As abelhas são frequentemente lembradas como protagonistas do serviço ecossistêmico de polinização, sendo um dos principais grupos polinizadores de angiospermas. No Brasil, a fauna de abelhas é de quase 2 mil espécies. As abelhas-sem-ferrão estão representadas por 538 espécies distribuídas em diversos gêneros, sendo encontradas em regiões tropicais e subtropicais. A Mata Atlântica é a segunda maior floresta tropical do mundo, mas as mudanças climáticas, perda e descaracterização de habitats e urbanização são as principais ameaças às abelhas-sem-ferrão. As abelhas-sem-ferrão são forrageiras generalistas e em um meliponário, onde há alta densidade de espécies, pode haver partilha de recursos que leve a escassez acarretando na perda da produção. Além disso, a cobertura de floresta e ambientes antrópicos na paisagem são fatores importantes para a conservação das abelhas. Compreender os padrões de sobreposição de nicho trófico de espécies coexistentes em um meliponário é fundamental para estabelecer estratégias de manejos para pequenos produtores e conservação. A área de estudo é na região Centro-Sul do Paraná, concentrada nos municípios de Guarapuava e Prudentópolis, tendo 6 sítios amostrais, 3 meliponários urbanos e 3 meliponários rurais. Foram selecionadas 10 espécies de abelhas-sem-ferrão, endêmicas da Mata Atlântica e comumente criadas juntas em meliponários. As coletas de conteúdo polínico serão mensais, e serão coletados conteúdo de 5 indivíduos por espécie em cada campanha de campo, totalizando 50 amostras por meliponário. As amostras passarão pelo processo de acetólise e serão triadas e identificadas com auxílio de especialistas e plataformas virtuais. Para compreender qual variável preditora melhor explica a sobreposição de nicho trófico, será feita uma análise de Modelos Lineares Generalizados, em que as variáveis preditoras serão: tamanho, coloração, distância filogenética, variáveis de paisagem, altitude, temperatura, nº de colônias do meliponário e nº de espécies do meliponário. As análises serão feitas em ambiente R. A caracterização de nicho trófico será feita mediante dados de riqueza (S) e largura de nicho (ID Shannon-Wiener), e das redes de interação serão obtidas as métricas de conectância, aninhamento ponderado e especialização em nível de comunidade.
Comissão Organizadora
PPGZOO
Júlia Maria Junkes Serenato
Comissão Científica
Lucas Mantelo Cruz
André da Costa Tavares
Maria Clara Itoh Nascimento
Murilo dos Reis Araújo
Daniel Rivadeneira
Naiane Arantes Silva