A MEDIAÇÃO DO CONTATO “IMEDIATO”: UMA ABORDAGEM DIALÉTICA DA COMUNICAÇÃO NO AMBIENTE DIGITAL1

  • Autor
  • Antonio Mario Banchik
  • Co-autores
  • Gustavo Freire
  • Resumo
  •  

    O conceito de regime de informação (RI) pode ser utilizado como uma ferramenta metodológica, relacional e pragmática. Útil ao cientista da informação e também para pesquisadores e gestores de outras áreas do conhecimento, pois permite ter uma visão holística do ambiente informacional, analisar como as relações informacionais funcionam dentro de determinado contexto da sociedade, implementar uma política de informação com capacidade de influenciar os elementos do RI, suas estruturas e instituições. Neste contexto, evidencia-se atualmente em âmbitos sociais, políticos e mercadológicos um caráter inextricável que marca a absorção das tecnologias digitais no regime de informação dominante, provocando mudanças estruturais subjacentes. Buscar-se-á realizar uma análise crítica e dialética ancorada no conceito central de mediação, que é, por sua vez, possibilitado pela forte aderência das plataformas tecnológicas no cotidiano. Será empreendida metodologicamente uma pesquisa exploratória, de natureza teórica e comparativa, que busca acusar duas lógicas aparentemente contraditórias no trato da mediação: a primeira, de natureza dialógica, defendida por Byung Chul-Han, aponta que há uma desmediatização das comunicações no ambiente digital, onde a interação supostamente direta não dá espaço para outras dimensões da comunicação humana, representadas pelo contato visual e a tatilidade. De forma análoga, a filosofia do diálogo de Martin Buber, que confere ao momento do encontro entre duas ou mais pessoas um caráter ontológico, em que a totalidade do homem é revelada, não encontra paralelos quando tal relação é “virtualizada”, nos termos de Pierre Lévy. Mikhail Bakhtin, declaradamente inspirado por Buber, também agrega ao discurso, ao encontro e à entoação uma característica fundamental, cuja significação está atrelada à própria vida. No sentido de que a comunicação humana é mediada, de acordo com os autores mencionados, pela própria dimensão espacial que marca o encontro, pela miríade de gestos, entonação e suas subjetividades, pode-se argumentar que a mesma não o é, quando feita de forma digital, pela ausência dos elementos enunciados. Por outro lado, profissionais e teóricos da informação buscam tornar nítido e conferir importância crescente ao risco de acreditar que a troca informacional realizada através de aplicativos de mensagens, sites, e-mails, e toda possibilidade de comunicação digital não é constantemente vigiada e mediada. Shoshana Zuboff e Evgeny Morozov são autores que argumentam contra a neutralidade das plataformas digitais e destacam a coleta massiva de dados em conjunto com a manipulação comportamental como formas de manutenção do poder hegemônico, em função de interesses comerciais. Arthur Bezerra argumenta que toda comunicação que circula na internet é necessariamente mediada pela tecnologia digital e Ricardo Pimenta salienta que por detrás da interface tecnológica existe uma grande quantidade de indivíduos especializados no funcionamento das plataformas, fatores muitas vezes não considerados ou lembrados por seus usuários. A pesquisa busca contrapor essas duas concepções sobre o conceito de mediação da comunicação e articular que, embora aparentemente opostas, possuem a semelhante e consciente consequência de fazer prosperar a configuração de acumulação do capital e desigualdade econômica que sustenta o plurissecular sistema socioeconômico vigente.

  • Palavras-chave
  • Regime de Informação; Diálogo; Vigilância; Plataformas; Mediação
  • Modalidade
  • Comunicação oral
  • Área Temática
  • GT7 - Estudos Críticos em Ciência da Informação
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