VULNERABILIDADES COMUNICACIONAIS DE UMA ASSOCIAÇÃO DE DIREITOS INFANTOJUVENIS EM MACEIÓ

  • Autor
  • Laura Nayara Pimenta
  • Co-autores
  • Flávio Henrique Silva Santos
  • Resumo
  • A atividade extrativista realizada pela Braskem afetou gravemente cinco bairros de Maceió - Pinheiro, Mutange, Bebedouro, Farol e Bom Parto - e resultou no rompimento de uma das 35 minas (Mina 18) situadas às margens da Lagoa Mundaú, cujos impactos ainda estão sendo avaliados. Os bairros adjacentes aos cinco principais afetados, como é o caso de Chã de Bebedouro, encontram-se em estado de isolamento, principalmente pelo esvaziamento do entorno. Sofrem com a falta de apoio da empresa, com a desvalorização dos seus imóveis e convivem diariamente com o perigo do colapso das demais minas e com a violência que se instalou diante do abandono e do esvaziamento das comunidades, refletindo a lógica capitalista predatória que caracteriza a economia política da comunicação.

    Nessa conjuntura, o projeto de extensão Laboratório Colaborativo de Comunicação - CoLabCom, atua para construir conjuntamente estratégias de comunicação com coletivos, associações e projetos sociais das comunidades afetadas pelo referido desastre, engendrando o fazer acadêmico e o conhecimento popular advindo das vivências destas comunidades, em um processo mútuo de construção e aprendizado (PIMENTA & RODRIGUES, 2024). O projeto trabalha com dois coletivos: o Movimento Unificado das Vítimas da Braskem (MUVB) e a Associação da Criança e do Adolescente da Chã de Bebedouro (ACACB). 

    A ACACB, que será nosso foco neste texto, foi fundada na década de 1980 e iniciou suas atividades com a alfabetização de crianças da grota do Arranha-céu, no bairro Chã de Bebedouro. Tais crianças, muitas vezes provenientes de famílias desestruturadas e sem registro civil, viviam nas ruas expostas à criminalidade. Ao longo dos anos, os desafios da Associação mudaram, mas a preocupação com os direitos infantojuvenis permaneceu constante. Atualmente, as coordenadoras observam um aumento da violência contra crianças, discriminação social e drogadição, e, para enfrentar essas questões, desenvolvem atividades de alfabetização, rodas de conversa de sensibilização, oficinas culturais, aulas de esporte, entre outras.

    Além dessas vulnerabilidades, a ACACB também enfrenta problemas no âmbito da comunicação. Entendendo a comunicação tanto como constitutiva de uma comunidade e suas organizações quanto como criadora de vínculos e relações entre ela e outros públicos e atores (HENRIQUES, 2012), o CoLabCom realizou um diagnóstico comunicacional da ACACB, mapeou seus públicos, os vínculos que a Associação tem com eles e sistematizou os pontos mais delicados que precisam ser trabalhados para o fortalecimento dos vínculos do coletivo com os públicos mais estratégicos (LIMA, PEDRO & FARIA, 2022). Dentre esses pontos, destacam-se a falta de um porta-voz oficial da organização; o fraco relacionamento com a imprensa; a dificuldade de gestão das mídias sociais e de atrair novos voluntários e doadores.

     

    Ressaltamos a importância da comunicação como ferramenta estratégica para a resistência e a mobilização social, promovendo um diálogo crítico entre o conhecimento acadêmico e as vivências locais. A colaboração com a ACACB destaca a necessidade de fortalecer a comunicação institucional para assegurar a continuidade das ações sociais e a proteção dos direitos infantojuvenis, demonstrando como esta pode ser estratégica na criação de vínculos e no fortalecimento das comunidades frente aos desafios impostos pela exploração econômica desenfreada.

  • Palavras-chave
  • Vulnerabilidades; Comunicação Estratégica; Extensão Universitária; Economia Política da Comunicação.
  • Modalidade
  • Comunicação oral
  • Área Temática
  • Sessões Especiais em "Comunicação e Extensão"
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