A ELUSÃO DAS FORMAS E A COMUNICAÇÃO

  • Autor
  • Manoel Dourado Bastos
  • Resumo
  • Apresentamos um dos fundamentos teóricos desenvolvidos no Laboratório Cubo-UEL que buscam aprofundar a crítica dialética elaborada no interior da EPC por Bolaño (2000, 2015) no sentido do caráter imanente e substancial da crise do capital, conforme as elaborações de Grespan (2012) sobre a obra de Marx (2017a, 2014, 2017b): a “elusão das formas” como expressão da crise imanente do capital.

    Antes, tratávamos o processo como “confusão entre as formas”, o que perde o fundamento dialético da crise. A elusão das formas, por sua vez, se apresenta como expressão histórica da crise imanente do capital.

    A concepção de elusão aparece na obra principal de Ruy Mauro Marini (2022) ao abordar o procedimento “que corresponde al intento de burlar las leyes del mercado mediante la aplicación de las mismas” (Marini, 1981, p. 88). A troca desigual leva a movimentos que “eludan la ley del valor” (Marini, 1981, p. 34), de maneira que “el capital trata de burlala” (Marini, 1981, p. 33). Marini não está falando de uma ilusão (erro ou engano dos sentidos), mas de burla ou elusão (evitar algo com destreza por meio de um artifício).

    Afirmamos que esse aspecto característico das economias dependentes é uma expressão particular, no plano do mercado mundial, de contradições substanciais do capital. Marini (2022) aponta cada momento histórico da América Latina como um resultado concreto particular das contradições substanciais da lógica do capital. Destacamos que tais contradições substanciais devem ser reconhecidas como momentos da crise que, por sua vez, é um aspecto imanente ao capital, conforme Grespan (2012).

    Entendemos o contexto de reestruturação capitalista desdobrado a partir da 3ª Revolução Industrial - em que a financeirização e o neoliberalismo se tornam o centro das dinâmicas de acumulação e regulação e cujo pressuposto tecnológico está nas transformações da microeletrônica - como um desenrolar histórico da crise imanente do capital. Compreendemos que as formas sociais, como o Estado, são fundadas em suas próprias contradições, a partir das quais podem oferecer soluções ou alternativas para a crise substancial do capital e seu princípio de autovalorização do valor. O período histórico caracterizado como fordista-keynesiano encontrou no Estado tensões capazes de superar as limitações alcançadas pela dinâmica de livre mercado do capitalismo liberal. Estas tensões se desenvolveram até o seu próprio limite, recolocando no plano concreto, sob novas condições, as contradições substanciais da crise, gerando o processo de reestruturação capitalista.

    Se anteriormente as contradições do Estado se apresentaram como o encaminhamento para a superação dos limites concretamente postados do capital, na reestruturação capitalista o Estado é reconfigurado. Afirmamos que esta reconfiguração passa pela centralidade adquirida por esferas próprias do trabalho intelectual nas dinâmicas de acumulação e regulação. E esta centralidade opera nos termos da elusão: o limite alcançado pelas contradições do Estado é superado a partir da transposição de suas funções para a comunicação como forma social e a mediação capaz de concretizá-las.

    Já que a comunicação é uma forma que possui ela mesma suas próprias contradições, quais são os limites que se apresentam para o princípio de elusão?

  • Palavras-chave
  • forma social, elusão, crise
  • Modalidade
  • Comunicação oral
  • Área Temática
  • GT6 - Teoria e Epistemologia da Economia Política da Comunicação
Voltar Download
  • GT1 - Políticas de Comunicação
  • GT2 - Comunicação popular, alternativa e comunitária
  • GT3 - Indústrias midiáticas
  • GT 4 - Políticas culturais e economia política da cultura
  • GT5 - Economia Política do Jornalismo
  • GT6 - Teoria e Epistemologia da Economia Política da Comunicação
  • GT7 - Estudos Críticos em Ciência da Informação
  • GT8 - Estudos Críticos sobre identidade, gênero e raça
  • Sessões Especiais em "Comunicação e Extensão"

Comissão Organizadora

Ulepicc-Brasil

Comitê Científico

Anderson David Gomes dos Santos (UFAL)

Aianne Amado Nunes da Costa (USP/UFS)

Ana Beatriz Lemos da Costa (UnB)

Arthur Coelho Bezerra (IBICT/UFRJ)

Carlos Eduardo Franciscato (UFS)

Carlos Peres de Figueiredo Sobrinho (UFS)

César Ricardo Siqueira Bolaño (UFS)

Chalini Torquato Gonçalves de Barros (UFRJ)

Eloy Santos Vieira (UFS)

Fernando José Reis de Oliveira (UESC)

Florisvaldo Silva Rocha (UFS)

Helena Martins do Rêgo Barreto (UFC/UFS)

Janaine Sibelle Freires Aires (UFRN)

Manoel Dourado Bastos (UEL)

Marcelo Rangel Lima (UFS)

Rafaela Martins de Souza (Universidade de Coimbra)

Renata Barreto Malta (UFS)

Rodrigo Moreno Marques (UFMG)

Rozinaldo Antonio Miani (UEL)

Verlane Aragão Santos (UFS)