O trabalho jornalístico em uma TV Pública: o caso Aperipê

  • Autor
  • Aline da Silva Souza
  • Co-autores
  • Carlos Figueiredo
  • Resumo
  • O presente texto investiga as pressões sofridas por jornalistas na TV Aperip?, TV pública ligada ao Governo Estadual de Sergipe. O marco teórico utilizado é a Teoria Crítica do Jornalismo (FIGUEIREDO, 2019) que busca a interdisciplinaridade entre as Economia Política da Comunicação (EPC) e as teorias do jornalismo. Portanto partimos da constatação de que o jornalista é um trabalhador cujo trabalho é produzir mediações que se materializam em notícias. Entretanto, no caso analisado aqui, os jornalistas não são trabalhadores cujo trabalho está subsumido ao capital seja para realizar trabalho produtivo ou improdutivo, mas trabalhadores improdutivos pago pelo Estado para idealmente garantir o direito de informação ao cidadão sergipano dentro do espírito de complementaridade sistemas público, estatal e privado de comunicação.
    Bolaño (2000) toma o audiovisual – tecnologia que representa o ápice da comunicação de massa do século XX – como paradigma para analisar a Indústria Cultura, que surge com o advento do Capitalismo Monopolista. Dessa forma, Bolaño realiza uma derivação lógica da informação a partir da forma social mais elementar dentro sistema capitalista, a mercadoria, até chegar à Indústria Cultural e suas funções: publicidade, que realiza a mediação entre mercado e consumidores; e propaganda, responsável pela mediação entre Estado e cidadãos. Uma terceira função chamada programa responsável por adicionar elementos do cotidiano e da cultura popular é necessária para tornar a comunicação persuasiva – característica própria da comunicação nesse momento do capitalismo – e atrair as audiências.
    Dessa forma, as TVs públicas e estatais europeias sempre serviram de modelo como ponto de partida para construção de sistemas públicos de comunicação. Construídas no pós-guerra, essas instituições complementavam os sistemas privados de comunicação e, inicialmente, tinham o monopólio da radiodifusão em países como França, Inglaterra e Alemanha, principalmente devido ao temor decorrente do uso nazista do rádio como no caso da Alemanha (POTSCHKA, 2012). Muitas empresas públicas de comunicação produzem conteúdos jornalísticos considerados modelo de jornalismo de excelência como no caso da BBC (LEAL, 19997). Entretanto, mesmo na BBC, o jornalismo público não pode ser considerado contra-hegemônico, pois ainda segue os mesmos valores ideológicos hegemônico do jornalismo mainstream.
    Assim reconhecemos que iniciativas como a TV Brasil estão longe de apresentar o objetivo primeiro de construir um sistema público de comunicação nos moldes e com a qualidade do Reino Unido (LOPES, 2015), mas também não caímos no moralismo - como faz Bucci (2012) - de considerar que o sistema público de comunicação brasileiro é deficitário apenas ou principalmente devido ao seu uso partidário pelo partido governante do momento. Defendemos que a subordinação do trabalho jornalístico é própria da Indústria Cultural como a conhecemos, o grau em que isso se dará se deve a particularidades de cada sistema particular. Dessa forma, detectamos - a partir de seis entrevistas semiestruturadas com funcionários da TV Aperipê em 2018 - que a subordinação partidária acontece naquela instituição. A instituição é utilizada seja para se defender da cobertura do jornalismo privado sergipano - grande parte de propriedade de grupos políticos - seja para enaltecer o governante do momento.

  • Palavras-chave
  • Trabalho, TV Pública, Jornalismo
  • Modalidade
  • Comunicação oral
  • Área Temática
  • GT5 - Economia Política do Jornalismo
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