No jornalismo, assim como na indústria de mídia de modo geral, os processos contínuos de fomento à inovação tecnológica, sobretudo após o advento dos micro transistores, da internet e da telemática, conduziu a uma reestruturação nos modos de fazer, financiar, produzir, entregar, fruir e se relacionar com o produto jornalístico. Como destacam Anderson; Bell; Shirky (2013), o surgimento da internet comercial subverte o modelo de publicidade massiva que financiava as grandes empresas tradicionais de mídia ao possibilitar o surgimento de um marketing direcionado e mensurável para os distintos perfis de consumidores, o que leva também a uma reconfiguração do modelo de financiamento do jornalismo.
Se por um lado, a produção jornalística se tornou mais barata, por outro, o surgimento de novos atores e a necessidade de investimentos em tecnologia levou às grandes redações, também, a imperiosidade de redução de gastos e da reestruturação organizacional, de modelos e processos, com o enxugamento dos times de trabalho. Some-se a isso a demanda, por parte dos anunciantes, de ampliação das métricas de entrega de conteúdos publicitários a um público cada vez mais segmentado, conectado, multicanal (omnichannel), participante e produtor de informações. Nesse ambiente sócio-econômico digitalizado, a produção jornalística estabelece-se como um permanente estado de fluxo; deixou de ser apreendida como um produto jornalístico final e passou a ser “um processo dinâmico em constante manifestação e transformação no tempo e espaço digitais” (BERTOCHI, 2013, p. 39).
Anderson, Bell e Shirky (2013) denominaram este paradigma de "jornalismo pós-industrial", modelo que, segundo Mark Deuze e Tamara Witschge (2016), emerge em uma sociedade onde "as práticas individuais são parte de um contexto profundamente precário governado por uma permanente impermanência na indústria" (DEUZE; WITSCHGE, 2016, p. 2), marcada pela precarização do trabalho, bem como pela atualização e renovação contínuas dos perfis profissionais e das atividades laborais. Tais características elencadas pelos autores atendem à dinâmica de um modelo de acumulação flexível em uma sociedade mundializada sob a hegemonia do capital financeiro e de políticas neoliberais.
Neste sentido, o objetivo do trabalho é apresentar as principais práticas e tendências inovadoras no jornalismo, identificadas a partir de pesquisa bibliográfica realizada pelo autor no período de março a novembro de 2023, e debater as mudanças que elas representam para a atividade jornalística e para os modos modos de fruição de conteúdos noticiosos.
Comissão Organizadora
Ulepicc-Brasil
Comitê Científico
Anderson David Gomes dos Santos (UFAL)
Aianne Amado Nunes da Costa (USP/UFS)
Ana Beatriz Lemos da Costa (UnB)
Arthur Coelho Bezerra (IBICT/UFRJ)
Carlos Eduardo Franciscato (UFS)
Carlos Peres de Figueiredo Sobrinho (UFS)
César Ricardo Siqueira Bolaño (UFS)
Chalini Torquato Gonçalves de Barros (UFRJ)
Eloy Santos Vieira (UFS)
Fernando José Reis de Oliveira (UESC)
Florisvaldo Silva Rocha (UFS)
Helena Martins do Rêgo Barreto (UFC/UFS)
Janaine Sibelle Freires Aires (UFRN)
Manoel Dourado Bastos (UEL)
Marcelo Rangel Lima (UFS)
Rafaela Martins de Souza (Universidade de Coimbra)
Renata Barreto Malta (UFS)
Rodrigo Moreno Marques (UFMG)
Rozinaldo Antonio Miani (UEL)
Verlane Aragão Santos (UFS)