SUSTENTABILIDADE ECONÔMICA DO JORNALISMO INDEPENDENTE NA AMÉRICA LATINA EM PERSPECTIVA COMPARADA

  • Autor
  • Robson Roque
  • Co-autores
  • Edgard Patrício
  • Resumo
  • Iniciativas de Jornalismo Independente têm obtido um renovado interesse acadêmico nos últimos anos. São projetos cujas origens e características estão relacionadas aos contextos nos quais estão inseridas. Argumentamos que iniciativas sob esta tipologia, especialmente da América Latina,  concebem o jornalismo como um propósito, mais do que uma ocupação (Hartley, 2008) ao perseguirem uma comunicação progressista. Em conjunto, promovem um retorno aos fundamentos da práxis jornalística (Kovach; Rosenstiel, 2012), privilegiando a investigação e a consequente responsabilização de pessoas e instituições, promovendo a pluralidade de pontos de vista sobre e diversificando os ecossistemas midiáticos. 

    Orientado comercialmente ou não, qualquer empreendimento jornalístico precisa encarar oportunidades e obstáculos inerentes ao financiamento de suas atividades. Os modelos de economia política das iniciativas variam conforme a organização e o país. Os contextos econômicos (Nielsen, 2019) são marcados por uma série de desafios, que vão desde a definição sobre em quais fontes de recursos focar até mudanças na identidade profissional do jornalista, que adquirem novas competências para lidar com a captação e gestão de recursos, a exemplo da participação em editais culturais fornecidos por governos. As iniciativas ainda correm alguns riscos, como a plataformização, ou seja, a dependência da infraestrutura fornecida pelo ecossistema de plataformas. Podem, ainda, tornarem-se editorialmente submissas a fundações privadas e doadores corporativos.

    A partir de uma Revisão Sistemática de Literatura (RSL), conjugada à Análise de Conteúdo, identificamos cinco dimensões para os estudos sobre o Jornalismo Independente: sociocultural e histórica, político-ideológica, tecnológica, jornalística e a dimensão do financiamento das iniciativas. A presente investigação se concentra nesta última, com a ressalva de que as cinco categorias não são estanques, mas se influenciam mutuamente. A investigação tem o objetivo de analisar empiricamente se a existência de áreas tecnológica e comercial, bem como o tempo de existência destes projetos são fatores significativos para sua sustentabilidade. São objetivos específicos: a) esboçar brevemente a evolução histórica de como o jornalismo tem sido produzido e financiado; b) identificar características, diferenças e semelhanças na forma como o Jornalismo Independente tem sido financiado; e c) discutir implicações, limitações e caminhos futuros possíveis, para a pesquisa acadêmica e para os projetos jornalísticos. 

    Análises estatísticas descritivas e inferenciais são usadas para examinar uma amostra de 177 projetos jornalísticos em cinco países latinoamericanos: Argentina (n= 41), Chile (n= 17), Colômbia (n= 52), México (n= 50) e Peru (n= 17). Os principais resultados indicam uma associação significativa entre ter pelo menos uma pessoa dedicada a captar e gerir recursos financeiros e a obtenção de receitas. 

    Análises de razão demonstraram que iniciativas com área comercial têm três maiores chances de obter receita se comparadas com projetos sem área comercial. Também há correlação significativa quanto ao número de pessoas existentes na área comercial e a obtenção de receitas. 

     

    Outros resultados dizem respeito a como as iniciativas independentes obtêm receitas, em termos de tipos e quantidades de fontes, e quanto a diversificação de fontes. Ao final, são discutidas as implicações das descobertas e apontados possibilidades para o futuro da pesquisa sobre a temática e indicadas sugestões para as iniciativas.

  • Palavras-chave
  • Jornalismo Independente; Sustentabilidade do Jornalismo; América Latina;
  • Modalidade
  • Comunicação oral
  • Área Temática
  • GT5 - Economia Política do Jornalismo
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