NEGACIONISMOS CLIMÁTICOS: CONCEITOS E TIPOLOGIAS DOS DISCURSOS DE INAÇÃO NO CLIMA

  • Autor
  • Julia Dias
  • Co-autores
  • Liz-Rejane Issberner
  • Resumo
  • As mudanças climáticas são um dos principais desafios de nosso tempo. A urgência do problema se revela diariamente com notícias sobre recordes de temperaturas superados a cada ano. No último ano (julho de 2023 a junho de 2024) ultrapassamos pela primeira vez por 12 meses consecutivos a meta de 1,5oC de aumento da temperatura comparada ao período pré-industrial (CLIMAINFO, 2024) e 2023 foi o ano mais quente em 100 mil anos (CALGARO, 2024). E as previsões da ciência estimam que as temperaturas devem continuar a subir e atingir em média um valor de cerca de 2,4 a 2,6°C acima do período pré-industrial até o final deste século, se os atuais compromissos climáticos dos países forem mantidos e cumpridos (PNUMA, 2022). No entanto, a urgência contida nos alertas científicos e o fato de que os eventos extremos estão ocorrendo com cada vez mais frequência e intensidade, não parece se traduzir em ações concertadas e em políticas públicas necessárias. Além das dificuldades políticas, econômicas e internacionais que esse desafio coloca, um dos fatores que afeta a tomada de decisões é justamente a falta de percepção da urgência do problema ou mesmo sua negação por completo. 

    O negacionismo climático tem sido cada vez mais pesquisado e debatido. Em fóruns mundiais, a desinformação e a crise climática são apontadas como dois dos maiores desafios enfrentados pela humanidade atualmente (WEF, 2024) e a Unesco lançou este ano uma iniciativa, em conjunto com a presidência do Brasil no G20, para a integridade da informação sobre o clima (G20, 2024). No entanto, para se enfrentar melhor a desinformação e o negacionismo climático é necessário compreendê-los e defini-los bem.

    O objetivo deste trabalho é identificar e sistematizar a literatura internacional sobre o negacionismo climático e suas tipologias (LAMB ET AL., 2020; MCKIE, 2019; OREKES & CONWAY, 2010; WEART, 2011; COOK, 2018; MANN, 2021). Para tanto, parte-se do referencial teórico sobre o Antropoceno (CHAKRABARTY, 2015;  ISSBERNER; LÉNA, 2018; DANOWSKI, 2012; HULME, 2009), para a partir daí discutir o negacionismo climático e suas variações. A proposta é entender o negacionismo climático desde seu surgimento, ainda como ceticismo climático, até sua evolução para discursos atuais que não negam necessariamente as mudanças climáticas ou suas causas antropogênicas, mas buscam adiar qualquer ação.

     

    O entendimento deste trabalho é que o uso do termo negacionismo climático abarca dois fenômenos diferentes, mas complementares. O primeiro, de ordem mais psicológica e filosófica, busca explicar a inação climática pela dificuldade de lidar com um fenômeno tão complexo quanto o Antropoceno . O segundo, de ordem político - discursiva, coloca seu foco nos principais discursos de negação das mudanças climáticas, suas variações e derivações, buscando entender suas tipologias e também a que interesses eles servem.

  • Palavras-chave
  • Negacionismo, mudanças climáticas, desinformação, antropoceno
  • Modalidade
  • Comunicação oral
  • Área Temática
  • GT7 - Estudos Críticos em Ciência da Informação
Voltar Download
  • GT1 - Políticas de Comunicação
  • GT2 - Comunicação popular, alternativa e comunitária
  • GT3 - Indústrias midiáticas
  • GT 4 - Políticas culturais e economia política da cultura
  • GT5 - Economia Política do Jornalismo
  • GT6 - Teoria e Epistemologia da Economia Política da Comunicação
  • GT7 - Estudos Críticos em Ciência da Informação
  • GT8 - Estudos Críticos sobre identidade, gênero e raça
  • Sessões Especiais em "Comunicação e Extensão"

Comissão Organizadora

Ulepicc-Brasil

Comitê Científico

Anderson David Gomes dos Santos (UFAL)

Aianne Amado Nunes da Costa (USP/UFS)

Ana Beatriz Lemos da Costa (UnB)

Arthur Coelho Bezerra (IBICT/UFRJ)

Carlos Eduardo Franciscato (UFS)

Carlos Peres de Figueiredo Sobrinho (UFS)

César Ricardo Siqueira Bolaño (UFS)

Chalini Torquato Gonçalves de Barros (UFRJ)

Eloy Santos Vieira (UFS)

Fernando José Reis de Oliveira (UESC)

Florisvaldo Silva Rocha (UFS)

Helena Martins do Rêgo Barreto (UFC/UFS)

Janaine Sibelle Freires Aires (UFRN)

Manoel Dourado Bastos (UEL)

Marcelo Rangel Lima (UFS)

Rafaela Martins de Souza (Universidade de Coimbra)

Renata Barreto Malta (UFS)

Rodrigo Moreno Marques (UFMG)

Rozinaldo Antonio Miani (UEL)

Verlane Aragão Santos (UFS)