Mesmo após um ano do lançamento da 1ª temporada da adaptação televisiva de The Last of Us (TLOU) pela HBO, baseada na famosa franquia de games do mesmo nome, uma parcela de seus fãs ainda discute, nas mídias sociais, o "polêmico" terceiro episódio da série. Nesse episódio, a expansão narrativa dos personagens Bill e Frank, interpretados por Nick Offerman e Murray Bartlett, mostra suas vidas como um casal homossexual em um ambiente pós-apocalíptico. O episódio sofreu o fenômeno do “review bombing” na famosa base de dados audiovisuais ‘IMDb’ (Internet Movie Database). Assim, com o intuito de verificar como esse ‘ódio’ ao episódio ainda persiste mesmo após um ano do lançamento da adaptação, considerando também o entendimento desses ‘anti-fãs’ enquanto audiência e a sua relação com um produto audiovisual, nesse caso, TLOU, o presente artigo busca analisar a recepção negativa dos ‘fãs’ através de um post realizado no Instagram oficial da HBO (@hbo), que possui 5,6 milhões de seguidores, em colaboração com o perfil da série (@thelastofus), com 1,4 milhão de seguidores, e a cantora Linda Ronstadt (@lindaronstadtmusic), com 145 mil seguidores.
Publicado no dia 14 de fevereiro de 2024, data comemorativa do dia dos namorados e também dia de São Valentim, sob a legenda ‘Send this to someone you love’ (em tradução livre, “Envie isso para alguém que você ama”), o vídeo traz uma cena do terceiro episódio da série, no qual Bill (Nick Offerman) faz um cover de piano da música ‘Long Long Time’ (que também dá nome ao episódio), originalmente interpretada pela própria Linda, para o seu amado Frank (Murray Barlett) enquanto se emocionam juntos. Até o presente momento do artigo, a postagem possui 82 mil curtidas e 856 comentários. Realizando uma análise de conteúdo, detectamos que, entre os diversos elogios e reações positivas, há cerca de 50 respostas em caráter de desapontamento, haters dos haters e hatewatching, conforme Grey (2019), que serão exploradas na etapa de resultados.
Pudemos categorizar a recepção do público em relação ao enfoque narrativo dos personagens, identificando tanto tensionamentos moderados quanto comentários repressivos e preconceituosos, que contrariam a mensagem inclusiva que a série buscou transmitir ao expandir as histórias da obra original. Ao entender que essas adaptações de videogames e outras mídias são, na verdade, transposições (Garcia e Mussa, 2014), esta análise mostra como a comunidade de fãs não é um consumidor soberano nas decisões em como essas adaptações devem ser feitas, mesmo possuindo grande relação com produtos culturais (Costa, 2018). Ela ainda precisa refletir que os tensionamentos acerca do seu comportamento de ódio online possuem consequências e entender que o consumo de produtos culturais como TLOU da HBO não se limitarão a contar uma história idêntica, mas sim a manter seus elementos principais enquanto expandem e introduzem novas questões quando necessário, principalmente ao abraçar temáticas relacionadas à diversidade, sob o intuito de atingir novas audiências, ao mesmo tempo que também se envolve com seu fandom e os seus comportamentos nas mídias digitais.
Comissão Organizadora
Ulepicc-Brasil
Comitê Científico
Anderson David Gomes dos Santos (UFAL)
Aianne Amado Nunes da Costa (USP/UFS)
Ana Beatriz Lemos da Costa (UnB)
Arthur Coelho Bezerra (IBICT/UFRJ)
Carlos Eduardo Franciscato (UFS)
Carlos Peres de Figueiredo Sobrinho (UFS)
César Ricardo Siqueira Bolaño (UFS)
Chalini Torquato Gonçalves de Barros (UFRJ)
Eloy Santos Vieira (UFS)
Fernando José Reis de Oliveira (UESC)
Florisvaldo Silva Rocha (UFS)
Helena Martins do Rêgo Barreto (UFC/UFS)
Janaine Sibelle Freires Aires (UFRN)
Manoel Dourado Bastos (UEL)
Marcelo Rangel Lima (UFS)
Rafaela Martins de Souza (Universidade de Coimbra)
Renata Barreto Malta (UFS)
Rodrigo Moreno Marques (UFMG)
Rozinaldo Antonio Miani (UEL)
Verlane Aragão Santos (UFS)