ATUAÇÃO DO ENFERMEIRO FRENTE AO PACIENTE PORTADOR DE DIABETES MELLITUS
INTRODUÇÃO
Segundo o Ministério da Saúde (2006) o Diabetes Mellitus (DM) é uma patologia que pode ser compreendida como uma epidemia mundial, tornando-se assim um enorme desafio para os diversos sistemas de saúde que compõem o mundo. Características como estilo de vida não saudável, dieta inapropriada, sedentarismo, aumento da urbanização, aumento da população idosa e alto índice de pessoas obesas, são os fatores principais para a alta taxa de portadores de DM ao redor do mundo atual.
Doença definida pelo elevação dos níveis de glicose no sangue, conhecido como hiperglicemia, o DM faz parte de um grupo de patologias que afetam o metabolismo, sendo resultante de defeitos na ação ou na secreção da insulina no organismo, além disto está associada ao funcionamento inadequado ou invalidez de outros órgãos, como principalmente do cérebro, rins, olhos, coração, nervos e vasos sanguíneos (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2006).
O Diabetes Mellitus é classificado de acordo com sua etiologia, sendo constituído na atualidade por quatro tipos diferentes, sendo eles o DM tipo 1, patologia que ocorre por conta da destruição das células beta que ficam situadas no pâncreas, levando a deficiência da produção de insulina. DM tipo 2, ocorre quando há defeito na secreção e na ação da insulina e na produção hepática da glicose. A DM gestacional, definida por qualquer intolerância à glicose que venha a ser diagnosticada juntamente com um processo gravídico. E por fim existe também a classificação que aborda outros tipos específicos de DM, são formas incomuns de DM, onde é possível identificar o que a levou a ocorrer, como por exemplo, defeitos genéticos na ação da insulina ou da funcionalidade das células betas, endocrinopatias, doenças do pâncreas exócrinas entre outras condições específicas (SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES, 2016).
Devido à elevação do índice de morbimortalidade e tendência de prevalência do Diabetes Mellitus, esta condição que afeta a saúde dos indivíduos necessita de cuidado direcionado e promoção da educação em saúde, afim de que haja prevenção de complicações agudas ou crônicas da patologia no indivíduo portador. Sendo assim é necessário que o cuidado prestado ao paciente com DM seja de forma integral, visando desde condições psicossociais até aspectos sociais do indivíduo, afim de que o paciente seja atendido de forma humanizada e holística, atentando para chegar a solução mais adequada para o seu problema (PACE et al., 2006).
Parte-se da hipótese de que o enfermeiro é o profissional que acompanha o paciente portador de DM desde o diagnóstico e durante todo o seu processo de tratamento, o qual pode ser pelo resto de sua vida, sendo assim torna-se um profissional fundamental no processo de educação continuada destes pacientes. A pesquisa objetivou então compreender como deve ser a atuação do enfermeiro frente ao paciente portador de Diabetes Mellitus? Afim de alcançar o objetivo geral da pesquisa, foi necessário definir o que é Diabetes Mellitus, identificar quais são as classificações etiológicas do Diabetes Mellitus e por fim relatar como o enfermeiro posiciona-se frente ao tratamento do paciente com Diabetes Mellitus.
MATERIAL E MÉTODOS
A presente pesquisa foi realizada através do método de revisão bibliográfica sistemática, utilizando de bancos de dados LILACS, SCIELO, Microsoft Academic e Google Acadêmico, a fim de selecionar os artigos que condizem com o tema da pesquisa.
Os dados para a pesquisa foram selecionados da seguinte forma, primeiramente foi realizada uma busca rápida nestes bancos de dados usando das palavras chaves da pesquisa, que são diabetes mellitus, hiperglicemia, enfermeiro. Após selecionados foi realizada a segunda etapa de seleção, que foi a leitura dos resumos dos artigos pré-selecionados e assim foram identificados dez artigos que condiziam com o tema da pesquisa, estes foram então utilizados para compor a pesquisa.
DESENVOLVIMENTO
O diabetes mellitus é uma patologia que tem necessidade de cuidado clínico e também educação continuada para que o paciente venha a compreender a real situação que vive e que ele consiga ter conhecimento e utilizar de métodos de prevenção para evitar agravos agudos ou crônicos advindos do DM. Sendo assim necessário que haja cuidado integral com o portador desta patologia se atentando para aspectos biopsicossociais do indivíduo, visando que este tenha uma assistência de qualidade (Pace et al., 2006).
Devido à elevação do índice de portadores de DM e das necessidades de um cuidado adequado aos pacientes portadores de DM, as políticas públicas de saúde no Brasil vem adotando medidas que de mais atenção a esta classe de pessoas. O sistema de saúde brasileiro vem buscando uma assistência integral e humanizada, sendo direcionada não somente para a cura da patologia, mas também para promoção da saúde e da cidadania da população brasileira. Neste contexto surge a equipe de enfermagem que tem o objetivo de assistir de forma integral e humanizada a todos os indivíduos que necessitarem de assistência em saúde (Arruda et al., 2012).
A equipe de enfermagem é aquela que tem contato direto com o paciente, compondo está equipe temos o enfermeiro, o qual tem papel fundamental na prestação dos cuidados adequados ao paciente que tem DM, ele é peça chave no processo de cuidar deste indivíduo, pois é o responsável por criar e implementar atividades educativas, visando elevar o conhecimento dos portadores desta patologia e de toda a comunidade que é assistida por ele, além disso ele também é ferramenta para incentivar o paciente a aderir o tratamento correto do DM, de forma a orienta-lo durante a consulta de enfermagem (Mascarenhas et al., 2010).
Por meio da consulta de enfermagem é possível atingir um grau de excelência no cuidado ao próximo, pois durante este atendimento o profissional de saúde avalia quais são as reais necessidades do indivíduo e então monta o seu plano de ação visando atender todos os aspectos necessários para que a qualidade da assistência deste paciente seja otimizada. Esta consulta associada a um processo de educação em saúde, proporciona conhecimento ao paciente sobre o que ele está vivendo, além de mostrar medidas que ele poderá realizar afim de evitar complicações advindas do DM, também pode levar o paciente a realizar atividade física, melhorar o controle da glicemia, elevação do bem estar psicológico e adequação da alimentação, tudo isso visando uma melhora geral em seu estado de saúde. De forma geral a consulta de enfermagem tem o objetivo de contribuir para a promoção da saúde, reabilitação e recuperação do paciente, visando que ele alcance um bem estar biopsicossocial em sua vida (Curcio et al., 2009).
Essa proximidade entre o enfermeiro e o paciente é o que leva a criar o vínculo de confiança, o qual possibilita que o paciente relate realmente tudo aquilo que ele vive, ajudando o enfermeiro a criar o plano de cuidado mais adequado para cada indivíduo que ele assiste, de forma a conseguir disseminar ações de promoção e prevenção para o DM e também outras patologias. Desta forma compreende-se que as ações educativas realizados pelo enfermeiro são base para o controle da DM, pois leva conhecimento ao paciente, familiares e comunidade sobre um estilo de vida mais saudável e autocuidado diário, que são fatores que influenciam em possíveis complicações do DM quando não realizados de forma adequada. (Mascarenhas et al., 2010).
RESULTADOS E DISCURSSÃO
Sendo o Diabetes Mellitus um importante problema de saúde pública, o enfermeiro que é um dos profissionais responsáveis por assistir os pacientes que apresentam estas afecções no âmbito da área hospitalar ou na atenção básica, vivenciam uma situação desafiadora para alcançar a sistematização da assistência do cuidado (Mascarenhas et al., 2010).
São grandes e necessários os esforços realizados pelo enfermeiro para que os pacientes portadores de DM compreendam o seu quadro clínico e então aceitem realizar o tratamento adequado. Usa-se muito de atividades de educação continuada para toda a população assistida por este profissional, afim de gerar conhecimento e conscientização dos pacientes, visando provocar mudanças nestes indivíduos, para gerar resultados perceptíveis na saúde clínica deste portador de DM (Grossi & Pascali, 2009).
Características como escuta sensível, resolutividade, acolhimento dialogado, vínculo entre paciente e servidor, compartilhamento de saberes, ética ao exercer sua profissão, orientação e aconselhamento, são desempenhadas pelo enfermeiro em sua assistência ao paciente portador de DM, e são elas que levam ao cuidado humanizado, pois somente a partir do conhecimento individual de cada paciente é possível gerar um plano de assistência humanizado, que irá auxiliar verdadeiramente este indivíduo, garantindo também respeito mútuo entre profissional e cliente (Arruda et al., 2012).
Sendo assim a Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) é de extrema importância para que a assistência prestada pela enfermagem seja realmente otimizada, visando a integralidade do cuidar, dando autonomia e segurança ao enfermeiro para prestar um atendimento individualizado e humanizado para com seus pacientes portadores de DM (Mascarenhas et al., 2010).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Compreende-se que o enfermeiro é o profissional que tem contato direto com o paciente portador de diabetes mellitus, ele pode caminhar com ele desde o diagnóstico da patologia e por todo o processo de tratamento. Este profissional é responsável por orientar e promover educação em saúde para todos os indivíduos que são assistidos por ele, de forma que ele alcance uma elevação da qualidade do cuidado com o paciente e proporcione melhora em seu estado de saúde.
Ao atender o paciente portador de diabetes mellitus o enfermeiro deve avaliar sua glicemia, analisar seu histórico familiar, identificar seus aspectos sociais e culturais, entre outras funções, sendo todas elas realizadas com a intenção de identificar quais são as reais necessidades do paciente e assim criar um plano de ação e cuidados adequado para a realidade de cada cliente que é assistido por ele.
Conclui-se então que a atividade de educação em saúde promovida pelo enfermeiro é base para que o portador de algum tipo de diabetes mellitus tenha total conhecimento da sua patologia, levando estes a alcançarem controle sobre a doença e desta forma tornando-se mais ativos no seu tratamento, influenciando eles a terem maior segurança e aceitação de sua patologia, além de proporcionar para que o paciente adeque seus hábitos de vidas, tornando-os hábitos mais saudáveis o que vai levar a elevação da qualidade de vida deste paciente e diminuirá o risco de complicações vindas do DM.
REFERÊNCIAS
ARRUDA, C.; SILVA, D.M.G.V. Acolhimento e vínculo na humanização do cuidado de enfermagem às pessoas com diabetes mellitus. 2012. Disponível em: < https://www.scielo.br/pdf/reben/v65n5/07.pdf>. Acesso em: 15 set. 2020.
CURCIO, R.; LIMA, M.H.M.; TORRES, H.C. PROTOCOLO PARA CONSULTA DE ENFERMAGEM: assistência a pacientes com diabetes melittus tipo 2 em insulinoterapia. 2009. Disponível em: <https://seer.ufrgs.br/RevistaGauchadeEnfermagem/article/view/7987/6998>. Acesso em: 16 set. 2020.
MASCARENHAS, N.B.; PEREIRA, A.; SILVA, R.S.; SILVA, M.G. Sistematização da Assistência de Enfermagem ao portador de Diabetes Mellitus e Insuficiência Renal Crônica. 2010. Disponível em: < https://www.scielo.br/pdf/reben/v64n1/v64n1a31.pdf>. Acesso em: 20 set. 2020.
Ministério da Saúde. Caderno da Atenção Básica – Diabetes Mellitus. 2006. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/diabetes_mellitus_cab16.pdf>. Acesso em: 18 set. 2020.
PACE, A.E.; VIGO, K.O.; CALIRI, M.H.L.; FERNANDES, A.P.M. O conhecimento sobre diabetes mellitus no processo de autocuidado. 2006. Disponível em: <https://www.scielo.br/pdf/rlae/v14n5/pt_v14n5a14.pdf>. Acesso em: 16 set. 2020.
SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES. Diretrizes da sociedade brasileira de diabetes – 2015/2016. Disponível em: <https://www.diabetes.org.br/profissionais/images/docs/DIRETRIZES-SBD-2015-2016.pdf>. Acesso em: 19 set. 2020.
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