Introdução: O cuidado transcultural permite que o enfermeiro compreenda o modo de viver, valores e crenças de indivíduos e grupos, embasando sua prática nas necessidades e desejos relacionados à saúde de cada cultura. No contexto das comunidades quilombolas, por meio do cuidado transcultural o enfermeiro pode minimizar injustiças sociais vivenciadas por essa população. Objetivo: Compreender características do cuidado transcultural na prática do enfermeiro da Estratégia de Saúde da Família (ESF) no contexto das comunidades quilombolas. Método: Trata-se de um estudo de caso, único e integrado de abordagem qualitativa. O cenário foram sete ESF em comunidades quilombolas na região metropolitana de Belo Horizonte/MG. Participaram sete enfermeiros e 59 moradores dos quilombos. A coleta de dados foi realizada no período de fevereiro a junho de 2018, mediante entrevistas individuais, entrevistas coletivas e observação. Os dados foram gravados e submetidos à Análise de Conteúdo. A pesquisa foi aprovada pelo comitê de ética da universidade (Parecer 2.285.857). Resultados: Os aspectos do cuidado transcultural foram identificados nas relações estabelecidas entre os profissionais e a comunidade. Notou-se a necessidade de conhecer e respeitar os valores culturais e religiosos, a importância de adaptar os Programas de Atenção Primária à Saúde a realidade da comunidade, e o reconhecimento do racismo estrutural como determinante das condições de saúde dessa população. Conclusão: Através do cuidado transcultural, o enfermeiro concretiza sua prática em conformidade com as necessidades apresentadas pelas comunidades quilombolas, considerando o contexto sociocultural e de vulnerabilidade dessa população.
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