COBERTURA JORNALÍSTICA DE EDUCAÇÃO: ELEMENTOS DE UMA ECONOMIA POLÍTICA DA COMUNICAÇÃO

  • Autor
  • Lucas Lima Souza
  • Resumo
  • Entende-se que nas últimas décadas o jornalismo passou por revoluções de cunho sociais e econômicas que mudaram drasticamente seu modo de produção. Com a inserção de novas tecnologias de comunicação e alterações no modelo de negócio, o jornalismo enfrenta desafios que comprometem o desempenho do seu papel social na sociedade que é apontado pelas teorias do jornalismo.

    Essas mudanças são percebidas diretamente na rotina da cobertura noticiosa que produz produtos jornalísticos de qualidade questionável, impossibilitados da realização de uma mediação entre informação e sociedade marcada pela criticidade que possa promover, o que Figueiredo (2019), chama de emancipação dos sujeitos por meio de um jornalismo emancipatório.

    A partir desse cenário, este resumo busca evidenciar esse fenômeno por meio de uma aproximação da teoria crítica com a Economia Política da Comunicação (EPC), proposta por Figueiredo (2019), em um exercício de correlação com o jornalismo especializado em educação, buscando compreender as mudanças sociais e econômicas que transformaram o jornalismo, deixando-o no estado atual.

    Figueiredo (2019) compara essa rotina produtiva do jornalismo com o regime de acumulação capitalista fordista/taylorista, destacando a especialização dos trabalhadores em etapas específicas. Ele observa que os jornalistas seguiram jornadas segmentadas em áreas temáticas, denominando isso 'jornalismo manufatureiro'.

    A partir da década de 1970, transformações ocorreram com a introdução de computadores nas redações nos anos 1980 e softwares de edição nos anos 1990. A internet e a convergência tecnológica impactaram as redações e a gestão das empresas jornalísticas. Com a publicidade migrando para o digital, a lucratividade das empresas caiu. Desde os anos 1990, muitos postos foram eliminados, e os jornalistas passaram a produzir para diversos meios, aumentando suas jornadas sem aumento salarial (FIGUEIREDO, 2019, p. 19).

    Observando o mesmo contexto, Bolaño (2006) aponta que mudanças significativas afetaram as rotinas e a atividade jornalística, com processos de desqualificação e requalificação. A internet trouxe agilidade inédita, criando um ciclo incessante de produção de notícias em tempo real. Franciscato (2004) observa que a pressão para produzir continuamente compromete a qualidade do jornalismo, limitando investigações detalhadas. O hipertexto nos jornais online rompe com as noções clássicas de espaço e tempo, facilitando a conexão de conteúdos diversos, mas exigindo maior esforço e habilidades técnicas dos jornalistas.

    Desse modo, as múltiplas atividades dos jornalistas exigem formação que acompanhe a necessidade de produzir mais em menos tempo. É crucial discutir a capacitação dos profissionais para abordar temas de forma eficiente. Monteiro e Gonçalves (2013) apontam que os jornalistas brasileiros frequentemente não têm a formação adequada para tratar a educação com profundidade, explicando a escassez de editorias especializadas no tema.

     

    Esse cenário é visto na produção especializada do jornalismo, assim como na cobertura de educação. Autores como Pereira (2009) e Monteiro e Gonçalves (2013) argumentam que existe na agenda midiática, representada pelo jornalismo, uma ausência de uma cobertura detalhada, capaz de informar questões complexas e importantes relacionadas ao sistema educacional. Essas questões acabam não recebendo a atenção necessária, perpetuando uma visão limitada e, muitas vezes, distorcida da realidade educacional do país.

  • Palavras-chave
  • Jornalismo Especializado em Educação, Economia Política da Comunicação, Teoria Crítica, Rotina de Produção
  • Modalidade
  • Comunicação oral
  • Área Temática
  • GT5 - Economia Política do Jornalismo
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