O jornalismo econômico no Brasil nasce no século XIX com predomínio de pautas ligadas às atividades agropecuárias e mercantis, e gradativamente absorve a cobertura de indústria, entre as décadas de 1930 e 1950, até começar, durante a ditadura militar e no contexto do fim do sistema de Bretton Woods, a voltar o foco para os mercados financeiro e especulativo (PULITI, 2013). Pelo menos desde a crise de 2008, o capital financeiro vem ampliando sua participação acionária em empresas de mídia brasileiras (MOREIRA, 2018). Não por acaso, esse é também o marco inicial para a popularização dos smartphones, que anos depois tornaram-se a base tecnológica para a precarização e superexploração do trabalho por plataformas (GROHMANN, 2020).
Com tal contexto em mente, o presente trabalho busca identificar as atuais participações acionárias e investimentos do capital financeiro em veículos jornalísticos, em especial os dedicados à cobertura de economia, numa perspectiva comparada entre Brasil e Portugal. Tendo em conta os diferentes contextos dos países lusófonos, este trabalho propõe uma abordagem comparativa no que diz respeito à inserção do capital financeiro (nomeadamente, bancos, corretoras e fundos de investimento) no controle e na propriedade de veículos de comunicação que praticam o jornalismo econômico, com ênfase no período entre 2008 e 2024. O estudo exploratório mostra que, enquanto no Brasil essa participação vem aumentando, em Portugal – onde o setor financeiro já teve perdas significativas no setor de mídia – ocorre o contrário.
No Brasil, no período em questão, os seguintes bancos ou fundos de investimento fizeram aportes de capital em veículos jornalísticos ou montaram os seus próprios, segundo foi possível identificar na etapa exploratória:
• XP Investimentos: site InfoMoney (2011); LiveMode, produtora e gestora de direitos de transmissões esportivas, responsável pela CazéTV (2024)
• Empiricus/Acta Holding: site MoneyTimes (2016), site Seu Dinheiro (2018) e canal Market Makers; site O Antagonista (2015-2022), revista digital Crusoé (2018-2022)4
• Genial Investimentos: canal MyNews (2018)
• Nubank: InvestNews5 (2018, originalmente da corretora Easynvest)
• Ipê Investimentos: Space Money (2019)
• BTG-Pactual: revista Exame (comprada em 2019 do espólio da Editora Abril)
• Banco Safra: portal O Especialista (2021)
• Skopos Investimentos: site O Antagonista e revista digital Crusoé (2022)
• Itaú/Unibanco: Inteligência Financeira
Comissão Organizadora
Ulepicc-Brasil
Comitê Científico
Anderson David Gomes dos Santos (UFAL)
Aianne Amado Nunes da Costa (USP/UFS)
Ana Beatriz Lemos da Costa (UnB)
Arthur Coelho Bezerra (IBICT/UFRJ)
Carlos Eduardo Franciscato (UFS)
Carlos Peres de Figueiredo Sobrinho (UFS)
César Ricardo Siqueira Bolaño (UFS)
Chalini Torquato Gonçalves de Barros (UFRJ)
Eloy Santos Vieira (UFS)
Fernando José Reis de Oliveira (UESC)
Florisvaldo Silva Rocha (UFS)
Helena Martins do Rêgo Barreto (UFC/UFS)
Janaine Sibelle Freires Aires (UFRN)
Manoel Dourado Bastos (UEL)
Marcelo Rangel Lima (UFS)
Rafaela Martins de Souza (Universidade de Coimbra)
Renata Barreto Malta (UFS)
Rodrigo Moreno Marques (UFMG)
Rozinaldo Antonio Miani (UEL)
Verlane Aragão Santos (UFS)