REPRESENTAÇÕES DO TRANSTORNO AFETIVO BIPOLAR SOB UMA PERSPECTIVA DE GÊNERO NA SÉRIE SPIN OUT: ANÁLISE DE IMAGENS EM MOVIMENTO

  • Autor
  • Laila Jesus Santos
  • Co-autores
  • Renata Barreto Malta
  • Resumo
  • Representações são construídas, estimuladas e absorvidas pelo imaginário popular, com potencial para produzir efeitos diversos a curto, médio e longo prazo. Marcadores como gênero e loucura, por exemplo, ainda hoje colhem os frutos de representações midiáticas irresponsáveis. Sendo assim, as diferentes formas como os atravessadores de gênero e loucura são abordados na mídia interferem direta ou indiretamente na forma como os estereótipos, que inferiorizam e limitam social e politicamente diferentes grupos, chegam ao público. Por isso, tendo em vista o impacto que os debates de gênero e saúde mental têm numa sociedade marcadamente patriarcal e psicofóbica, sobretudo no contexto do consumo midiático potencializado com o streaming, o presente estudo tem como objetivo compreender como acontecem as representações do Transtorno Afetivo Bipolar sob uma perspectiva de gênero na série Spin Out. 

    A proposta do presente estudo é responder o questionamento: o modo como a ficção televisiva seriada expõe os sintomas e as características do Transtorno Bipolar nas mulheres reproduz estereótipos potencialmente problemáticos? A partir da busca por responder a essa pergunta, temos como objetivo analisar os aspectos visual e sonoro da série, elencar eixos categóricos representativos e confrontá-los com a visão de profissionais de saúde mental. Para tanto, foi usada como metodologia a Análise de Imagens em Movimento, de Diane Rose (2002), com suporte posterior da entrevista semiestruturada com três profissionais de saúde mental, um psiquiatra e dois psicólogos, que analisaram e comentaram cada eixo categórico individualmente. 

    Para dar aporte teórico à metodologia, apostamos em autoras que trabalhassem a perspectiva da representação feminina, como Marcela Lagarde Y De Los Rios (2005) e Ana Carolina Maoski (2020). A grande contribuição de Lagarde Y De Los Rios foi a categorização de cinco espaços representativos que a mulher ocupa na estrutura patriarcal: as madresposas, putas, santas, presas e loucas. Enquanto isso, as contribuições de Maoski aconteceram no âmbito da familiaridade com o objeto, posto que a autora analisou um movimento semelhante, a representação do encarceramento feminino em novelas da Globo. Além desses dois grandes pilares, também enriquecemos nosso arcabouço teórico embasando os conceitos de representação e estereótipo, com Stuart Hall (2016), e se debruçando sobre o que constitui a loucura, com Michel Foucault (1978). 

    Como resultados, notamos que a série cria representações cientificamente coerentes com a realidade de pacientes mulheres, sobretudo nos eixos categóricos que abordam episódios de crise e automutilação. Todavia, a produção audiovisual se equivoca justamente na representação de momentos mais vulneráveis do transtorno, aqueles que, de fato, buscam traduzir visualmente o que é a doença. Em alguns momentos, as representações de crises das personagens remetem ao imaginário de histeria que associa mulheres à loucura de forma patologizante e degradante. Além disso, um último fator de preocupação foi a ausência de pedidos de ajuda na série, que coloca as personagens na posição de solidão e inexistência de uma rede de apoio, que as fada para o fracasso e para o movimento cíclico de crises. Por fim, pontuamos a relevância de produções audiovisuais que busquem representar de modo responsável transtornos de saúde mental.

  • Palavras-chave
  • Representação da loucura; Gênero; Estereótipo; Transtorno afetivo bipolar; Análise da Imagem em Movimento.
  • Modalidade
  • Comunicação oral
  • Área Temática
  • GT8 - Estudos Críticos sobre identidade, gênero e raça
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