As comunidades quilombolas, situadas à margem dos centros urbanos, enfrentam desafios no acesso à saúde no Brasil, resultado da falta de acesso adequado aos serviços de saúde, saneamento básico, alimentação balanceada, espaços esportivos, educação, cultura, entre outros. De outro lado, as tecnologias digitais têm o potencial de os auxiliares no acesso à informação sobre saúde para o autocuidado.
O cenário de oferta de informação em saúde tem figurado de forma jamais vista, como observamos nos últimos anos mediante a expansão da Internet. No Brasil, estima-se que mais de 30 milhões de pessoas utilizem informações digitais sobre saúde regularmente (Gianotti; Pellegrino; Wada, 2009). Uma pesquisa realizada pelo Instituto Datafolha constata que 47% dos brasileiros utilizam o buscador Google para ter informações sobre saúde, enquanto que apenas 42% dos entrevistados buscam um médico de confiança (ARTUR, 2023).
Se por um lado o acesso à informação na internet pode resultar em benefícios para promoção da saúde, de outro, quando o conteúdo da internet é aportado de má informação e seu público é desprovido das condições basilares para a sua seleção, compreensão, reflexão e uso, podemos ter como resultante, consequências que põem em risco a vida do próprio usuário.
Como um dos processos básicos para o fomento e a efetivação do autocuidado, o acesso à informação é destacado como fundamental. Para a promoção e preservação da saúde essa estratégia na redes digitais suscinta a imprescindível exposição seletiva da informação, compreensão da informação acessada, adesão à informação de melhor qualidade e mais adequada para cada indivíduo – paciente, e nesse ambiente formado por um ‘quase sem fim’ de informação, não há garantias de que o conteúdo consumido seja credível, confiável ou adequado para quem o procura.
Neste contexto, temos o objetivo com esse estudo de compreender os mecanismos de busca de informações em saúde por parte de uma comunidade quilombola tradicional em Sergipe, o Quilombo Porto D'Areia, seus motivos e modos de operação dos nexos das informações que são buscadas e consumidas. Para alcançar esse objetivo, realizamos 12 entrevistas em profundidade por meio do método da pesquisa qualitativo-interpretativa da Grounded Theory. Os resultados revelaram as razões de 1.falta de acesso adequado à saúde formal; 2.a falta de diálogo com os profissionais de saúde; 3.a dificuldade de compreender os profissionais de saúde; e 4.a facilidade de acesso e compreensão do conteúdo disponível na Internet como motivos para o uso das plataformas digitais como fonte de informação para o autocuidado.
Comissão Organizadora
Ulepicc-Brasil
Comitê Científico
Anderson David Gomes dos Santos (UFAL)
Aianne Amado Nunes da Costa (USP/UFS)
Ana Beatriz Lemos da Costa (UnB)
Arthur Coelho Bezerra (IBICT/UFRJ)
Carlos Eduardo Franciscato (UFS)
Carlos Peres de Figueiredo Sobrinho (UFS)
César Ricardo Siqueira Bolaño (UFS)
Chalini Torquato Gonçalves de Barros (UFRJ)
Eloy Santos Vieira (UFS)
Fernando José Reis de Oliveira (UESC)
Florisvaldo Silva Rocha (UFS)
Helena Martins do Rêgo Barreto (UFC/UFS)
Janaine Sibelle Freires Aires (UFRN)
Manoel Dourado Bastos (UEL)
Marcelo Rangel Lima (UFS)
Rafaela Martins de Souza (Universidade de Coimbra)
Renata Barreto Malta (UFS)
Rodrigo Moreno Marques (UFMG)
Rozinaldo Antonio Miani (UEL)
Verlane Aragão Santos (UFS)