RELAÇÕES ENTRE FEMINISMO, MARXISMO E COMUNICAÇÃO

  • Autor
  • Gabriela Fernandes Silva
  • Co-autores
  • Anderson David Gomes dos Santos
  • Resumo
  •  

    Este trabalho visa oferecer uma perspectiva feminista sobre o conceito de forma-comunicação, analisando os fundamentos sociais do patriarcado na mídia. Para isso, será feita uma aproximação entre as discussões conceituais da Economia Política da Comunicação de César Bolaño (2000) e as teorias feministas de Roswitha Scholz (1996, 2013), com seu conceito de "dissociação-valor", e de Silvia Federici (2021, 2023), que explora a divisão sexual do trabalho e a interferência da acumulação primitiva nesse sentido. A questão central é provocar uma reflexão sobre como as categorias de opressão patriarcal não apenas influenciam, mas também constituem um aspecto fundamental do capitalismo, manifestando-se, portanto, na forma-comunicação.

    Assim sendo, este trabalho apresentará os fundamentos que estruturam a assimetria entre os sexos na comunicação como uma forma social, expandindo a análise além do estudo empírico e desenvolvendo uma discussão teórica sobre o problema. Pretendemos demonstrar que a assimetria entre os sexos vai além da mera questão da representação. Em vez disso, a desigualdade e a discriminação associadas a essa representação são resultado de uma estrutura social patriarcal e sexista, da qual a forma social da comunicação é uma manifestação.

    A pesquisa desenvolvida é caracterizada, então, como uma investigação básica, abordando o problema de maneira qualitativa e acessando sua documentação de forma indireta, concentrando-se em obras que exploram a relação entre patriarcado, capitalismo e comunicação. Textos de Bolaño, Bastos e Souza (2021) serão citados no decorrer do trabalho, a fim de ajudar a elucidar nossos pensamentos. Apresentamos a seguir, como resultados preliminares, alguns pontos essenciais nas teorias de cada autor.

    Federici argumenta que a crítica marxista à acumulação primitiva é essencial para uma política feminista, pois o capitalismo perpetua a subordinação das mulheres e a divisão sexual do trabalho. A exploração do trabalho reprodutivo não remunerado revela a persistência das desigualdades de gênero e raça. Ela critica a visão de que salário e divisão do trabalho são meramente campos de confronto entre capital e trabalho, destacando que são também mecanismos de poder e hierarquia.

    César Bolaño, por sua vez, utiliza o conceito de acumulação primitiva para examinar a informação em três contextos: a troca entre indivíduos no mercado, a relação hierárquica entre capitalista e trabalhador, e a colaboração horizontal entre trabalhadores. Bolaño descreve a apropriação do conhecimento dos trabalhadores pelo capitalista como “acumulação primitiva de conhecimento”, essencial para o desenvolvimento tecnológico capitalista.

    Já Roswitha Scholz critica a visão sexualmente neutra da crítica do valor e desenvolve a teoria da dissociação-valor, que considera a diferenciação de gênero como fundamental para a estrutura capitalista. Ela argumenta que atividades essenciais para a produção e reprodução da força de trabalho, embora não vistas como trabalho abstrato, são a base do valor.

    Sendo assim, a forma-comunicação deve ser entendida como diretamente influenciada pela desigualdade sexual e pela dissociação-valor, em vez de ser uma expressão neutra da autovalorização do valor.

     

  • Palavras-chave
  • Feminismo marxista, Economia Política da Comunicação, Forma-Comunicação
  • Modalidade
  • Comunicação oral
  • Área Temática
  • GT8 - Estudos Críticos sobre identidade, gênero e raça
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