TRANSPLANTE RENAL E COVID-19

TRANSPLANTE RENAL E COVID-19

• Autor
• Eduardo Augusto Schutz
• Co-autores
• Luísa Manfredin Vila , Rubia Bethania Biela Boaretto , Juliana Gerhardt Moroni
• Resumo

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  Com início em dezembro de 2019, o surto do coronavírus SARS-Cov-2 (COVID-19) atingiu profundamente a comunidade global e, desde então, há um grande esforço em desvendar suas relações com a saúde humana. Apesar de conhecidos os efeitos de dano alveolar no pulmão e insuficiência respiratória aguda, ainda há muito que se explorar no envolvimento de outros órgãos e sistemas. Uma das maiores preocupações se trata dos indivíduos imunossuprimidos, dentre os quais estão os pacientes transplantados renais, dialíticos e doentes renais crônicos. Alguns estudos têm demonstrado que há aumento de lesão renal aguda entre os casos mais graves de COVID-19, sugerindo que o prognóstico seria pior em relação àqueles sem envolvimento renal. Contudo, os estudos sobre a COVID-19 nessa população ainda são escassos e sua relação permanece incerta: enquanto alguns estudos sugerem curso clínico semelhante à população não transplantada, outros sugerem maior mortalidade. Este trabalho tem por objetivo relatar dois casos de COVID-19 em transplantados renais, ambos tendo hipertensão arterial como única comorbidade, com síndrome respiratória aguda evoluindo para internamento em UTI e óbito como desfecho. O paciente 1, masculino, 34 anos, COVID-19 positivo, transplantado renal há 6 anos, foi admitido na UTI já intubado, por motivo de insuficiência respiratória aguda, com história de diarreia, náuseas, vômitos, febre, dispneia, além de insuficiência renal anúrica (diurese 100mL/dia_. Os exames complementares: 10 mL/dL de creatinina e 84 mL/dL de ureia. Ele evoluiu com derrame pleural, choque hipovolêmico, anúria total, piora séptica e sangramento no sistema nervoso central, evoluindo a óbito. Na biópsia renal observou-se dano alveolar difuso de fase aguda e trombo de fibrina em microcirculação. O paciente 2, masculino, 29 anos, COVID-19 positivo, transplantado renal há 7 anos, foi admitido em enfermaria devido queixas de piora importante de dispneia, cefaleia, náuseas e febre, com boa diurese (1200mL/dia). Nos exames complementares, apresentou insuficiência renal (4,2 mL/dL de creatinina e 144 mL/dL de ureia) com transferência para UTI devido evolução para insuficiência respiratória aguda e agudização da doença renal crônica com perda de enxerto, além de acidose e linfopenia grave secundária ao imunossupressor e anemia pela disfunção renal, com posterior infecção de corrente sanguínea, intubação e choque séptico, culminando em óbito. Na biópsia renal: glomerulonefrite aguda focal, com alterações degenerativas e regenerativas com nefrite túbulo-intersticial. O curso clínico grave dos pacientes permite hipotetizar sobre maiores influências que a imunossupressão, decorrente da condição de transplantados e doentes renais crônicos, teve sobre os desfechos desfavoráveis, porém as evidências ainda são limitadas para tecer certezas.

   

  Referência

  SCHUTZ, Eduardo Augusto et al. TRANSPLANTE RENAL E COVID-19. In: VI Congresso Médico do Oeste do Paraná - Cascavel - Paraná (modalidade virtual), 2021. Disponível em: <https://doity.com.br/anais/vicomop/trabalho/169695>. Acesso em: 18/12/2024 às 19:57