INTRODUÇÃO: O hábito de buscar na internet informações sobre saúde tem se tornado cada vez mais frequente. Entretanto, a veracidade dos dados obtidos pelos pacientes nem sempre são comprovadas, o que corrobora para a disseminação de informações falsas. Essa realidade também chamada de infodemia - termo criado em 2003 pelo jornalista David Rothkopf para se referenciar aos dados desproporcionais à realidade transmitidos rapidamente - foi reconhecida pela Organização Mundial da Saúde como uma questão de saúde pública em 2020, levando à convocação da 1ª Conferência de Infodemiologia. OBJETIVO: Descrever o relato de experiência de um grupo de acadêmicos do primeiro período de medicina de uma universidade federal do centro oeste mineiro, onde a infodemia foi identificada em um atendimento ao paciente. RELATO DE EXPERIÊNCIA: Durante uma prática de extensão acadêmica, discentes realizaram visita domiciliar e aferição de pressão arterial em pacientes com diagnóstico prévio de hipertensão. Em uma dessas visitas, uma paciente apresentou pressão arterial 160x100 mmHg, um sinal de alerta para a equipe. Ao ser questionada se havia tomado o medicamento para a hipertensão prescrito pelo médico, a paciente relatou que não o tomava havia 2 meses após ver nas redes sociais que o fármaco fazia mal e causava outras doenças. Explicando a importância do medicamento para normalizar a pressão arterial e evitar complicações cardiovasculares, a paciente demonstrou desconfiança e insistiu que o medicamento não a ajudava e sim trazia malefícios, como dito pela informação obtida na rede social. A paciente foi orientada a procurar o seu médico para esclarecer dúvidas e observar a presença ou não de sintomas que indicassem necessidade de atendimento médico imediato. Não apenas neste, mas em outros atendimentos da disciplina Prática de Integração Ensino, Serviço e Comunidade (PIESC), pode-se perceber como a infodemia afeta de forma negativa a adesão e continuidade de tratamento por parte dos pacientes. CONCLUSÃO: Nesse contexto, o acesso indiscriminado a informações de saúde, muitas vezes inverídicas, dificultam a promoção da saúde e o tratamento dos pacientes, podendo trazer graves consequências à vida, à saúde e ao bem-estar. Além disso, é importante considerar o hábito frequente dos pacientes de buscar informações sobre saúde na internet como uma questão de saúde pública, evocando a importância da Atenção Primária à Saúde promover e abrir espaço, dentro e fora dos consultórios, para o acesso a dados verídicos e legítimos sobre saúde.