A realidade é sempre um dado bruto. Toda tentativa de compreensão da realidade é um exercício de apreensão ou apropriação do real, através da leitura da informação e do conhecimento envolvendo a esfera da mediação. Qual a natureza da informação e do valor a ela associado? O que é informação? Temos a visão da cibernética (Wiener), da termodinâmica dos sistemas (Bateson, Prigogine), da teoria matemática da informação, a noção da Semiótica e a leitura da EPC (Bolaño, 2000), (Dantas, 2022), quando ela adquire a forma mercadoria suscetível aos fetichismos no capitalismo de algoritmos e IAs. Convém, pois, indagarmos a própria natureza da informação que se apresenta à percepção do indivíduo. A realidade observada como objeto do conhecimento, apresenta-se em sua aparência como fenômeno ou phaneron ao sujeito da observação. Eis a informação em sua natureza fenomenológica. De outro lado quando o objeto observado apresenta-se em sua essência temos a informação em sua forma metafísica. A informação de natureza metafísica é inteiramente distinta da informação em sua natureza fenomenológica. Todavia, do ponto de vista da comunicação, estamos sempre diante de um exercício de apropriação e interpretação do real, quando lançamos mão de nosso repertório de signos e símbolos para dar conta da leitura da realidade e ou do objeto observado. A interpretação que fazemos da realidade constitui verdadeiramente em um exercício de mediação e devemos estudar a natureza da informação como valor, como trabalho, como mercado e como linguagem, em seus contextos científicos, comunicacionais, culturais e simbólicos. O objetivo desse trabalho consiste em investigar a natureza da informação – como valor, trabalho, mercado e linguagem no contexto das relações sociais de reprodução do capitalismo atual como sistema hipercomplexo, passando em análise contribuições advindas da Semiótica - a semiose como processos signicos, cognitivos, envolvendo a mediação da linguagem da publicidade e da propaganda, e o fetichismo da mercadoria (Bolaño 2000) - para os determinantes da dominação capitalista (Oliveira; 2023). São reflexões em diálogos críticos entre as contribuições da Semiótica em sua relação histórica com a EPC para o estudo do fenômeno da informação, da linguagem, da mediação e da sociedade enquanto sistema em sua reprodução social, do trabalho como mercado e como linguagem (Rossi-Landi). Eis os desafios aos quais nos propomos, analisar a natureza da informação e do valor nas condições sociais de produção de valor vigentes, no universo do trabalho e as novas formas de subsunção do trabalho pelo capital. Os processos de comunicação e transmissão de informação são inseparáveis das condições sociais de produção, distribuição e consumo de mercadorias em nossos dias. Ao conceber cultura como informação a Semiótica dedica especial atenção aos sistemas de signos, símbolos e às linguagens, que orientam as transferências de informações no âmbito da sociedade, das culturas e demais sistemas complexos. Nas reflexões desse diálogo crítico entre a Economia Política e a semiótica vamos analisar a contribuição de Ferruccio Rossi-Landi, para quem a “reprodução da sociedade" é um sistema complexo envolvendo processos de trabalho e linguagem em reprodução social, ao reproduzir a si própria como sistema.
Comissão Organizadora
Ulepicc-Brasil
Comitê Científico
Anderson David Gomes dos Santos (UFAL)
Aianne Amado Nunes da Costa (USP/UFS)
Ana Beatriz Lemos da Costa (UnB)
Arthur Coelho Bezerra (IBICT/UFRJ)
Carlos Eduardo Franciscato (UFS)
Carlos Peres de Figueiredo Sobrinho (UFS)
César Ricardo Siqueira Bolaño (UFS)
Chalini Torquato Gonçalves de Barros (UFRJ)
Eloy Santos Vieira (UFS)
Fernando José Reis de Oliveira (UESC)
Florisvaldo Silva Rocha (UFS)
Helena Martins do Rêgo Barreto (UFC/UFS)
Janaine Sibelle Freires Aires (UFRN)
Manoel Dourado Bastos (UEL)
Marcelo Rangel Lima (UFS)
Rafaela Martins de Souza (Universidade de Coimbra)
Renata Barreto Malta (UFS)
Rodrigo Moreno Marques (UFMG)
Rozinaldo Antonio Miani (UEL)
Verlane Aragão Santos (UFS)