Introdução: A sífilis adquirida, uma infecção sexualmente transmissível (IST) causada pela bactéria Treponema pallidum, representa um desafio global de saúde pública dada a sua transmissão eficaz e potenciais complicações graves, como distúrbios visuais, no sistema nervoso e cardiovascular. A maior parte dos infectados são assintomáticos, o que favorece a disseminação da doença. No Brasil, as taxas de prevalência são preocupantes, especialmente entre grupos vulneráveis, o que justifica a implantação da notificação compulsória da sífilis adquirida desde 2010. Essa medida visa o monitoramento e a compreensão da prevalência da doença para implantação de medidas públicas. Objetivo: Investigar os dados epidemiológicos de casos de sífilis adquirida, em Minas Gerais (MG), no período de 2018 a 2022. Metodologia: Trata-se de uma análise retrospectiva, longitudinal e descritiva que utilizou dados do Sistema de Informação de Agravos e Notificação (SINAN) e consiste na coleta de informações acerca dos casos notificados, faixa etária, sexo, raça, evolução e região de saúde notificada. Os dados foram armazenados no Google Sheets, para análise e identificação de padrões epidemiológicos. Resultados: De 2018 a 2022, o SINAN notificou 78.202 casos de sífilis adquirida, em MG. Destes, 46.611 (59,60%) ocorreram em adultos jovens (20 - 39 anos) e 17.397 (22,25%) na faixa etária de 40 - 59 anos. Com relação à raça, 48,8% dos casos foram em pardos, seguidos por 21.138 (27,03%) em brancos. Acerca do sexo, aproximadamente 1,68 mais homens foram acometidos do que as mulheres, sendo que em 66,08% a doença evoluiu à cura, mas houve 38 mortes em função da sífilis. Em MG, as regiões de saúde mais acometidas foram Belo Horizonte (24.482), Juiz de Fora (4.524) e Contagem (3.118), já as menos, foram Salinas (29), Brasília de Minas (21) e Coração de Jesus (10). Durante o período, houve 42,72% de aumento entre os anos extremos, além de considerável redução entre os anos de 2019 e 2020 (18,46%). Conclusão: A análise revela um aumento alarmante dos casos de sífilis, em MG, e consolida um perfil epidemiológico consistente com a literatura, caracterizado por homens jovens pardos como grupo de maior vulnerabilidade. Apesar da sífilis ser uma doença facilmente tratável, observa-se uma baixa adesão ao tratamento, refletida pelo índice reduzido de pacientes curados. Essa realidade enfatiza a urgência de intensificar esforços na promoção do acesso aos serviços de saúde, educação em saúde e campanhas de conscientização, para combater a sífilis, prevenir complicações e interromper a transmissão.