Com o intuito de fomentar um debate sobre o letramento transmidiático, a Rede de Pesquisa em Narrativas Midiáticas e Práticas Sociais vem promovendo ações de extensão desde 2023 para instruir e incentivar o pensamento crítico dos adolescentes sobre os usos das mídias. Em Salvador foi realizado um Cine-debate com o tema "Interações mediadas pelas tecnologias digitais - reflexões para uma educação midiática"; já em Brasília foi mediada uma oficina de criação de conteúdo para o TikTok relacionado a segurança e boas práticas na internet.
Em Alagoas, foram desenvolvidas duas sessões da oficina de produção de podcast sobre internet segura - o que discutiremos no trabalho ora apresentado. A oficina ocorreu na Escola Estadual Princesa Isabel e no Instituto Federal de Alagoas. Elegemos como público-alvo os estudantes do ensino médio.
Tendo em vista o aumento exponencial do uso das Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs) para interlocução com suas redes sociais, surge como consequência a exposição involuntária, onde, segundo Nejm e Ribeiro (2019) também cresce o volume de dados e metadados que as empresas proprietárias dos serviços coletam sobre as interações nos ambientes digitais. É necessário então promover uma reflexão crítica da agência das plataformas de mídias sociais nas normas sociais e culturais dos adolescentes.
Por outro lado, Zuboff (2019, p. 420) crítica a “instrumentação e instrumentalização do comportamento para propósitos de modificação, predição, monetização e controle”, referindo-se ao uso indiscriminado e da inaptidão dos usuários de discernir as consequências diretas ou indiretas do seu comportamento. A exemplo de situações cujos adolescentes são expostos a comportamentos preconceituosos, ofensivos ou violentos nas mídias sociais, além de ter imagens e vídeos vazados sem autorização.
A opção pela linguagem do podcast considerou o fato de se tratar de um formato consumido por esse público, auxiliando a transmissão do conhecimento em um processo de aprendizagem participativa (Freire, 1983). A oficina propôs o formato mesacast - considerando a facilidade na produção e na sua capacidade de comunicar com a audiência da escola. Ao final da oficina os estudantes puderam criar um conteúdo relevante e envolvente para compartilhar com a comunidade escolar.
Em seu cronograma, os estudantes inicialmente debateram sobre o que seria uma internet segura, apontando experiências e relatando casos. Em seguida, propomos a produção de cartazes para debater formas de prevenção, mediação e denúncia a partir de cinco temas: perfil falso, invasão de celular, exposição de nudes, bullying e racismo. Esses cartazes foram o ponto de partida para o desenvolvimento dos roteiros dos episódios dos podcasts. Após as gravações, encerramos com a edição do conteúdo e uma roda de conversa.
Ao estarem imersos em debates críticos e envolvidos na produção de podcasts, os participantes de Alagoas podem vir a se tornar agentes de mudança em suas redes. Dessa forma, esperamos contribuir para a formação de adolescentes mais conscientes do impacto da tecnologia em suas vidas, promovendo um uso mais responsável e seguro. Além disso, pudemos expandir a percepção acerca das competências transmidiáticas dos adolescentes relacionadas ao aspecto da prevenção de riscos (Scolari, 2018).
Comissão Organizadora
Ulepicc-Brasil
Comitê Científico
Anderson David Gomes dos Santos (UFAL)
Aianne Amado Nunes da Costa (USP/UFS)
Ana Beatriz Lemos da Costa (UnB)
Arthur Coelho Bezerra (IBICT/UFRJ)
Carlos Eduardo Franciscato (UFS)
Carlos Peres de Figueiredo Sobrinho (UFS)
César Ricardo Siqueira Bolaño (UFS)
Chalini Torquato Gonçalves de Barros (UFRJ)
Eloy Santos Vieira (UFS)
Fernando José Reis de Oliveira (UESC)
Florisvaldo Silva Rocha (UFS)
Helena Martins do Rêgo Barreto (UFC/UFS)
Janaine Sibelle Freires Aires (UFRN)
Manoel Dourado Bastos (UEL)
Marcelo Rangel Lima (UFS)
Rafaela Martins de Souza (Universidade de Coimbra)
Renata Barreto Malta (UFS)
Rodrigo Moreno Marques (UFMG)
Rozinaldo Antonio Miani (UEL)
Verlane Aragão Santos (UFS)