cardiopatias, como:, Antiarrítmicos, vasodilatadores, cardiotônicos, diuréticos etc. Em alguns casos, é importante ressaltar possível indicação da implantação de marca passo, apresentando resultados muito satisfatórios, na prevenção da morte súbita (AOYAMA, et.al, 2020)
A fase aguda da doença tem seu início pós período de incubação normalmente de 1-4 semanas após a exposição ao T. cruzi. As lesões conhecidas como "chagomas", incluindo o típico sinal de Romaña, decorrem de edema de mucosa ou cutâneo no local da inoculação. A maioria dos pacientes apresenta-se assintomática ou manifesta sintomas sistêmicos infecciosos (febre, hepato-esplenomegalia, diaforese, mialgia), acompanhados por alterações laboratoriais igualmente não específicas, principalmente leucocitose, com linfocitose absoluta (AOYAMA, et.al, 2020).
Na fase aguda, o dano orgânico é claramente associado à infestação e multiplicação parasitária no miocárdio, além de outros tecidos comumente acometidos como o sistema nervoso e aparelho digestivo (MARIN NETO, et.al, 2018). A alteração ventricular ocorre de duas maneiras: inicialmente, ocorre hipertrofia das fibras íntegras e, posteriormente, dilatação da cavidade ventricular (AOYAMA, et.al, 2020).
Os aspectos neuro-humorais da fase aguda ainda são pouco conhecidos, notadamente devido às características epidemiológicas e as dificuldades do diagnóstico (DE SOUZA, et.al, 2019)
Os testes sorológicos apontam negativo nas primeiras semanas da infecção. O diagnóstico na fase aguda é dado pela detecção dos parasitas que circulam ou seu material genético (PCR), por meio de variedade de métodos, incluindo hemocultura, visualização direta do parasita no sangue periférico, xenodiagnóstico, ou visibilização de ninhos de parasitas na forma amastigota por análise histológica de biopsia de órgãos afetados , ou dos "chagomas" cutâneos (AOYAMA, et.al, 2020).
Já Na fase crônica da D.C. as alterações do sistema nervoso autônomo são bem conhecidas, caracterizadas por perda neuronal e lesão do sistema parassimpático, que resulta no aumento da atividade simpática (DE SOUZA et.al, 2019).
A ausência de sintomas é a principal característica nos indivíduos que se encontram em estágios de natureza inicial da doença crônica, quando ocorre dano miocárdico - discreto - pode ser detectado somente por alterações em exames complementares, como distúrbios de condução no ECG, alterações segmentares da mobilidade parietal do ventrículo esquerdo no ecocardiograma ou arritmias ao Holter (DE SOUZA et.al, 2019).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
De Souza e colaboradores (2019) em seu estudo, fez a análise no total de 54 pacientes com infecção aguda por T. cruzi , a idade média foi de 36,2 ±10,4 anos, onde 30 eram mulheres (idade média 34,7 ± 19,0 anos) e 24 homens (idade média 38,3 ± 19,7 anos).
A MAPA revelou que 40 pacientes (74,0%) apresentavam ausência de descenso sistólico do sono, sendo que 29 (53,7%) não apresentavam descenso diastólico. A ausência concomitante de descenso sistólico e diastólico ocorreu em 29 pacientes (53,7%); 7 (12,9%) apresentaram ascensão noturna da PAS e 10 (18,5%) pacientes da PAD.
Aoyama e colaboradores (2020) observaram que em um grupo de entrevistados, 70% conhecem a patologia “Chagas”, porém não conhecem o tratamento e não sabem sobre as alterações causadas no corpo humano. 20% dos entrevistados já ouviram falar, mas não conhecem nada sobre a doença e os outros 10% alegam que tem pouco conhecimento a respeito da doença
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante do exposto, concluímos que a Doença de Chagas apresenta uma fase aguda (doença de Chagas aguda – DCA) que pode ser sintomática ou não, e uma fase crônica, que pode se manifestar nas formas indeterminada, cardíaca, digestiva ou cardiodigestiva.
Na fase aguda da doença de Chagas, o diagnóstico se baseia na presença de febre prolongada e outros sinais e sintomas sugestivos da doença, como fraqueza intensa e inchaço no rosto e pernas. Já na fase crônica, a suspeita diagnóstica é baseada nos achados clínicos e na história epidemiológica.
A elevada morbimortalidade em casos de cardiopatias aponta para a necessidade de atuar de maneira eficiente na prevenção e cura da DC. No entanto, o diagnóstico precoce é o principal desafio na luta contra essa doença .
REFERÊNCIAS
ABREU, Vasconcelos, 2019. INVESTIGAÇÃO DA ELEVAÇÃO DOS NÍVEIS PLASMÁTICOS DE TIMP-1 COMO MARCADOR DE MAU PROGNÓSTICO NA CARDIOPATIA CHAGÁSICA CRÔNICA. Anais da 16a Jornada UNIFACS de Iniciação Científica - JUIC Universidade Salvador – UNIFACS – 11 a 14 de novembro de 2019 ISSN 2237-3055. Paula Regina Kathlyn de Abreu, Juliana Fraga Vasconcelos. 2019. Disponível em: https://www.unifacs.br/wp-content/uploads/2020/01/Paula-Regina-Kathlyn-de-Abreu_Enfermagem.pdf > acesso em 16 de set. 2020.
AOYAMA et.al, 2020- PRINCIPAIS ALTERAÇÕES CARDIOVASCULARES DECORRENTES DA DOENÇA DE CHAGAS COM ÊNFASE À CARDIOPATIA CHAGÁSICA. Revista Brasileira Interdisciplinar de Saúde. José Pereira de Sousa Neto, Michele da Silva Rocha Mariano, Elisângela de Andrade Aoyama. 2020. Disponível em: http://revistarebis.rebis.com.br/index.php/rebis/article/download/84/117 > acesso em 16 de set. 2020.
ARAÚJO, 2020-Mariana Mathias Conroy Araujo. Dissertação de mestrado apresentada ao programa de Pós Graduação em Biologia Microbiana da Universidade de Brasília. 2020.Disponivel em: < https://repositorio.unb.br/bitstream/10482/39381/1/2020_MarianaMathiasConroyAraujo.pdf> acesso em: 15 de set. de 2020.
CHATELAIN, Eric. Chagas disease drug discovery: toward a new era. Journal of Biomolecular Screening, v. 20, n. 1, p. 22-35, 2015.
DE SOUZA, Dilma do SM et al. Ausência de Descenso da Pressão Arterial Detectada pela Monitorização Ambulatorial da Pressão Arterial em Pacientes com Doença de Chagas Aguda Transmitida por Via Oral. Arquivos Brasileiros de Cardiologia, v. 114, n. 4, p. 711-715, 2020.
OPAS- organização panamericana de saúde. Dia Mundial da Doença de Chagas: trazendo uma doença esquecida à atenção mundial. 2020. Disponível em:< https://www.paho.org/bra/index.php?option=com_content&view=article&id=6144:dia-mundial-da-doenca-de-chagas-trazendo-uma-doenca-esquecida-a-atencao-mundial&Itemid=812 > acesso em 15. Set. 2020.
Programa de Biofísica, Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho, Universidade Federal do Rio de Janeiro. 2017. Disponível em: < http://chagas.fiocruz.br/organizacao-estrutural/> acesso em: 15 de set. de 2020.
SIMÕES, Marcus Vinicius et al. Cardiomiopatia da doença de Chagas. International Journal of Cardiovascular Sciences, v. 31, n. 2, p. 173-189, 2018.
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