Introdução: As Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs) do Curso de Graduação em Medicina, implementadas em 2014, exigem que pelo menos 30% da carga horária dos estágios curriculares obrigatórios em regime de internato ocorram na Atenção Primária à Saúde (APS). A integração das instituições de ensino e pesquisa com os serviços de saúde do Sistema Único de Saúde (SUS), com ênfase na APS, é uma ferramenta de aprendizagem que capacita os estudantes de acordo com os princípios e diretrizes do SUS, promovendo a sustentabilidade institucional ao prepará-los para atuar em conformidade com a comunidade local e aprimorar o sistema de saúde.
Objetivo: Avaliar como o tripé de ensino-serviço-comunidade tem se aplicado na educação médica no contexto da APS como cenário de aprendizado.
Metodologia: Trata-se de revisão narrativa, desenvolvida pela pesquisa dos descritores “Integração ensino-serviço-comunidade AND Atenção Primária à Saúde" nas bases de dados da SciELO e PUBMED. O critério de inclusão foi a leitura dos títulos e resumos, com exclusão de trabalhos duplicados, não disponíveis na íntegra e fora das temáticas da pesquisa. Os resultados foram analisados de forma independente por dois revisores, resultando em 7 artigos elegíveis.
Resultados: O ensino fundamentado na comunidade que se utiliza da inserção acadêmica em diversos cenários de ensino-aprendizagem, para proporcionar a formação de um profissional de atuação alinhada a com a realidade social e cultural bem como aos princípios e diretrizes do seu sistema de saúde. Nesse contexto a APS é, potencialmente, espaço de formação, lócus de atuação de sujeitos singulares e territórios vivos. Assim a aplicação de uma estratégia de aprendizagem baseada na experiência problematizadora dentro do serviço, leva a um amadurecimento profissional e o desenvolvimento de capacidades interpessoais como a escuta qualificada, a adequação de linguagem, bem como habilidades organizativas como a capacidade de gestão na Rede de Atenção à Saúde. Contudo, a formação com base em currículos integrados ensino-serviço-comunidade apesar de preconizada nas DCNs, ainda coexistem com o modelo de formação tradicional, e sua relevância na mudança das práticas profissionais ainda não é amplamente reconhecida pelos profissionais e entidades médicas.
Conclusões: A formação acadêmica pautada no tripé de ensino-serviço-comunidade, que prioriza a inserção precoce dos graduandos nos serviços de atenção básica gera uma sustentabilidade institucional, formando futuros profissionais capacitados a atuar de forma resolutiva e eficaz no sistema, o que leva a um fortalecimento da APS.