INTRODUÇÃO: sob a perspectiva da integralidade como um paradigma científico, compreendida em suas dimensões biopsicossociais, a assistência integral orienta um modelo de cuidado com foco na totalidade da pessoa. No âmbito da Atenção Primária à Saúde (APS), para que os médicos de família e comunidade realizem essa abordagem do indivíduo como um todo, não basta somente formação técnica, é necessário também aptidões designadas por soft skills (SKs). Esse conjunto de competências engloba habilidades como capacidades de comunicação assertiva, cooperação, negociação, resolução de problemas, tomada de decisões, pensamento crítico, autoavaliação, análise de consequências, controle emocional, empatia, dentre outras. Todas elas podem se refletir no contexto do exame clínico, na relação médico-paciente, na interação com os membros da equipe de profissionais de saúde e na performance laboral. OBJETIVO: o propósito do presente trabalho é, a partir de uma revisão narrativa da literatura, conceitualizar as SKs e abordar as consequências do emprego dessas técnicas no cenário da APS. METODOLOGIA: para seleção dos artigos, foi realizada pesquisa dos termos "comprehensive health care", "integrality in health", "Primary Health Care" e “soft skills”, nas bases de dados Google Acadêmico e MEDLINE. Posteriormente, os estudos selecionados foram examinados e interpretados, enfocando-se em aspectos como a definição da nomenclatura e o desfecho dessas habilidades nas atividades desempenhadas na APS e na prática da Medicina de Família e Comunidade. RESULTADOS: conforme a bibliografia analisada, as SKs são definidas como o conjunto adquirido de competências socioemocionais relacionadas à interação adaptativa entre as pessoas e, no contexto laboral, a uma postura de profissionalismo. Elas são capazes de otimizar o diálogo entre médicos e pacientes, favorecendo o vínculo terapêutico e servindo de ferramenta para a abordagem do indivíduo como um todo. CONCLUSÃO: apesar da literatura escassa, pode-se afirmar que, notadamente na APS, as SKs podem contribuir na instrumentalização dos médicos de família e comunidade para oferta de um cuidado integral aos pacientes, além de melhorar o relacionamento com os demais membros da equipe assistencial. Como o ensino dessas competências não costuma fazer parte da educação médica tradicional, atividades capacitantes, como as que se baseiam na teoria da aprendizagem social, são necessárias para propiciar a aquisição desses importantes recursos de abordagem. Desse modo, tais profissionais poderiam empregar técnicas de SKs de forma eficiente e coerente com o paradigma da integralidade biopsicossocial.