INTRODUÇÃO: Doenças crônicas e complexas (DCC), como as doenças raras, caracterizam-se por adoecimento de longa duração associado a diagnóstico e assistência que requerem saberes diversos e complexos. Geralmente, essas condições exigem um cuidado constante, muitas vezes desempenhado informalmente por um membro familiar. A partir do diagnóstico da DCC, sujeito e família se tornam vulneráveis ao serem afetados pelos determinantes sociais de saúde. Neste cenário, a atenção primária em saúde (APS) por estar estrategicamente posicionada na Rede de Atenção à Saúde (RAS) do Sistema Único de Saúde (SUS) tem como missão realizar uma abordagem familiar e coordenar o cuidado em saúde desses indivíduos. OBJETIVO: Clarificar e discutir acerca dos determinantes de saúde que afetam os cuidadores de pessoas com DCC e o papel da APS na abordagem dos cuidadores e nas estratégias para promoção da saúde desses indivíduos. METODOLOGIA: Revisão integrativa sobre agravos de saúde e sociais oriundos do adoecimento dos cuidadores de pessoas com DCC considerando recorte de gênero e o papel da APS neste contexto. DESENVOLVIMENTO: As mulheres geralmente desempenham a tarefa principal de cuidadoras informais na DCC e representa uma sociedade que vê o cuidado como tarefa moral e afetiva do sexo feminino. Além do cuidar, recai sobre essa mulher responsabilidades domésticas e seculares nem sempre reconhecidas, reflexo da estrutura política e cultural. Isso a torna suscetível ao adoecimento, portanto, quem presta o cuidado é tão única quanto aquele que é cuidado. A DCC gera mudanças familiares e há frequentes relatos dos cuidadores de sentimento de culpa/responsabilização, seguidos de sintomas físicos e transtornos depressivos e de ansiedade com prognóstico desafiador. Logo, o papel da APS nesse contexto requer uma equipe multiprofissional e proximidade do ambiente desses indivíduos, para avaliar múltiplos determinantes de saúde/doença. A APS deve ter estratégias de inclusão e cuidado centrado no paciente/comunidade, ao delinear cuidados que interliguem saberes até a atenção terciária. Vulnerabilidades individual e familiar devem direcionar a equipe da APS a condutas e tecnologias específicas ao definir demandas singulares no tratamento, na promoção da saúde e na redução de danos e de sofrimentos. CONCLUSÃO: A promoção da saúde das pessoas com DCC e de seus cuidadores é uma tarefa desafiadora, porém capaz de criar possibilidades e, consequentemente, bem-estar. Logo, avançar na produção de dados sobre os cuidadores, que possibilitem a criação e fortalecimento de práticas exitosas em saúde, consolida-se como um caminho necessário para a melhoria de vida da sociedade.