Introdução: O que Narrativa e Medicina têm em comum? Ouvir histórias, fazer perguntas, entender os significados, reconhecer sinais e sintomas, estar atento aos detalhes e às entrelinhas, organizar e sintetizar a história para, então, recontá-la. A Medicina Narrativa é um campo que valoriza, reconhece, interpreta e se sensibiliza com experiências individuais e coletivas de maneira contextualizada e busca compreender as histórias e seus atravessamentos na prática clínica. Nesse sentido, o estudo de narrativas, seja por relatos de caso, prontuários, histórias de pacientes e familiares e até mesmo livros literários parecem contribuir no desenvolvimento de estudantes com competências éticas e técnicas para prover cuidado à saúde. Objetivo: Identificar e analisar efeitos da leitura de textos literários na formação de estudantes de medicina. Descrição da experiência: Em 2023, estudantes de Medicina da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais construíram um Grupo de Leitura com reuniões mensais para discutir livros literários com temas socioculturais. Cada participante escolheu uma obra lida naquele contexto para redigir textos narrativos conectando-os à Medicina, buscando trançar três histórias e três experiências. Resultados: Foram escolhidos três livros. "O Quinze" analisa a vulnerabilidade social, que indica como as pessoas estão mais suscetíveis ao adoecimento, apesar dos esforços individuais e como os determinantes sociais afetam as condições de saúde de pessoas e populações. “Memórias da água” introduz a temática acerca da saúde planetária, que está emergindo como um campo de estudo transdisciplinar e descreve as interconexões entre distúrbios provocados pela atividade humana no meio ambiente e os impactos destas ações na saúde mundial. “A trança” evoca reflexões de como o cuidado em saúde precisa ser atravessado pelo conceito de competência cultural a partir da diversidade de identidades, dependendo de como profissionais estão dispostos a reconhecê-las e valorizá-las. Nas análises das afetações pessoais após as leituras, as estudantes perceberam: a educação como porta para ampliar possibilidades de escolhas de vida; as relações entre medicina e morte; e debates acerca das desigualdades de gênero. Conclusão: A integração da arte com a práxis médica possibilita a construção de uma medicina mais ética e atenta às narrativas que cruzam o cotidiano da clínica. A Literatura permite explorar a complexidade da condição humana e o desenvolvimento de uma comunicação clínica pautada pelo exercício reflexivo sobre a experiência de sofrimento dos sujeitos que buscam o cuidado integral.