Mediação como categoria indissociável ao estudo sobre as relações contemporâneas entre informação, trabalho e educação

  • Autor
  • Carlos Robson Souza da Silva
  • Co-autores
  • Luciane de Fátima Beckman Cavalcante
  • Resumo
  •  

    O debate sobre as relações entre trabalho e educação vêm assumindo novos contornos devido às mudanças culturais de base informacional. Pode-se destacar como principais fenômenos desse novo contexto a contínua automação das fábricas, a precarização do trabalho associado ao uso de plataformas digitais (uberização) e a massificação da educação a distância mediada pelas novas tecnologias da informação.

                Neste contexto, acredita-se que a informação se tornou categoria indissociável das discussões sobre trabalho e educação na contemporaneidade, sendo objetivo deste trabalho buscar definir uma categoria que possibilite a compreensão das relações entre o trinômio trabalho-educação-informação. Para alcançar esse objetivo realizou-se uma pesquisa básica, do tipo exploratória e bibliográfica.

                Um caminho inicial poderia ser encontrado por meio do conceito de mediação, como desenvolvido em autores tais quais Marx (2023), Mészaros (2002), Martins (2021) e Bezerra. Em Marx (2023), o processo formador do ser humano se dá pela mediação do trabalho. O trabalho é o que Mészaros (2002) define, portanto, como mediação primária, ou seja, como aquele processo fundamental para a reprodução da existência humana. Outra categoria classificável como mediação primária seria a educação.

                Entretanto em formações sociais baseadas na dominação de uma classe sobre outra, como é o caso do capitalismo, tais mediações obedecem aos interesses e ao modo de produção desenvolvida pelas classes dominantes. Elas se tornam assim mediações de segunda ordem, de acordo com Mészaros (2002), destituindo-se de sua característica principal (a formação da humanidade como tal), para atender em primeiro lugar às necessidades de produção de riquezas para as classes dominantes e propiciar a efetivação de suas estruturas hierárquicas.

                Sob a base informacional na qual se estabelece o capitalismo contemporâneo, tais processos mediacionais passaram, porém, a serem questionados pelas classes dominantes. Sob o argumento da construção de uma nova sociedade, a Sociedade da Informação, o discurso dominante passou a apoiar a ideia de que para se alcançar uma melhor vivência coletiva globalizada seria necessário superar as amarras do passado e propor uma vida desintermediada. A desintermediação promoveria a democracia, a liberdade e o progresso para todos (MARTINS, 2021).

                Entretanto, Bezerra (2017) destaca que o que está acontecendo no capitalismo contemporâneo é, na verdade, um processo reverso ao que propõe o discurso dominante. A constante dependência às plataformas digitais em todos os aspectos da vida (incluindo o trabalho e a educação), revelam que está se vivendo a expansão de um novo regime global de mediação da informação.

                O estágio atual do capitalismo requer, portanto, que se compreendam a reestruturação do trabalho e educação sob a ótica da informação (dos algoritmos, das plataformas digitais, dos meios de comunicação). Dessa forma, acredita-se portanto que para superar os processos de dominação contemporâneos é necessário revisitar o conceito de informação, inter-relacioná-lo com os processos de formação da vida humana (enquanto mediação primária), sua subsunção ao capital (enquanto mediação de segunda ordem) e a possibilidade de sua reapropriação pelas classes dominadas (a classe trabalhadora mais especificamente) para se propor um outro regime global de mediação da informação, pautado na emancipação e da libertação dos oprimidos.

     

  • Palavras-chave
  • Mediação. Trabalho. Educação. Informação. Capitalismo.
  • Modalidade
  • Comunicação oral
  • Área Temática
  • GT7 - Estudos Críticos em Ciência da Informação
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