INTRODUÇÃO: As doenças cardiovasculares são causa importante de morbimortalidade no Brasil. Dentre seus fatores de risco, destacam-se a Hipertensão Arterial Sistêmica e o Diabetes Mellitus. Nessa perspectiva, foram desenvolvidos escores de risco para identificação e prevenção das doenças cardiovasculares e estimativa da probabilidade de ocorrência de agravos em 10 anos. No Brasil, a ferramenta considerada padrão-ouro é o Escore de Risco Global de Framingham (ERG). Entretanto, seu uso é limitado pela necessidade de exames séricos de colesterol para a estratificação do risco. Assim, estratégias vinculadas à Organização Mundial de Saúde (OMS) vêm propondo modelos que substituam esse dado sérico pelo Índice de Massa Corporal (IMC). Destaca-se a calculadora HEARTS, desenvolvida dentro da estratégia “HEARTS nas Américas” e voltada para a prevenção no âmbito da Atenção Primária à Saúde (APS).
OBJETIVO: Relatar experiências do Projeto “CardioRisco” em relação ao trabalho no manejo do ERG e da HEARTS na estratificação do RCV na APS.
DESCRIÇÃO DA EXPERIÊNCIA: O público-alvo do projeto foi pacientes hipertensos e/ou diabéticos, entre 40 e 74 anos, atendidos em alguma das 10 Unidades Básicas de Saúde (UBS) urbanas da APS de São João del-Rei. Os pacientes deveriam apresentar exames séricos de colesterol datados há, no máximo, um ano, e fornecerem informações gerais e clínicas considerando as exigências de cada instrumento. Durante a coleta padronizada dos dados nas UBS selecionadas, em um período de um ano, obteve-se 89 pacientes.
RESULTADOS: Observou-se uma amostra, em sua maioria, feminina (68,5%), pessoas com mais de 60 (50,5%), não tabagistas (88,75%) e com valores de IMC elevados (74%). A abordagem direta com os pacientes durante a coleta de dados demonstrou uma população pouco esclarecida acerca do conceito de RCV e do papel desse escore na orientação das condutas em saúde. Além disso, a obtenção de exames de colesterol atualizados foi um fator dificultador no manejo do ERG dentro da APS durante o período da pesquisa. Em contrapartida, a possibilidade de substituição do dado sérico pelo valor do IMC, adotado por HEARTS, proporcionou uma ampliação na abordagem dos pesquisadores com os cidadãos.
CONCLUSÃO: O estudo demonstrou que a simplificação dos instrumentos de estratificação do RCV são relevantes para aumentar sua aplicabilidade dentro da UBS. Assim, a realização de estudos locais é importante a fim de se criar instrumentos efetivos de cálculo do RCV que levem em consideração a realidade da APS brasileira e que melhorem a eficácia das intervenções de saúde pública no país.