O presente artigo visa trazer uma discussão acerca da comunicação popular e alternativa utilizada pelo Coletivo Guerrilha Poética em parceria com a Ocupação Tereza de Benguela, vinculada ao Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), localizada no Conjunto Village Campestre II, no bairro Cidade Universitária, na cidade de Maceió, Alagoas. Esse processo se utilizou também de ferramentas disponibilizadas pela comunidade acadêmica do curso de jornalismo da Universidade Federal de Alagoas, oferecidas com o intuito de auxiliar na estruturação das estratégias comunicacionais do acampamento. A partir da análise de mídia, visitas de campo e participação em rodas de conversas, foram desenvolvidos processos de literacia midiática e capacitação para produção midiática, bem como articulação para cobertura do Festival Novo Quilombo, promovido pelo movimento em parceria com o Coletivo Guerrilha Poética. Estas ações contribuíram para fomentar a discussão sobre a importância da comunicação como elemento estratégico na luta por moradia e valorização da cultura periférica, partindo do diálogo estabelecido entre os membros do movimento social e a universidade através das práticas pedagógicas e políticas.
Criado em dezembro de 2022, o Coletivo Guerrilha Poética propõe ações de elo entre cultura local e saber social, tendo como público alvo comunidades vinculadas ou não a algum movimento social, principalmente as que buscam frequentar eventos públicos como forma de apoio às pautas levantadas pelos movimentos. Em 2024, o Festival Novo Quilombo, realizado na ocupação, trouxe dois dias de programação gratuita com atividades culturais e discussões intrínsecas ao MTST. O coletivo decidiu, como forma de ampliar a divulgação de suas ações, estabelecer uma comunicação com o público através da plataforma Instagram, objetivando maior visibilidade das ações, vínculo com os seguidores e proeminência do movimento social.
Nesse sentido, o artigo recorre à pesquisa bibliográfica para compreender o contexto dos movimentos sociais dos sem terra e sem teto no Brasil (GOHN, 1997), bem como à revisão de conceitos como comunicação popular (MIANI, 2011), comunitária (MIANI, 1997) e contra-hegemônica (SABACK, 2020) e as contribuições que podem oferecer às comunidades pertencentes a tais movimentos (PAIVA, 2007). A seguir, a partir da análise de conteúdo, buscaremos compreender como se deu o processo de comunicação em torno do perfil no Instagram do Festival Novo nas duas primeiras edições realizadas em março e julho de 2024. Acreditamos que o uso das redes sociais digitais se apresenta como uma ferramenta que vai além da divulgação do evento e pode ser caracterizada como uma prática contra-hegemônica, à medida que promove a valorização da cultura em torno de práticas e articulações políticas periféricas.
Comissão Organizadora
Ulepicc-Brasil
Comitê Científico
Anderson David Gomes dos Santos (UFAL)
Aianne Amado Nunes da Costa (USP/UFS)
Ana Beatriz Lemos da Costa (UnB)
Arthur Coelho Bezerra (IBICT/UFRJ)
Carlos Eduardo Franciscato (UFS)
Carlos Peres de Figueiredo Sobrinho (UFS)
César Ricardo Siqueira Bolaño (UFS)
Chalini Torquato Gonçalves de Barros (UFRJ)
Eloy Santos Vieira (UFS)
Fernando José Reis de Oliveira (UESC)
Florisvaldo Silva Rocha (UFS)
Helena Martins do Rêgo Barreto (UFC/UFS)
Janaine Sibelle Freires Aires (UFRN)
Manoel Dourado Bastos (UEL)
Marcelo Rangel Lima (UFS)
Rafaela Martins de Souza (Universidade de Coimbra)
Renata Barreto Malta (UFS)
Rodrigo Moreno Marques (UFMG)
Rozinaldo Antonio Miani (UEL)
Verlane Aragão Santos (UFS)