Introdução: A Gordofobia define-se como a exclusão de pessoas gordas à espaços e serviços. O atendimento pré-natal nas UBSs é recorrente, que devem prestar assistência em casos de baixa complexidade e fornecer a estrutura necessária para o atendimento. É fato que o acompanhamento pré-natal é fundamental para detecção de possíveis intercorrências e o seu sucesso depende de observações minuciosas tanto na anamnese quanto nos exames complementares e físicos, como a medida do peso e pressão arterial – com a escolha de um manguito adequado para a circunferência do braço, posicionado no local correto.
Objetivo: Relatar uma experiência de gordofobia vivida em uma consulta ambulatorial de pré-natal na APS no ano de 2023 e refletir sobre os pontos falhos no atendimento integral e sem preconceitos.
Descrição da experiência: No acontecimento, a equipe se deparou com problemas de infraestrutura que comprometeram o atendimento e causaram constrangimento à gestante, sobretudo devido ao fato da balança da UBS não medir a partir de 150 kg, peso inferior ao da paciente, e ao esfigmomanômetro disponível, na largura adequada, apresentar problemas de fechamento no velcro, o que impossibilitou o seu uso. Ciente da situação que vinha ocorrendo em consultas anteriores, a paciente se pesou em outro lugar e informou o seu peso à equipe, enquanto a pressão arterial foi aferida com um manguito padrão, em seu antebraço. Sendo assim, nota-se que as duas informações, peso e PA, têm um baixo índice de confiabilidade, o que faz com que intercorrências gestacionais possam ser subnotificadas. Além disso, houve desconforto ao fazer uso da maca e da cadeira do consultório, que não estavam em plenas condições de cuidado e se mostraram frágeis.
Resultados: Na situação em questão, a equipe se questionou sobre como o acesso à saúde de gestantes obesas diz além de apenas chegar ao consultório, se fazendo necessário a garantia de instrumentos para um atendimento completo e cuidadoso. Diante disso, observou-se que trata-se de uma situação de Gordofobia na APS, principalmente porque essa situação resultou em uma qualidade inferior do seu atendimento, o que pode comprometer a sua saúde materno-fetal, mental e física.
Hipóteses: Esse cenário pode impactar negativamente na assiduidade de mulheres gordas nas consultas pré natal. Dessa forma, o relato reflete sobre a qualidade do atendimento e a necessidade de se equipar as UBS para que se possa garantir o acesso à saúde de forma adequada a todas as pessoas.
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