INTRODUÇÃO: As Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Medicina preconizam a capacidade de diagnóstico, prognóstico e conduta terapêutica nas doenças que acometem o ser humano em todas as fases dociclo biológico. É importante salientar que o número de indivíduos na terceira idade tem aumentado consideravelmente, devido a maior expectativa de vida nacional. OBJETIVO: Descrever a perspectiva de estudantes acerca do desenvolvimento de competências para assistência do paciente idoso no internato de Medicina de Família e Comunidade (MFC) de uma universidade federal mineira. METODOLOGIA: Tratou-se de um estudo transversal, em que 86 estudantes de Medicina foram entrevistados após cursarem o internato em MFC. Foi autoaplicado um questionário semi-estruturado acerca da progressão de competências para o cuidado com idosos, pontos positivos e dificuldades enfrentadas. RESULTADOS: Os discentes referiram o desenvolvimento da capacidade de acolher de forma humanizada a pessoa idosa na Atenção Primária à Saúde (APS). Houve progressão na habilidade para avaliar o idoso de forma global, incluindo-se: nutrição e alimentação; acuidade visual e auditiva; incontinência urinária; sexualidade; vacinação; avaliação cognitiva; depressão geriátrica; mobilidade; quedas; e violência intrafamiliar e maus tratos. Ademais, os estudantes sentiram-se mais capacitados para o acompanhamento das doenças crônicas na terceira idade, como hipertensão arterial sistêmica, diabetes mellitus, dislipidemias, doença renal crônica e doença pulmonar obstrutiva crônica. Os internos referiram a melhor capacidade de avaliar polifarmácia e desmedicalização, além do desenvolvimento das competências dialógica e cultural, mediante interação com os pacientes e seus familiares. Houve, ainda, aplicação e aprendizado de ferramentas de abordagem familiar, como o genograma e ecomapa, nos momentos em que os discentes precisavam entender a dinâmica familiar das pessoas atendidas e acionar rede de apoio. Conforme os participantes, cuidar da pessoa idosa consolida a coordenação do cuidado, importante atributo da APS, posto que muitos desses pacientes acessam vários pontos da rede de atenção à saúde devido a multimorbidades. No que concerne aos pontos a serem aperfeiçoados, os discentes contaram acerca da dificuldade de comunicar notícias difíceis, como diagnósticos graves ou assuntos considerados sensíveis para o paciente, familiares ou para o próprio interno. CONCLUSÃO: O internato de MFC contribuiu para o desenvolvimento de habilidades e competências aplicadas ao cuidado da pessoa idosa, bem como para ampliação da perspectiva do cuidado centrado na pessoa.