A pesquisa investiga as intersecções entre os conceitos de igualdade de gênero, epistemicídio e justiça epistêmica no contexto dos Sistemas de Organização do Conhecimento, dentro do escopo dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável propostos pela Organização das Nações Unidas, focando no objetivo 5, “Igualdade de Gênero”. O estudo integra um projeto que, através de Revisões Sistemáticas de Literatura, objetiva discutir como a metalinguagem, concretizada nos Sistemas de Organização do Conhecimento e presente nos objetivos, pode influenciar a justiça epistêmica a partir do horizonte de uma democracia documentária. A perspectiva é orientada pela compreensão de uma cidadania mediada pelos exercícios de poder imbricados na produção, na circulação e no reuso dos sistemas produzidos pela metalinguagem. A reflexão conjuga uma dupla abordagem científica: (1) teorias da Organização do Conhecimento via transgramaticalização do território da metalinguagem dos Sistemas de Organização do Conhecimento, como a escola feminista de Olson, a crítica das parafilias de Adler e a teoria crítica da classificação em Fox; e (2) a metodologia de Revisão Sistemática de Literatura baseada em Pesquisa Bibliográfica Estruturada, de Borges. A epistemologia crítica da Organização do Conhecimento orienta a pesquisa partindo da teoria do conceito via Retórica de Emanuele Tesauro, passando pela dialética de Bakhtin, chegando até o pós-estruturalismo crítico propriamente dito em estudos de gênero em Organização do Conhecimento via a filosofia das autoras feministas acima mencionadas. O campo empírico utilizou a versão em língua portuguesa do manifesto da Organização das Nações Unidas. Através de análise de assunto, interpretação e tradução, realizou-se isolamento, substantivação e singularização, centrando na produção terminológica via extração dos termos, para fins de validação e reuso. As etapas de hierarquização conduziram à estrutura de Termo Genérico, Específico e Relacionado. Os resultados indicam um produto metalinguístico inicial que avança da estrutura lógica das configurações conceituais para transgramaticalização da discursividade inerente às dialéticas do território discursivo, centrado em gênero, mulher e violência contra o corpo feminino. Identificaram-se 5 (cinco) Termos Genéricos representativos, desdobrando-se em 10 cordões de termos (strings), com um total de 38 termos indexados. Este conjunto servirá de base não apenas para as revisões em andamento, mas também para a proposição de linguagens documentárias dentro do domínio apresentado. A interpretação da estrutura de linguagem natural à desconstrução discursiva do manifesto da Organização das Nações Unidas estudado fundamenta caminhos complementares sólidos para crítica da igualdade de gênero via Sistemas de Organização do Conhecimento. Este percurso permite apontar os desafios da relação entre linguagem, metalinguagem e violência de gênero, na materialidade dos Sistemas de Organização do Conhecimento, enfrentando as assimetrias e violência do macrodomínio de gênero como um exercício de práxis dialética da Organização do Conhecimento. A pesquisa, ao observar a desconstrução da linguagem natural à produção de um vocabulário para descoberta e visibilidade via Revisão Sistemática de Literatura, da produção de uma literatura sobre o domínio da igualdade de gênero, apresenta caminhos para a teoria crítica da Organização do Conhecimento nas contradições de gênero no século XXI, visando uma democracia documentária sustentável.
Comissão Organizadora
Ulepicc-Brasil
Comitê Científico
Anderson David Gomes dos Santos (UFAL)
Aianne Amado Nunes da Costa (USP/UFS)
Ana Beatriz Lemos da Costa (UnB)
Arthur Coelho Bezerra (IBICT/UFRJ)
Carlos Eduardo Franciscato (UFS)
Carlos Peres de Figueiredo Sobrinho (UFS)
César Ricardo Siqueira Bolaño (UFS)
Chalini Torquato Gonçalves de Barros (UFRJ)
Eloy Santos Vieira (UFS)
Fernando José Reis de Oliveira (UESC)
Florisvaldo Silva Rocha (UFS)
Helena Martins do Rêgo Barreto (UFC/UFS)
Janaine Sibelle Freires Aires (UFRN)
Manoel Dourado Bastos (UEL)
Marcelo Rangel Lima (UFS)
Rafaela Martins de Souza (Universidade de Coimbra)
Renata Barreto Malta (UFS)
Rodrigo Moreno Marques (UFMG)
Rozinaldo Antonio Miani (UEL)
Verlane Aragão Santos (UFS)