Introdução: As informações sensoriais são fundamentais para o desenvolvimento humano e, segundo o Conselho Brasileiro de Oftalmologia, cerca de 20% das crianças em idade escolar possuem alterações visuais. Nesse contexto, rastrear distúrbios visuais nos infanto-juvenis em escolas públicas é permitir acesso à saúde e à educação, valendo-se do Teste de Acuidade Visual, cuja alta confiabilidade, sensibilidade, especificidade e baixo custo torna seu uso uma ferramenta fundamental na Atenção Primária à Saúde (APS). Objetivo: Capacitar estudantes de medicina perante alterações oftalmológicas na APS; rastrear distúrbios visuais em infanto-juvenis da rede pública de ensino. Descrição da experiência: As ações realizadas por graduandos em medicina foram supervisionadas por médicas com expertise na APS e contemplam o Programa Saúde na Escola. A ação destes futuros médicos certamente contribuiu para a alfabetização de jovens de escolas públicas do município de Nanuque, no Vale do Mucuri, em Minas Gerais. Para a execução, necessitou-se de três pessoas, cuja as funções eram: realizar anamnese direcionada às alterações visuais e orientar os alunos quanto à realização do teste; sinalizar as letras/símbolos na tabela de Snellen; realizar anotações sobre o desfecho. Utilizou-se a tabela de Snellen afixada na parede há cinco metros de uma cadeira na sala de aula. Resultados: A ação ocorreu na Escola Municipal Pastor Paulo (24/05/2023 e 31/05/2023) e na Escola Estadual Álvaro Romano (15/06/2023). Após realização do teste, os dados foram levados para a Unidade de Saúde da Família. Após discussão entre graduandos em medicina e supervisores acerca de cada caso, encaminhava-se, quando necessário, o paciente ao serviço de oftalmologia. Foram feitas 80 avaliações, com 70% de possível diagnóstico de distúrbio da visão. Os critérios de seleção do infanto-juvenil baseavam-se nas queixas oftálmicas ou na percepção pelos professores, como dificuldade na leitura ou aprendizado. Foram excluídas aqueles que já possuíam diagnóstico de alterações visuais. Considerações finais: Permitir graduandos de medicina atuar na AB com foco no rastreio de doenças, muitas vezes estigmatizadas, é muito importante para fortalecer as práticas da medicina com foco na prevenção e na educação em saúde de infanto-juvenis. Além disso, ao realizar a ação, observou-se que a maioria dos escolares apresentavam possível quadro de alteração visual e, portanto, não tinham o diagnóstico prévio. Dessa forma, levar a saúde para os jovens nas escolas se mostra dentro das competências da APS, integrando o cuidado à educação, com destaque ao enfrentamento das vulnerabilidades que comprometem o pleno desenvolvimento da educação e alfabetização local.
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