Manipulação de vozes e imagens de jornalistas em jogos eletrônicos: uma análise das questões éticas e técnicas da IA na mídia moçambicana

  • Autor
  • Milagrosa Manhique
  • Co-autores
  • Cledy Marinela
  • Resumo
  • Em Moçambique, tem-se observado um uso crescente e indevido da imagem e da voz de apresentadores da Televisão de Moçambique (TVM) e da Televisão Miramar (MIRAMAR) por parte de empresas de jogos eletrónicos. A manipulação dessas imagens e vozes, frequentemente realizada com técnicas de inteligência artificial (IA), tem como objetivo emprestar credibilidade a produtos que, de outra forma, poderiam não atrair a mesma confiança do público. Este fenómeno é particularmente preocupante devido à alta audiência que essas emissoras detêm, sendo a TVM uma emissora pública reconhecida e a TV Miramar uma emissora privada de destaque. A recente insatisfação dos apresentadores expõe a necessidade de uma análise aprofundada sobre essa questão emergente.

    Este artigo tem como objetivo analisar como as redes sociais, assim como os avanços da IA, contribuem para o uso não autorizado de imagens em campanhas publicitárias e marketing digital. O foco reside nas implicações éticas, sociais e legais dessa prática, com um viés para a indústria do jornalismo em Moçambique.

    A pesquisa adotou uma abordagem qualitativa e/o fenomenológica e fez uso da revisão bibliográfica e entrevistas semiestruturadas com jornalistas e especialistas em inteligência artificial. As obras consultadas abordam as questões éticas envolvidas no uso de IA para manipulação de dados audiovisuais. As discussões geradas através das entrevistas exploraram as perceções sobre a IA, o impacto na credibilidade da informação e as implicações éticas.

    Entre as principais hipóteses levantadas destaca-se a pouca literacia tecnológica sobre os riscos associados à IA; a falta de regulamentação das plataformas digitais; e a insuficiência de conhecimento sobre as leis de direitos autorais, fatores estes que possibilitam o uso abusivo de imagens. A manipulação não autorizada da imagem e voz de jornalistas compromete a integridade e a credibilidade das emissoras e afeta a confiança público-telespectador. A exploração comercial da imagem de apresentadores por empresas de jogos traz à tona dilemas éticos significativos e pode desvalorizar a profissão jornalista, ao causar desconfiança tanto entre profissionais da comunicação quanto entre os consumidores de informação.

    Já Siqueira e Vieira (2022) ressaltam a necessidade de limites éticos e legais no uso da imagem, ao enfatizar que, embora não haja legislação específica para a IA, é fundamental estabelecer diretrizes para a preservação da dignidade humana. Por sua vez, Robles-Lessa et al. (2020) defendem que a conscientização pública e a proteção jurídica são essenciais para mitigar os efeitos negativos da manipulação digital e da desinformação.  e a dificuldade crescente em diferenciar entre conteúdo verdadeiro e manipulado, um desafio que os profissionais da comunicação precisam enfrentar. Pedroso et al. (2023) destacam que a IA, ao potencializar a desumanização da comunicação, exige uma regulamentação urgente para proteger os princípios democráticos.deepfakes  , discute os riscos dasdeepfakes A revisão da literatura mostra um alinhamento nas preocupações sobre os impactos das tecnologias emergentes na comunicação e na privacidade individual.

  • Palavras-chave
  • Jogos eletrónicos, direitos de imagem, inteligência artificial (IA), regulamentação, redes sociais, ética, jornalismo
  • Modalidade
  • Comunicação oral
  • Área Temática
  • GT5 - Economia Política do Jornalismo
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