BOM DIA FAVELA/BAND TV: O PAPEL DO CAPITAL PRIVADO NA “TRAMA” DA COMUNICAÇÃO COMUNITÁRIA NA TV ABERTA

  • Autor
  • LILIAN SABACK
  • Resumo
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    Este trabalho apresenta parte de uma pesquisa em andamento que busca identificar e conceituar o modo de fazer telejornalismo no primeiro programa da TV aberta totalmente produzido por moradores de favelas do Rio de Janeiro, o Bom dia Favela, da Band TV. O estudo conjuga dois campos da pesquisa em comunicação: a comunicação comunitária e a economia política da comunicação. Para este artigo, observa-se o modelo de negócio que conta com o patrocínio da empresa Águas do Rio, concessionária da Aegea, líder no setor privado de saneamento básico no Brasil. A proposta é compreender como o financiamento do capital privado é feito e se ele interfere na pauta comunitária do telejornal.

    A investigação é feita com a realização de entrevistas semiestruturadas (Duarte, 2009) e análise do conteúdo, feita a partir da aplicação do método parceiro de fazer telejornalismo (Saback, 2015), dos programas disponíveis no YouTube[1]. O “Bom dia Favela” é fruto da parceria da TV Bandeirantes com a Escola de Artes do Spanta, sediada favela Santa Marta, em Botafogo, um dos braços da Rio de Negócios, empresa impulsionadora de projetos sociais.  O elenco, como eles chamam a equipe técnica, reúne de 19 pessoas, 18 delas “crias” de favelas. Para este trabalho foram entrevistados o gestor do programa e, também, da Rio de Negócios, Henrique Castro, o diretor e editor-chefe, Rodrigo Felha, morador da Cidade de Deus, a apresentadora Joyce Alves e a produtora executiva Edlene Conrado, do Complexo do Alemão, a repórter Camila Monteiro, do Vidigal, e o editor de texto, Thiago Soares, o único que não vive em uma favela.

    O programa estreou no dia 4 de setembro de 2023 com a proposta de segunda a sexta, às 8h, veicular reportagens sobre questões de interesse dos moradores de comunidades cariocas. A edição do dia 13 de junho de 2024, ilustra a análise proposta neste artigo. Neste dia, o programa teve duas reportagens e um quadro de dicas culturais. A matéria que abriu apresentou a escritora Priscila de Jesus, a Ophah da Baixada, autora do livro “Trovoada”. A segunda uniu duas produções sobre a Festa Junina do Complexo do Alemão: uma recomendada feita pela apresentadora do Bom dia Favela e outra pela equipe do Voz das Comunidades. Fechando a edição o quadro “Brota lá” de dicas dadas pelos repórteres de dentro da redação do programa.

    A reportagem “Arraiá do Alemão” merece a atenção porque denuncia o tempo destinado ao patrocinador do programa e da festa junina, a empresa “Águas do Rio”. No total foram 10’30”. Joyce Alves fez uma reportagem que apresenta a ação da empresa no arraiá de forma cuidadosa e uma longa entrevista com o diretor de operações da empresa, Rodrigo Pereira. Na sequência, Joyce volta para o estúdio e passa para a reportagem de Letícia Lima que fala da festa, das atrações artísticas e entrevista Rodrigo Pereira. Embora a ação fosse importante, a duplicidade da entrevista evidencia a reprodução da lógica da mídia hegemônica na busca por sustentabilidade financeira.

     

     

  • Palavras-chave
  • COMUNICAÇÃO COMUNITÁRIA, BOM DIA FAVELA, JORNALISMO COMUNITÁRIO, FINANCIAMENTO, TV ABERTA
  • Modalidade
  • Comunicação oral
  • Área Temática
  • GT2 - Comunicação popular, alternativa e comunitária
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