Introdução: As mulheres negras apresentam piores condições relacionadas ao perfil sociodemográfico e aos indicadores de saúde. A mulher negra enfrenta iniquidades raciais e de gênero, posicionando-a em situação de maior vulnerabilidade em saúde, com destaque para questões referentes ao parto e ocorrência de aborto. Objetivo: Descrever a frequência de tipo de parto e a ocorrência de aborto em mulheres negras. Metodologia: Estudo descritivo conduzido na regional Norte de Belo Horizonte, MG. Foi aplicado um questionário à 256 mulheres autodeclaradas pardas ou pretas, no período de dezembro de 2018. A análise dos dados ocorreu com auxílio do software SPSS. A pesquisa foi aprovada pelo comitê de ética da UFMG (CAAE71509317.0.0000.5149; Parecer2.285.857). Resultados: Os resultados mostram que 88,3% das mulheres já haviam tido pelo menos uma gestação, 61,1% parto cirúrgico, 24,3% parto normal e 14,6% ambos. Dentre as mulheres que relataram ter tido parto normal, 30,5% afirmaram que não foi aplicada anestesia. Sobre a ocorrência de aborto, 23% relataram ter tido, no mínimo, um aborto. Acerca do motivo do aborto, 50,8% afirmaram ser espontâneo, 16,9% outras causas, 13,6% causas desconhecidas. 8,5% das mulheres tiveram hipertensão gestacional, 5,1% gravidez ectópica e 5,1% placenta prévia. Conclusão: A saúde da mulher negra tem especificidades que os profissionais precisam considerar na implementação de ações de promoção da saúde. O planejamento do cuidado deve ser elaborado de forma conjunta respeitando as essas especificidades, de modo a garantir o direito à saúde com orientação e assistência equânime, como previsto na Política Nacional de Saúde Integral da População Negra.
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