INTERNET E PLATAFORMAS DIGITAIS: ENTRE A AMPLIAÇÃO E O CONTROLE DAS ALTERNATIVAS COMUNICATIVAS POPULARES

  • Autor
  • Rozinaldo Antonio Miani
  • Resumo
  • Quando a internet passou a ser explorada de modo comercial, predominantemente, a partir do início da década de 1990, e possibilitou o desenvolvimento da comunicação em rede, o entusiasmo - e até mesmo um deslumbramento - com as suas potencialidades foi inevitável, principalmente, entre acadêmicos e estudiosos, a exemplo de Pierre Levy (1994; 1995; 1997). Ao mesmo tempo em que tais potencialidades foram se revelando ainda mais estimulantes, a percepção de que nem tudo poderia ser “nobre” e nem resultar em benefícios voltados para propósitos “humanitários” também começou a ser admitida.

    Nesse contexto, o que apresentamos como problemática para este estudo é verificar como a internet tem sido apropriada pelos movimentos sociais e pelas organizações populares e que tipo de implicações políticas essa apropriação tem produzido nas suas respectivas compreensões do como e do que fazer em termos de comunicação. Como partimos do pressuposto de que a comunicação produzida por movimentos sociais e organizações populares se caracterizam, predominantemente, por sua natureza contra-hegemônica - e, nesse sentido, identificadas como expressões de comunicação popular e comunitária (MIANI, 2010; 2011) - a principal questão que apresentamos pode ser assim enunciada: quais as implicações políticas da apropriação da internet e das plataformas digitais no pensar e fazer comunicação por parte das organizações sociopolíticas contra-hegemônicas?

    Tomando como referência uma determinada concepção de movimentos sociais (Scherer-Warren, 1984; MANCE, 1991) e admitindo suas diferentes formas de organização contemporâneas (Scherer-Warren, 2014), bem como considerando que o movimento sindical é parte constitutiva do amplo espectro dos movimentos sociais, defendemos que a comunicação se constitui como uma das principais estratégias políticas dessa referida perspectiva político-ideológica de movimentos sociais.

    Nesse sentido, a partir de um acompanhamento exploratório da dinâmica das produções comunicativas de alguns movimentos sociais em geral e de algumas entidades do movimento sindical em particular é possível perceber que, na atualidade, uma expressiva parcela desses movimentos concentra sua produção comunicativa direcionada para o ambiente da internet ou das plataformas digitais, em especial, as redes sociais.

    Se por um lado, a presença dessas organizações sociopolíticas no ambiente virtual impulsionou importantes iniciativas comunicativas - inclusive, algumas muito exitosas - potencializando a ampliação das experiências comunicativas populares, não podemos negligenciar o fato de que houve certa uniformização em termos de produção comunicativa popular ao ponto de determinados sindicatos e movimentos sociais se utilizarem unicamente desse tipo de prática comunicativa, abandonando outras possibilidades e canalizando os esforços criativos apenas para o ambiente da internet e das plataformas digitais.

    Além disso, a “sujeição espontânea” por parte das organizações sociopolíticas contra-hegemônicas aos ditames da ordem tecnológica digital em seu fazer comunicativo (a ponto de soar como sacrilégio não se submeter e, mais do que isso, não priorizar o universo das plataformas digitais para impulsionar sua comunicação) põe em risco a própria autogestão política de suas práticas comunicativas em razão de o controle do fluxo de informações promovido pela lógica dos algoritmos determinar, em última instância, aquilo que o receptor (em especial, o sujeito das classes subalternas) vai consumir como informação.

  • Palavras-chave
  • Comunicação popular e comunitária; movimentos sociais; plataformas digitais; internet.
  • Modalidade
  • Comunicação oral
  • Área Temática
  • GT2 - Comunicação popular, alternativa e comunitária
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