INTRODUÇÃO
A esquistossomose, doença infecciosa com impacto global, tem o Brasil como importante sítio de distribuição, devido ao elevado número de indivíduos acometidos e a evolução desfavorável em alguns casos. Causada pelo trematódeo Schistosoma mansoni, possui manifestações clínicas variáveis, fato que torna o diagnóstico precoce um desafio na atenção primária.
OBJETIVO
Relatar as manifestações clínicas da forma crônica da esquistossomose e seu manejo na atenção primária.
DESCRIÇÃO EXPERIÊNCIA
Paciente do sexo masculino, 54 anos, cardiopata grave, etilista, trabalhador rural, compareceu à unidade de saúde com queixa de edema em membros inferiores, aumento do volume abdominal e icterícia. Ao exame físico, turgência jugular, abdome ascítico com sinal do piparote positivo, tenso, maciço em região de hipocôndrio direito e epigástrio, com hepatomegalia e sem sinais de irritação peritoneal. Foram solicitados exames laboratoriais e USG de abdominal total, que evidenciaram: hepatopatia crônica fibrosante associada a hipertensão portal caracterizada por esplenomegalia leve e ascite moderada, associado a uma queda hematimétrica, alterações de enzimas hepáticas (Fosfatase Alcalina 353 e Gama GT 280), sorologia positiva para Esquistossomose e exame parasitológico de fezes pelo método Kato-Katz reagente. Foi prescrito Praziquantel 50 mg/kg dose única e otimizado furosemida. No retorno, após tratamento, notou-se perda ponderal importante 10kg, com diminuição do volume abdominal e melhora do edema em MMII.
RESULTADOS
A esquistossomose se manifesta clinicamente em fase aguda, crônica e complicada. Na fase crônica, como o caso descrito, o acometimento hepático leva a hipertensão portal, icterícia e esplenomegalia. O diagnóstico é feito a partir de anamnese e exame físico detalhado, somado a métodos laboratoriais e de imagem. Dentre os métodos, o padrão ouro é feito pelo exame coproparasitológico, utilizando técnica de Kato-Katz, detecta quantitativamente a presença de ovos e parasitas nas fezes do indivíduo. O ultrassom de abdome informa presença de líquido livre, tamanho do fígado e do baço, além do calibre de vasos portais. O início do tratamento é feito após avaliar condições clínicas do paciente e as contra indicações do fármaco de escolha sendo, na fase crônica, o Praziquantel ou Oxamniquina, em dose única.
CONCLUSÕES
Por se tratar de uma doença de impacto epidemiológico no Brasil e apresentar manifestações clínicas que comprometem a integridade do paciente, a atenção primária à saúde exerce papel fundamental no prognóstico da doença, ao realizar o diagnóstico e tratamento assertivo, impedindo a evolução do quadro para fase complicada e, consequentemente, redução da taxa de mortalidade.