Introdução
Segundo as Diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes 2019-2020, espera-se que 20,3 milhões de brasileiros sejam portadores de diabetes mellitus em 2045. A persistência da diabetes como uma das principais doenças crônicas no país indica a necessidade da promoção de saúde e da prevenção de comorbidades. Entre estas, destaca-se a neuropatia e a retinopatia diabética, em que a hiperglicemia crônica mal controlada leva ao comprometimento vascular, nervoso e histológico sistêmico. Pelos princípios fisiopatológicos, surge a necessidade de elucidar a provável associação entre o sistema vestibulococlear e a diabetes mellitus (DM).
Objetivo
Compreender a relação entre diabetes mellitus e a perda auditiva e vestibulopatia periférica.
Metodologia
Trata-se de uma revisão sistemática de literatura com base no protocolo PRISMA, buscando estudos observacionais e ensaios clínicos randomizados nas bases de dados Pubmed e Scielo, entre 2014 e 2024. Foram utilizados os descritores: Diabetes Mellitus e Hearing Loss, aplicando o operador booleano AND. Foram excluídos os artigos de revisão, relatos de caso e trabalhos em que os resumos não contenham os dois descritos mesh.
Resultados
Ao todo foram encontrados 41 artigos, 34 artigos foram selecionados. Albernaz, em 2015, relatou que as diferenças na concentração de glicose e insulina no sangue afetam a estrutura química da endolinfa, prejudicando a homeostase da cóclea e do sistema vestibular. Muitos pacientes neste estudo relataram sintomas como zumbido, tontura, vertigem e intolerância a sons altos. Em 2016, Ferreira at el analisaram 152 participantes com DM do tipo 2, sendo observada em 63,2% da amostra a perda auditiva neurossensorial com predomínio bilateral e simétrico. Ackay et al, em 2022, demonstrou que houve um aumento do tempo de resposta no teste BERA (brainstem auditory evoked potential) em ratos diabéticos, além da diminuição da relação sinal ruído (SNR) nas frequências de 4000, 6000, 8000 e 10.000 Hz. Entretanto, Samelli et al, em 2017, demonstraram, em modelos de regressão ajustado, que não há diferença significativa entre diabéticos e não diabéticos quanto à perda auditiva.
Conclusões
Há evidências de que a diabetes mellitus está relacionada com a deficiência auditiva e vestibulopatia periférica. No entanto, outros fatores estão relacionados ao quadro clínico, como idade avançada, tempo de diagnóstico de DM e hipertensão. São necessários mais estudos em relação a essa associação devido a existência de artigos conflitantes e a necessidade de prevenção desta e de outras comorbidades da DM.