TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO E EXPLORAÇÃO DO TRABALHO NO E-COMMERCE

  • Autor
  • Geovanio Silva Santos
  • Resumo
  •  

    As Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs), têm atravessado nosso cotidiano, e impactado em processos laborais, dos quais se evidenciam os mediados por empresas-plataformas. Mais especificamente, se coloca em relevo nesse trabalho o uso de plataformas como WhatsApp para realizar vendas, quadro que denota a modalidade de comércio eletrônico chamada de social-commerce, considerado basicamente o uso de redes sociais para realizar venda de mercadorias.

    O presente trabalho tem como orientação teórico-metodológica o materialismo histórico dialético. Assim, objetiva-se problematizar o papel das TICs na mediação do trabalho em lojas de roupas presentes em Itabaiana/SE. A forma de proceder na análise teve como ponto de partida a sistematização de pressupostos teóricos marxianos, sobretudo em relação ao mais-valor e a circulação do capital. Convertidos em questões, esses pressupostos se colocam da seguinte maneira: qual o papel das TICs na exploração do trabalho no comércio eletrônico? As TICs têm intensificado a exploração do trabalho na esfera da circulação, tendo em vista o comércio? Com essas reflexões, busca-se integrar esse trabalho no conjunto das discussões acerca das plataformas em uma leitura alicerçada na teoria do valor evidenciada por Marx.

    A partir da década de 1970, a economia passou por alterações nos padrões organizacionais da produção. A inserção do toyotismo como novo padrão de organização (Alves, 2007) a produção just in time (ALVES, 2009) como técnica da produção enxuta, são alguns dos elementos fundamentais dessa mudança. Assim, as forças produtivas, desenvolvidas na Terceira Revolução Tecnológica (MANDEL, 1982) possibilitou o surgimento da microeletrônica, e mais tarde, da internet e do celular como ferramenta de comunicação e uso corrente. No âmbito das relações de trabalho, alastrou-se o desemprego e a precarização. Nos dias atuais, essa dinâmica evidencia-se de modo particular na forma do trabalho mediado pelas plataformas, sem os quais a emergência dos celulares não seria possível.

                Na contemporaneidade, o capital busca subjugar os trabalhadores por meio do gerenciamento, que tem como expressão a disponibilidade total ao trabalho. No quadro do desemprego, se impõe, pari passu, a intensificação da exploração do trabalho, fato que temos observado em trabalhadores dos comércios. Assume-se o entendimento da teoria marxiana, da qual o mais-valor é produzido no processo de valorização (MARX, 2017). Do mesmo modo, o próprio Marx (2014) demonstra que uma vez produzido, esse mais-valor precisa realizar-se, movimento que se dá na esfera da circulação. É na esfera da circulação, lida em sua totalidade, que se inserem esses trabalhadores dos comércios. De modo que a exploração tem ocorrido por um processo expropriação do tempo livre tendo em vista a disponibilidade do atendimento online propiciado pelo aplicativo de mensagens WhatsApp.

    Portanto, a condição de sujeito assujeitado que se submete ao trabalho no atendimento online em confluência com a venda presencial, expõe o avanço do capital sobre o trabalho mediado por plataformas de comunicação. Ao fazer isso, condiciona um disciplinamento do trabalho voltado à total disponibilidade do trabalhador com vistas às vendas. Desta maneira, entende-se que as TICs ampliam em partes o quadro do trabalho precário do século XXI em suas formas multifacetadas.

     

  • Palavras-chave
  • Tecnologias da Informação e Comunicação; Exploração do Trabalho; E-commerce
  • Modalidade
  • Comunicação oral
  • Área Temática
  • GT7 - Estudos Críticos em Ciência da Informação
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