INTRODUÇÃO: O currículo baseado em competências divulgado pela Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade preconiza o zelo pelo registro adequado em prontuário. Nesse cenário, tem-se o método SOAP, amplamente difundido na Atenção Primária à Saúde (APS) e conceituado por Subjetivo (S) - as queixas, sinais, sintomas ou necessidades do paciente, Objetivo (O) - assentamento do colhido na consulta, física ou psiquicamente, Avaliação (A), o capítulo do diagnóstico que o médico realiza e o Plano ou Procedimento (P), conjunto de informações relativas ao que se realizou ou se solicita que seja feito. OBJETIVO: Analisar a comparação entre as aplicabilidades dos métodos SOAP e tradicional de registro em prontuário na perspectiva dos estudantes no internato em Medicina de Família e Comunidade (MFC) de uma Universidade federal mineira. METODOLOGIA: Tratou-se de um estudo transversal em que estudantes ao final do curso do internato de APS responderam a um questionário semi-estruturado, autoaplicado, sobre a aplicabilidade do SOAP e do método tradicional no âmbito da prática em MFC na APS. Nesse contexto, os alunos refletiram acerca de algumas afirmativas e assinalaram uma das três opções: SOAP, tradicional ou ambos são equivalentes nesse aspecto. Houve, ainda, uma questão aberta acerca das vantagens e desvantagens do SOAP na opinião do participante. RESULTADOS: A maior parte dos 86 alunos entrevistados referiu que o método SOAP permite melhor organização das informações durante a consulta (50,0%), longitudinalidade e continuidade do cuidado (61,6%) e melhor identificação da sequência de eventos ocorridos com o paciente (62,8%), em comparação ao método tradicional. Quanto à localização de informações no prontuário, 47,6% dos entrevistados preferiram o SOAP e 45,3% optaram pelo tradicional. As principais vantagens do SOAP citadas pelos participantes foram: dinamicidade, fluidez durante a consulta e sinteticidade. Como pontos negativos, os discentes mencionaram: falta de contato com esse recurso em sala de aula durante a graduação, dificuldade para relatar histórias familiar e patológica pregressa e a variação de regras, a depender do preceptor, sobre os conceitos do SOAP. CONCLUSÃO: A maior parcela dos internos preferiu o método SOAP ao tradicional. O SOAP, segundo os alunos, constitui-se uma importante ferramenta que consolida atributos da APS, como a longitudinalidade. Sugere-se a ampliação da abordagem sobre o SOAP na graduação e nas ações de educação permanente na prática da APS no território analisado, a fim de superar as dificuldades identificadas.