A crise das democracias liberais, exacerbada pela desinformação digital em rede, é abordada por Silva (2019) e outros autores que argumentam que a proliferação de fake news e a pós-verdade minam a confiança nas instituições democráticas e radicalizam o discurso político, criando uma realidade paralela que enfraquece a democracia. Nesse contexto, este trabalho se apoia na obra de Foucault (2014) para entender como o discurso científico é construído e legitimado dentro de estruturas de poder, influenciando o que é considerado verdade e o que é suprimido. Considera que a ideologia exerce um papel fundamental, decidindo quais saberes são valorizados e disseminados e quais são marginalizados. Problematiza como as mídias sociais (leia-se empresas capitalistas e seus algoritmos) reproduzem e/ou contribuem para essas relações de poder, afetando a noção de verdade. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, exploratória, descritiva e explicativa, desenvolvida via revisão de literatura dos estudos de Agamben (2005), Foucault (2014), Barábasi (2016) e Báran (1964), para mostrar que não existe neutralidade na rede, e que ideologias moldam a compreensão da realidade. Outra forma de relação de poder e controle sobre a produção é o discurso (Foucault, 2014), que também pode ser exercido por meio de instituições que decidem quais discursos são legitimados e quais são excluídos, o que reflete uma luta pelo poder na esfera do conhecimento. O regime de informação – explorado em relação às teorias de Frohmann (2006), que discute a materialidade dos discursos de verdade e poder – não é apenas uma questão de infraestrutura tecnológica, mas também de poder ideológico, em que a disseminação seletiva de informações e a supressão de outras servem para manter o status quo. A desinformação digital é um tema crucial, abordado em relação à crise das democracias liberais, segundo Wardle e Derakhshan (2017), que discutem as diferentes formas de desordem informacional, como a desinformação, a má-informação e a informação incorreta. Esses fenômenos são analisados como estratégias para manipular a opinião pública, criar polarização e enfraquecer as bases das democracias liberais. A discussão sobre competência crítica em informação, por sua vez, trazida por autores como Brisola (2021) e Schneider (2019), revela a importância de uma educação informacional robusta para resistir a essas dinâmicas de poder e alienação. A habilidade de questionar e analisar criticamente a informação é vista como essencial para combater a alienação e a disseminação de desinformação, promovendo uma sociedade mais informada e consciente. Foucault (2014) é citado novamente para fundamentar como o controle do discurso pode levar à alienação dos indivíduos, ao limitar suas perspectivas e o acesso à verdade. Em resumo, o trabalho busca como resultado oferecer uma análise densa e crítica das interseções entre comunicação, ideologia, poder e informação, utilizando um arcabouço teórico robusto que inclui Foucault (2014), Agamben (2005), Chauí (2000) e outros autores. Aborda como esses elementos influenciam a estrutura de poder na sociedade, especialmente no contexto da desinformação, e como eles afetam a verdade e a democracia em uma disputa pela “verdade”, ainda que pela legitimação de inverdades.
Comissão Organizadora
Ulepicc-Brasil
Comitê Científico
Anderson David Gomes dos Santos (UFAL)
Aianne Amado Nunes da Costa (USP/UFS)
Ana Beatriz Lemos da Costa (UnB)
Arthur Coelho Bezerra (IBICT/UFRJ)
Carlos Eduardo Franciscato (UFS)
Carlos Peres de Figueiredo Sobrinho (UFS)
César Ricardo Siqueira Bolaño (UFS)
Chalini Torquato Gonçalves de Barros (UFRJ)
Eloy Santos Vieira (UFS)
Fernando José Reis de Oliveira (UESC)
Florisvaldo Silva Rocha (UFS)
Helena Martins do Rêgo Barreto (UFC/UFS)
Janaine Sibelle Freires Aires (UFRN)
Manoel Dourado Bastos (UEL)
Marcelo Rangel Lima (UFS)
Rafaela Martins de Souza (Universidade de Coimbra)
Renata Barreto Malta (UFS)
Rodrigo Moreno Marques (UFMG)
Rozinaldo Antonio Miani (UEL)
Verlane Aragão Santos (UFS)