As últimas décadas testemunharam o aumento do interesse dos pesquisadores do campo da comunicação pelo estudo das transformações do jornalismo frente ao contexto onipresente das mídias sociais digitais. Hoje, os jornais impressos, emissoras de rádio e TV, além de contarem com sites e portais, agora passam a contar também com perfis em redes sociais digitais, o que evidencia a essencialidade da busca pelo estreitamento dos laços com o público por parte das mídias tradicionais nessa “nova” realidade. É consenso entre os pesquisadores que poucas áreas tiveram seus modelos de negócio tão afetados pela inserção das tecnologias digitais como o jornalismo, principalmente porque um dos maiores desafios vem sendo manter os índices de audiência. Nessa perspectiva, como bem assinala Nielsen (2017), há três justificativas para a realização de uma produção jornalística: 1) poder (ou seja, utilizar os meios de comunicação para criar uma influência; 2) serviço público e 3) Lucro (o objetivo dos órgãos de notícia é ter retorno financeiro). O autor assevera que, apesar do surgimento da mídia ter como base o primeiro motivo, a chegada do século XX e suas transformações tecnológicas fez com que houvesse um deslocamento dessa prioridade rumo à terceira justificativa. Dentro desse cenário, o fenômeno da “plataformização da internet” é crucial para se entender a reestruturação dos modelos de negócios do jornalismo. Dessa forma, o objetivo geral desta pesquisa consiste em analisar comparativamente como as TVs Clube e Meio Norte estão utilizando a rede social Instagram para se adaptarem ao contexto jornalístico de convergência de conteúdos e formatação de novas oportunidades de mercado. Para tanto, utilizou-se os estudos de Jenkins (2022), Silva (2019), Silva; Alves (2016), Recuero (2009) e outros para abordar os aspectos da convergência midiática, redes sociais digitais e telejornalismo expandido. Os aportes da Economia Política da Comunicação (EPC) chegam para embasar as percepções acerca da reestruturação dos modelos de negócios do jornalismo frente à essas plataformas - Brittos (1999); Bolaño e Santos (2020); Mosco (1998); Silva (2020) e outros. A presente pesquisa utiliza a técnica de Análise Descritiva Crítica Analítica, finalizando com um estudo comparativo dos dois observáveis (@redeclube e @redemeionorte no Instagram). Os dados foram coletados a partir de prints e gravações de tela das postagens realizadas pelos perfis no recorte temporal de sete dias, elencados com base no modelo de “Semana Construída”. Com isso, percebeu-se que ambos os perfis não praticam convergência de conteúdo nesses espaços e que ainda estão em busca de um modelo de negócio que permita a sustentabilidade das empresas jornalísticas no Instagram. Assim, a presente pesquisa contribui para a ampliação da ótica dos pesquisadores no que tange aos possíveis caminhos a serem vislumbrados pelas empresas jornalísticas nesse ambiente de disrupção e, também, na identificação dos movimentos que elas vêm fazendo dentro desses ambientes, o que favorece a percepção de que cada empresa, individualmente, vem trilhando a sua própria busca pelo modelo de negócio que mais se adequa às suas características específicas, como posicionamento de marca, valores, disponibilidade de recursos e tecnologias, público-alvo e outros.
Comissão Organizadora
Ulepicc-Brasil
Comitê Científico
Anderson David Gomes dos Santos (UFAL)
Aianne Amado Nunes da Costa (USP/UFS)
Ana Beatriz Lemos da Costa (UnB)
Arthur Coelho Bezerra (IBICT/UFRJ)
Carlos Eduardo Franciscato (UFS)
Carlos Peres de Figueiredo Sobrinho (UFS)
César Ricardo Siqueira Bolaño (UFS)
Chalini Torquato Gonçalves de Barros (UFRJ)
Eloy Santos Vieira (UFS)
Fernando José Reis de Oliveira (UESC)
Florisvaldo Silva Rocha (UFS)
Helena Martins do Rêgo Barreto (UFC/UFS)
Janaine Sibelle Freires Aires (UFRN)
Manoel Dourado Bastos (UEL)
Marcelo Rangel Lima (UFS)
Rafaela Martins de Souza (Universidade de Coimbra)
Renata Barreto Malta (UFS)
Rodrigo Moreno Marques (UFMG)
Rozinaldo Antonio Miani (UEL)
Verlane Aragão Santos (UFS)