Introdução: Há na literatura uma maneira mais longa de investigar a interpretação, esta do lido, vivido ou experienciado através da fala de outro, a epistemologia da interpretação. Pensando na vivência dos indivíduos e como ela chega a interpretação oportuniza-se refletir sobre a interpretação dessa vivência e como ela chega aos estudantes e formados no curso de psicologia. Buscamos então entender a simplicidade do viver e a complexidade do compreender o vivido, agregando estas reflexões ao curso de psicologia para que além de entendidas estas possam ser objeto de contemplação. Objetivo: Explicar através da fenomenologia de Paul Ricoeur como a complexidade da interpretação entre significado e a experiência contribui para o entendimento do outro. Metodologia: Este é um estudo de natureza qualitativa que buscou por meio de uma revisão narrativa responder ao objetivo idealizado. Resultados: A literatura aponta que há uma forma trifásica em que a experiência é processada: [1] percebe-se o acontecimento sem tomar consciência dele, [2] definir o conceito ou quando é ensinado a você a formulação do conceito, mas sem perceber o vínculo deste com a experiência e; por final, [3] integração da experiência com a formulação intelectual. Experimentar o viver é prazeroso e ter consciência deste prazer que a experiência proporciona trás uma reflexão complexa sobre seus conceitos, acontece uma retomada a si na tentativa de se conhecer de novo. Outro apontamento da literatura seria a facilidade em percebermos a simplicidade do vivido quando o acontecido já está no passado, ou ‘como foi vivido’, o que pode gerar pensamentos complexos e a incrível oportunidade de explorá-los. Além dos pensamentos complexos atribuídos às experiências, percebemos que o tempo também confere o significado ao vivido e trás a ele uma contemplação nas narrativas do experienciado. De maneira propícia, a graduação em psicologia proporciona tanto aos estudantes como profissionais o atravessamento por essas narrativas, o acesso ao vivido, e o sutil toque nesta experiência consciente pode requerer destes estudiosos que haja um nível de conexão além do encontro dos corpos pensantes, é preciso colocar em questão o ser, o ser-no-mundo do outro. É através da fala que temos o acesso ao vivido, a multiplicidade dos sentidos e sua capacidade simbólica. Conclusão: Percebemos a necessidade de entender que a linguagem do indivíduo produz no discurso o encontro entre o experienciado e o significado disso, em uma relação entre o visto, o sentido, o experienciado e o interpretado. O mergulho nesta relação precisa carregar a simplicidade do olhar e do experienciar o vivido do outro através da fala, pois é entre a simplicidade do vivido e o complexo entendimento deste, que a psicologia ganha espaço.
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