Estudos sobre idade e crescimento de peixes são essenciais para a gestão pesqueira, fornecendo taxas de crescimento necessárias para modelagem populacional, estimativas de mortalidade e longevidade, e previsão de respostas a sobre-exploração e mudanças climáticas. Essas informações são vitais para que gestores estabeleçam limites e tamanhos mínimos e máximos de captura que assegurem a sustentabilidade das populações. Chloroscombrus chrysurus é um importante recurso pesqueiro na pesca industrial de cerco na região Sudeste-Sul do Brasil (SSB). Forma densos cardumes na plataforma continental, com desova parcelada próxima à costa. Nos estágios larval e juvenil, migra para águas continentais e estuarinas, gerando complexidade no seu padrão de crescimento. Este estudo teve como objetivo validar a formação dos incrementos nos otólitos inteiros de C. chrysurus, avaliando padrões de crescimento na SSB. Foram analisados 1.009 otólitos de indivíduos com comprimento total (TL) entre 150 e 400 mm, amostrados entre 2006 e 2018 na SSB. Os otólitos foram medidos em comprimento (Co) e altura (Ao) e passaram por três leituras independentes, registrando-se o número de incrementos (Nr), raio do otólito (Ro) e de cada incremento (Rn), além do tipo de borda (translúcida [TR] ou opaca [OP]). A acurácia e precisão das leituras foram avaliadas por meio do erro percentual médio (APE), coeficiente de variação (CV) e análise gráfica. A relação entre o crescimento somático e do otólito foi avaliada utilizando os modelos alométrico de Huxley e polifásico. A periodicidade de formação dos incrementos foi analisada através da porcentagem mensal do incremento marginal relativo (IMR) e do tipo de borda. Para o ajuste da curva de crescimento, foi adotada uma abordagem multi-modelo, utilizando os modelos de crescimento de von Bertalanffy, Gompertz e logístico, com base nos comprimentos observados e retro calculados (método de Campana). A relação TL x Ro foi melhor representada pelo modelo polifásico, indicando duas fases de crescimento do otólito em relação ao TL, com uma mudança em torno de 245,43 ± 5,32 mm. Foram observados entre 2 e 8 incrementos nos otólitos, sendo que 78,6% apresentaram entre 4 e 6 anéis, com o grupo etário 5 sendo o mais representativo (29,6%). As leituras foram precisas (APE = 5,81%, CV = 10,72%) e consistentes, com baixa sobreposição entre os anéis. A variação mensal do IMR e do tipo de borda indicou a formação de incrementos semestrais, possivelmente em fevereiro e entre setembro e outubro. Foram estimadas idades entre 0,8 e 4,5 anos, tendo a maioria dois anos (54,5%), seguido pelo grupo de três (24,4%) e um (20,9%). Com base no critério de seleção do coeficiente de Akaike (AIC = 51808,26), no menor erro padrão (SE = 27,75) da regressão, no ajuste gráfico e no significado biológico, o modelo logístico TL = 367,59 / [1 + e^(-0,7188(t-1,7496))] apresentou o melhor ajuste da curva. Os resultados indicam que C. chrysurus apresenta crescimento bifásico e formação de dois anéis por ano no otólito, com uma taxa de crescimento alta. Estes resultados são inéditos e devem ser considerados no manejo da pesca da palombeta.
Comissão Organizadora
PPGZOO
Júlia Maria Junkes Serenato
Comissão Científica
Lucas Mantelo Cruz
André da Costa Tavares
Maria Clara Itoh Nascimento
Murilo dos Reis Araújo
Daniel Rivadeneira
Naiane Arantes Silva