A Organização do Conhecimento (OC) dentro de seus aspectos sociais nos permite estabelecer uma variedade de afinidades com a estrutura social que tensiona as relações do poder na sociedade. As abordagens socioculturais da OC representam investigações com foco na cultura e no contexto das comunidades, tendo em vista a socialização do conhecimento. Farias e Almeida (2014) consideram que “organizar e representar um conhecimento são atividades de tradução da cultura e por isso é necessário considerar a diversidade linguística e cultural, e dos contextos onde estes conhecimentos são produzidos”.
Em concordância com a visão social da OCde Hjørland como uma divisão social do trabalho mental (Hjørland 2008, 86), não podemos nos furtar ao entendimento de que os sistemas de organização do conhecimento refletem, em maior ou menor grau, concepções ideológicas pautados no âmbito das relações socioculturais dominantes as quais influenciam as dinâmicas do mundo (Pinho; Guimarães, 2012). Portanto, não se deve deixar à penumbra questões importantes relacionadas à OC, como as que permeiam a complexidade cultural da estrutura do conhecimento na sociedade em estreita conexão com processos mediacionais da cultura – e que se mostra, especialmente no caso da cultura dominante, permeada por uma lógica econômica capitalista.
A presente comunicação tem como objetivo apresentar aproximações e diálogos entre as abordagens socioculturais do campo da Organização do Conhecimento e a Mediação Cultural da Informação. Em termos metodológicos, foi delineada uma abordagem que transcorre como argumentação bibliográfica com aporte do viés da mediação cultural conforme proposta por Bezerra e Cavalcante (2020) e também da abordagem sociocultural da Organização do Conhecimento, especificamente, decorrendo uma análise crítica. lastreada em autores como Beghtol (2002), Hudon (1997, 1999) e García Gutiérrez (1998,2002, 2004, 2008).
Foi possível compreender que a OC, no viés sociocultural exposto, apresenta relações com processos de mediação cultural da informação, uma vez que é tangenciada por elementos socioculturais que devem ser considerados na elaboração de sistemas de organização do conhecimento, de modo a vencer barreiras hegemônicas que cerceiam as práticas ligadas à organização do conhecimento nos mais diversos âmbitos. Nesse sentido, não se pode negligenciar que as relações humanas são estabelecidas em meio à pluralidade cultural que emerge da vida em sociedade, propiciando formas de conhecimento que são enriquecidas em termos de diversidade pelos processos de mediação cultural da informação. O viés dialético da mediação remete às interlocuções necessárias para expandir sua compreensão situada em um contextos conflitantes que requerem uma reflexão crítica da realidade para o entendimento de como a cultura propicia o desenvolvimento de diversas mediações na sociedade, em torno das quais se forjam os sistemas de organização do conhecimento. Considerando que a sociedade é estruturada em torno de uma divisão de classes que tensiona e condiciona as estruturas e instituições que lidam com a organização do conhecimento, cabe refletir sobre a necessidade da OC também se pautar nas reflexões críticas sobre as relações de dominação cultural, política econômica que são estabelecidas em tais processos organizacionais.
Comissão Organizadora
Ulepicc-Brasil
Comitê Científico
Anderson David Gomes dos Santos (UFAL)
Aianne Amado Nunes da Costa (USP/UFS)
Ana Beatriz Lemos da Costa (UnB)
Arthur Coelho Bezerra (IBICT/UFRJ)
Carlos Eduardo Franciscato (UFS)
Carlos Peres de Figueiredo Sobrinho (UFS)
César Ricardo Siqueira Bolaño (UFS)
Chalini Torquato Gonçalves de Barros (UFRJ)
Eloy Santos Vieira (UFS)
Fernando José Reis de Oliveira (UESC)
Florisvaldo Silva Rocha (UFS)
Helena Martins do Rêgo Barreto (UFC/UFS)
Janaine Sibelle Freires Aires (UFRN)
Manoel Dourado Bastos (UEL)
Marcelo Rangel Lima (UFS)
Rafaela Martins de Souza (Universidade de Coimbra)
Renata Barreto Malta (UFS)
Rodrigo Moreno Marques (UFMG)
Rozinaldo Antonio Miani (UEL)
Verlane Aragão Santos (UFS)