A extensão universitária, como processo dialógico e transformador, é caracterizada por Paulo Freire (1977) como um espaço de encontro e troca entre a universidade e a comunidade ao seu redor. Nessa perspectiva, a extensão se torna um instrumento de inclusão, fundamental ao processo de transformação social (CORRÊA, 2003). Com isso, torna-se relevante que a indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão, conforme orienta a Constituição Federal de 1988, seja pautada tanto pelos interesses institucionais, como pelas demandas e necessidades político-sociais de seu entorno.
A partir da observação das necessidades do setor audiovisual local, inspirado no Observatório do Cinema e Audiovisual (OCA), da Agência Nacional do Cinema (ANCINE), e em outros organismos como este, foi criado em maio de 2023, o Observatório do Cinema e Audiovisual Capixaba (OCAC), projeto de extensão do Departamento de Comunicação Social da Universidade Federal do Espírito Santo. Diretamente relacionado aos planos de ensino e pesquisa apresentados por este docente à Instituição, o OCAC tem entre seus objetivos: o monitoramento contínuo das políticas públicas setoriais; a análise das chamadas públicas e seus impactos no desenvolvimento do setor audiovisual; a oferta de ações de formação para qualificação de agentes e gestores culturais; o mapeamento de empresas e trabalhadores do audiovisual, como também a geolocalização e distribuição do parque exibidor no Estado do Espírito Santo, visando a elaboração de um banco de dados que possa orientar a implementação de políticas públicas para o desenvolvimento do setor em escala regional e nacional. Observatórios com estas características, são apresentados por Albornoz & Hershcmann (2006), como do tipo think thank, cujas pesquisas e intervenções estão articuladas à orientação para “elaborac?a?o de poli?ticas pu?blicas, atrave?s da construc?a?o de diagno?sticos, avaliando o comportamento de um ou mais setores e/ou planejamento de projetos” (p.6).
Neste sentido, é objetivo desta comunicação a apresentação das ações e interações realizadas pelo OCAC em seu primeiro ano de existência, das quais, destacam-se: o monitoramento das ações de publicização realizadas no Estado para a implementação da Lei Paulo Gustavo, como também o acompanhamento e análise dos editais lançados; a organização e publicação de materiais científicos visando o fornecimento de dados, propostas e informações para o desenvolvimento de políticas públicas, como a Cartilha Propositiva do Movimento pela Infância e Audiovisual (MIA), entregue ao Conselho Superior de Cinema, em janeiro de 2024; a oferta de uma disciplina extensionista, aberta à toda comunidade universitária, dedicada à discussão sobre políticas culturais e participação social; além da realização de ações de formação realizadas em formato digital e presencial nas regiões Norte, Centro e Sul do Espírito Santo, buscando auxiliar e orientar agentes culturais de diversas regiões na elaboração e formatação de seus projetos para sua efetiva participação nas chamadas advindas da Lei Paulo Gustavo. Desta maneira, compreendemos e buscamos assumir a corresponsabilidade (HENRIQUES, 2006) da Universidade não só na análise, mas também na prática atitudinal necessária para uma efetiva transformação social.
Comissão Organizadora
Ulepicc-Brasil
Comitê Científico
Anderson David Gomes dos Santos (UFAL)
Aianne Amado Nunes da Costa (USP/UFS)
Ana Beatriz Lemos da Costa (UnB)
Arthur Coelho Bezerra (IBICT/UFRJ)
Carlos Eduardo Franciscato (UFS)
Carlos Peres de Figueiredo Sobrinho (UFS)
César Ricardo Siqueira Bolaño (UFS)
Chalini Torquato Gonçalves de Barros (UFRJ)
Eloy Santos Vieira (UFS)
Fernando José Reis de Oliveira (UESC)
Florisvaldo Silva Rocha (UFS)
Helena Martins do Rêgo Barreto (UFC/UFS)
Janaine Sibelle Freires Aires (UFRN)
Manoel Dourado Bastos (UEL)
Marcelo Rangel Lima (UFS)
Rafaela Martins de Souza (Universidade de Coimbra)
Renata Barreto Malta (UFS)
Rodrigo Moreno Marques (UFMG)
Rozinaldo Antonio Miani (UEL)
Verlane Aragão Santos (UFS)