Ao passo que novas ferramentas são disponibilizadas para uso do público geral, como ferramentas de Inteligência Artificial (IA) generativa, surgem novos desafios para o combate a desinformação. Nos dias de hoje, podemos destacar o uso dessas ferramentas nas eleições americanas de 2024, disputadas inicialmente por Joe Biden e Donald Trump e atualmente por Kamala Harris e Donald Trump. Também é possível destacar que, por mais que as chamadas Big Techs vendam uma imagem de neutralidade, há motivos para desconfiar dessa aparência.
Exemplos de casos de desinformação espalhada por ferramentas de IA no contexto eleitoral dos Estados Unidos incluem o Chat GPT e o Microsoft Copilot respondendo aos usuários que haveria um delay maior do que o habitual, em um caso afirmando que a demora se daria para propiciar edições na transmissão (Forbes, 2024). Conteúdos como esse ultrapassam travas de segurança pensadas na programação e no treinamento de ferramentas, o que poderia ser alterado, como ficou claro após o Midjourney, ferramenta de inteligência artificial generativa focada na geração de imagens, bloquear a geração de imagens que remetam ao rosto dos dois candidatos à presidência - na época, Joe Biden e Donald Trump (APnews, 2024).
Como afirma Bezerra (2024), a ideia de neutralidade em códigos e produtos de Big Techs é falaciosa, já que a mediação de algoritmos é parte integrante do processo de escrita e criação de produtos tecnológicos, incluindo produtos de IA. Por trás do desenvolvimento de códigos, do treinamento de modelos de aprendizagem de máquina ou da concepção dos produtos, há pessoas reais com suas ideologias e vieses.
Nesse sentido, esta pesquisa objetiva apresentar os desafios do uso da IA generativa no processo eleitoral norte-americano e, especificamente, alertar para os impactos do dataísmo para a fé cega no uso de ferramentas como o ChatGPT. Espera-se que a pesquisa consiga demonstrar o uso de deepfakes na campanha eleitoral dos candidatos à presidência nos Estados Unidos em 2024, especialmente por parte dos apoiadores da extrema direita. Ao verificarmos o potencial de manipulação da verdade mediante expedientes tecnológicos desenvolvidos com o intuito de obter vantagens e influenciar no resultado de eleições, apresentamos o “dataísmo” - a crença e confiança na neutralidade da tecnologia que se caracteriza como uma espécie de fé nos dados - como um fenômeno que tende a ampliar o problema da desinformação gerada por IA. Conclui-se que é necessário observar com proximidade os movimentos de desinformação por meio do uso de deepfakes durante processos eleitorais, com destaque para a próxima eleição presidencial de 2026 no Brasil. É necessário que existam regulamentações que possam diminuir a difusão de conteúdos desinformativos gerados por IA com objetivo de enganar os eleitores.
Comissão Organizadora
Ulepicc-Brasil
Comitê Científico
Anderson David Gomes dos Santos (UFAL)
Aianne Amado Nunes da Costa (USP/UFS)
Ana Beatriz Lemos da Costa (UnB)
Arthur Coelho Bezerra (IBICT/UFRJ)
Carlos Eduardo Franciscato (UFS)
Carlos Peres de Figueiredo Sobrinho (UFS)
César Ricardo Siqueira Bolaño (UFS)
Chalini Torquato Gonçalves de Barros (UFRJ)
Eloy Santos Vieira (UFS)
Fernando José Reis de Oliveira (UESC)
Florisvaldo Silva Rocha (UFS)
Helena Martins do Rêgo Barreto (UFC/UFS)
Janaine Sibelle Freires Aires (UFRN)
Manoel Dourado Bastos (UEL)
Marcelo Rangel Lima (UFS)
Rafaela Martins de Souza (Universidade de Coimbra)
Renata Barreto Malta (UFS)
Rodrigo Moreno Marques (UFMG)
Rozinaldo Antonio Miani (UEL)
Verlane Aragão Santos (UFS)